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Crítica | Empress

por Pedro Cunha
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Estamos em um universo que finge ser o nosso. Aqui, vemos naves espaciais, planetas e raças completamente diferentes daquilo que estamos acostumados a ver. No meio do desconhecido, encontramos uma mãe que quer livrar seus filhos de um terrível mal: um regime liderado por um tirano, que tem como maior objetivo no momento capturar as suas crianças. Não, o quadrinho que acabei de descrever não é Saga.

Na verdade essa é a trama principal de Empress, história em quadrinhos de Mark Millar, desenhada por Stuart Immonen, com arte final de Wade Grawbadger. Entretanto a obra de Millar está longe de ter a qualidade daquela escrita por Brian K. Vaughan.

Estamos bastante acostumados a sermos inseridos em universos desconhecidos, premissa mais do que comum no cinema e literatura. Apresentar, então, um mundo novo não exige muito trabalho, basta inserir na sua história algumas imagens com uma narração em off logo no início, que o receptor já se vê com carga o suficiente para prosseguir com a trama. Se a brevidade é algo aceito para os universos, não é para os personagens. Esses precisam ser explicados por completo e, se isso não acontece, aquele que lê, assiste ou ouve a obra, não se sente feliz com uma conquista, triste com uma derrota, não cria empatia em relação a esse personagem.

Dedicar pouco tempo para a apresentação dos personagens principais é o pior erro de Millar nessa primeira fase de Empress, característica que, aliás, encontramos na maioria das obras do autor, que não perde tempo fazendo com que o público sinta afeto pelos seus protagonistas. Em obras onde os tiros e explosões são protagonistas isso é até aceito, mas em narrativas em que temos uma mãe desesperada que só quer salvar seus filhos, a falta de profundidade deixa tudo muito vazio.

O sucesso de Mark Millar em suas obras é devido ao estilo de quadrinho que ele faz. Se fosse cinema o roteirista seria chamado de diretor pipoca. Suas narrativas são descompromissadas, de fácil entendimento e tendo como única regra ter várias páginas dedicadas à ação em todas as edições, isso faz com que a leitura seja rápida, fator excelente para aqueles que gostam de ler apenas quadrinhos mensais. A falta de diálogo se torna mais evidente quando Millar tenta escrever algo um pouco mais profundo, Empress dedica páginas sem falas para vermos um momento épico, quando na verdade tinha que dedicar essas mesmas páginas a falas.

A unidimensionalidade da obra de Millar torna difícil a vida do leitor, pois, quando começamos a ler um quadrinho escrito pelo roteirista, já sabemos o que vamos encontrar, quando a cobrança é pouca, ela fica mais fácil de ser buscada e quando ela é alcançada o público já fica satisfeito. Empress não nasceu para ser grande e está longe disso, mas também está longe de ser uma aventura ruim.

Os desenhos de Stuart Immonen e Wade von Grawbadger são bem competentes. Vemos em todo o quadrinho uma formatação de quadros que se repete, explorando artifícios como quadros que sangram para outros e páginas com quatro painéis na horizontal. As splash pages também são um método muito bem explorado, elas encontram-se na medida certa durante todas as sete edições. Outro nome que merece ser mencionado é o de Ive Svorcina que faz um excelente trabalho nas cores do quadrinho.

Empress é um ótimo exemplo do que é Mark Millar, um roteirista que escreve ação e que é muito inteligente, pois se cerca de desenhistas muito bons como Stuart Immonen, Wade Grawbadger, John Romita Jr, Frank Quitely, Leinil Yu e Dave Gibbons. Se você gosta de quadrinhos descompromissados, sinta-se à vontade com Empress; porém, se você é um leitor que, assim como eu, quer ter a aventura, mas não quer abrir mão do desenvolvimento da trama e dos seus personagens, essa obra só será mais um quadrinho esquecível.

Empress — EUA, 2012
Roteiro: Mark Millar
Arte: Stuart Immonen, Wade von Grawbadger
Cores:  Ive Svorcina
Editora original: Icon Comics
Datas originais de publicação: 2016
Editora no Brasil: Não lançado no Brasil até a data de publicação da crítica
Páginas: 192 Páginas

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