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Crítica | Dragon Ball GT – Saga 01: Viagem pelo Universo

por Guilherme Coral
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estrelas 2,5

Continuação de Dragon Ball Z e o único dos animes da franquia não baseado no mangá original, Dragon Ball GT (uma abreviação de Grand Tour) foi produzido também pela Toei Animation e lançado originalmente uma semana após o término da série anterior. O anime contou com uma pequena participação de Akira Toriyama, que elaborou o design dos personagens principais e outros elementos de destaque, como a nave utilizada por Goku, Trunks e Pan em sua viagem pelo espaço.

Há um grande debate sobre a inclusão de GT dentro do cânone de Dragon Ballcom muitos fãs não considerando esse como material canônico, o próprio autor, contudo, demonstra uma postura receptiva em relação ao desenho, ao passo que elaborou diversas artes conceituais para o produto além de ter desenhado algumas das ilustrações dos boxes de DVDs do anime. Segundo entrevistas, Toriyama considera DBGT como uma história paralela, uma “missão extra” dentro do amplo cenário de Dragon Ball, algo que perfeitamente se encaixa dentro da proposta do término do mangá, com um final aberto que deixa mais do que claro que as aventuras de Goku e seus amigos continuaram após a derrota de Majin Buu.

É evidente que grande parte do receio dos fãs em relação ao anime se dá em virtude da sua volta às origens. O tom de Dragon Ball Z é deixado, nesta primeira saga, de lado e voltamos lá para o arco do Treinamento de Son Goku, quando ele e Bulma se aventuraram em busca das Esferas do Dragão. Para solidificar essa escolha narrativa a Toei fez a ousada escolha de transformar Goku novamente em criança. Pilaf e seus comparsas invadem o templo de Kami-sama, onde encontram antigas Esferas com estrelas negras. Ao invocarem Shenlong eles pedem, acidentalmente, para que o seu velho inimigo regresse à infância. O choque de todos é imediato, menos o do próprio Goku, que parece não se importar.

Com isso o elemento do humor se instaura rapidamente com a personalidade ingênua e inocente do protagonista ganhando o palco central, provocando certeiras risadas no espectador. A sensação de nostalgia que logo vem nos acerta em cheio, especialmente quando nos deparamos com os velhos personagens de DB e DBZ. A comédia, porém, dá lugar à tensão quando descobrimos que as tais Esferas precisam ser encontradas dentro de um ano, caso contrário a Terra será destruída – o agravante é que essas, diferente das normais, se espalham por todo o universo e não somente pela Terra. Goku, sua neta Pan e Trunks, então, partem em uma viagem, encontrando a cada episódio diferentes desafios.

A volta desse caráter de aventura, quando comparado a DBZ pode transmitir a sensação de que se trata de um grande filler – isso, contudo, é um grave erro de observação, tendo em vista a intenção da Toei em resgatar as origens da franquia. A fuga do tom mais adulto encontrado no anime anterior, todavia, gera alguns problemas de construção de personagem, em especial Trunks, que nem de perto é o que ele era quando criança. A desculpa dada é que o meio-saiyajin relaxou em seu treinamento, mas isso não chega a nos convencer inteiramente. Outro ponto marcante é a redução da quantidade de lutas, algo que certamente atinge em cheio aos fãs. Os poucos combates que fazem Goku usar uma porcentagem maior de seu poder são curtos e não contam com vilões significativos.

Entramos, portanto, em um aspecto crucial dentro dos defeitos dessa primeira saga: ela não conta com um vilão de destaque. Fora O Treinamento de Son Goku, todos os outros arcos narrativos da franquia contaram com um principal antagonista, que servia como elemento coesivo entre as diferentes subtramas e como uma crescente ameaça formada a cada capítulo. Ao estabelecer um paralelo com a primeira saga da franquia, Dragon Ball GT assume um caráter de introdução que não flui como deveria, por se tratar de um anime-continuação. Esse fator cria uma dificuldade para o anime por não nos oferecer uma linha narrativa engajante, que nos prenda de episódio em episódio, ampliando a sensação já citada de que se trata de um grande filler.

Atuando a favor da série temos a presença de diversos arcos dentro da primeira saga, alguns que evidentemente nos recordam das aventuras iniciais de Goku. O culto de Luud é o mais significativo desses e já abre o palco para a segunda saga do anime, que dá continuidade à busca pelas Esferas do Dragão. Outro ponto positivo é um maior destaque à uma personagem feminina, algo que não víamos desde Dragon Ball – Pan, certamente, foi uma ótima adição ao universo de Toriyama.

Viagem pelo Universo é uma saga que tem um grande legado para manter, mas que acaba soando despretensiosa pela forma como resgata o tom inicial da franquia. Embora ofereça boas risadas não conta com o espírito do humor de Toriyama e acaba sendo, em grande parte, dispensável para o espectador. Infelizmente muito aquém do que esperávamos da continuação do desfecho épico de Dragon Ball Z.

Dragon Ball GT – Saga 01: Viagem pelo Universo (Japão, 1996)
Episódios: 1 – 16
Estúdio: Toei
Dubladores: Masako Nozawa, Takeshi Kusao, Yūko Minaguchi, Shinobu Satouchi, Hiromi Tsuru, Yūko Minaguchi
Duração: 20 min. (cada episódio)

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