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Crítica | Em Busca do Ouro

por Rafael W. Oliveira
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Diante de toda a sua extensa filmografia, Charles Chaplin sempre afirmou possuir um carinho especial por Em Busca do Ouro, que veio para matar as saudades dos admiradores do personagem O Vagabundo, talvez a persona mais popular já criada por Chaplin, e que ficou de fora de seu filme anterior, Casamento ou Luxo, o primeiro drama escrito e dirigido por Chaplin.

Em Em Busca do Ouro, Chaplin retoma o tom que acompanhou boa parte de suas obras, trazendo novamente um olhar que oscila entre a acidez, a sátira e a crítica mordaz aos valores sociais impostos pela sociedade na época. De fato, pode-se dizer que Em Busca do Ouro, apesar de não ser uma das melhores obras de Chaplin (embora carregue igual importância de outros títulos como Tempos Modernos e O Grande Ditador), é uma de suas realizações mais humanas, voltando seu olhar a uma das características que, na maioria das vezes, é negada pelo próprio ser humano: a ganância gerada pela ambição.

A história de Em Busca do Ouro é bem simples: o Vagabundo, assim como diversos garimpeiros, partem pelo Alaska em busca de um material precioso, o ouro. Mas após o grupo ser atingido por uma tempestade, o Vagabundo se perde dos demais e busca refúgio numa cabana, que já é habitada por Big Jim McKay (Mack Swain), um ex-bandido que também está em busca do ouro na região. Os dois começam a lutar pela sobrevivência em meio ao inverno nefasto, e durante essa aventura, o Vagabundo conhece e se apaixona Georgia (Georgia Hale).

Em Busca do Ouro talvez seja mais lembrado pelas icônicas cena protagonizadas por Chaplin, e que com o passar dos anos, se tornaram motivo de referência para o próprio Cinema: o bandido Big Jim tendo alucinações e imaginando o Vagabundo como um frango gigante e tentando mata-lo para saciar sua fome; os dois companheiros cozinhando um par de botas e devorando-as ferozmente; ou mesmo a inesquecível cena da dança dos pãezinhos, um momento agradabilíssimo de se ver e que encantou tanto as plateias da época, que certos cinemas exibiam somente a cena da dança para o público.

Mas em meio a todas estas gags típicas de seus filmes, Chaplin também consegue deixar clara a sua principal mensagem, que visa criticar o apego aos valores materiais, a miséria e a fome. Mas Chpalin é Chaplin, e mesmo diante de uma obra de cunho tão intimista, Chaplin consegue mais uma vez atingir a genialidade não apenas na inserção inteligente e eficaz do humor, como também deixa para o público um sentimento de que, apesar de todas as atribulações, fortes laços de amizades podem ser criados em meio aos problemas, e lá no fim do túnel, sempre irá existir uma ponta de esperança para todos. Assim, com êxito, Chaplin novamente vai além da mera proposta do gênero, e transforma Em Busca do Ouro em uma comédia atemporal, onde todo o apelo humano da obra se mantém irretocável até os dias de hoje.

Em Busca do Ouro (The Gold Rush, EUA, 1925)
Roteiro: Charles Chaplin
Direção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Henry Bergman, Mack Swain, Tom Murray, Malcom Waite, Georgia Hale
Duração: 96 min.

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