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Crítica | Entre Abelhas

por Gisele Santos
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Quando você comprar seu ingresso para assistir Entre Abelhas no cinema saiba que você vai encontrar um filme bem diferente dos vídeos protagonizados por Fábio Porchat no canal Porta dos Fundos, fenômeno do recente humor brasileiro feito na Internet. Esqueça as esquetes engraçadas, esqueça o humor mais literal, você estará diante de um filme dramático, engraçado sim, tem os seus momentos mais cômicos, mas na maior parte do tempo vai te fazer sentir uma pena enorme de seu protagonista, e mais, vai fazer você sair do cinema achando que sim, Fábio Porchat sabe fazer drama.

Entre Abelhas é um filme bem intencionado. Está longe de ser uma obra-prima do cinema nacional (sim, o nosso cinema tem grandes títulos que merecem a nossa atenção), mas está anos-luz de comédias brasileiras que levam milhares ao cinema. Tem mais conteúdo, nos leva a alguma reflexão e só por isso já merece o nosso ingresso e a nossa admiração. Fábio Porchat é Bruno, um jovem carioca que acabou de se separar de Regina (Giovanna Lancellotti). Na noite da sua despedida de casado em uma boate da cidade alguma coisa acontece e ele passa a deixar de ver as pessoas na rua. Do nada o cara esbarra em gente que simplesmente ele não consegue enxergar. O drama é pontuado com uma trilha sonora acertada, que não compromete o filme como um todo, mas que às vezes nos leva a sentir ainda mais pena do problema vivenciado por Bruno. Sua mãe, a ótima Irene Ravache (uma das estrelas dessa crítica vai para a interpretação dela que é um presente para os espectadores) tenta de todo o jeito ajudar o filho a voltar a enxergar as pessoas. O mesmo vale para Davi (Marcos Veras, que é dono das cenas mais engraçadas do filme) que, apesar de não entender o problema não abandona o amigo quando a coisa realmente fica mais feia.

A direção de Ian Sbf (que é o responsável pelos vídeos do Porta dos Fundos) é convencional, sem grandes atrativos, mas de certa forma esse é um dos acertos do filme. O mesmo vale para a edição, linear e sem grandes novidades, mas que cumpre o seu papel de forma correta. O elenco é um dos pontos fortes de Entre Abelhas. Além da espetacular interpretação de Irene Ravache, o restante do elenco está bem. O fato de maioria dos atores saírem do Porta dos Fundos pode ter colaborado com essa química, que é visível no longa. A única peça que não se encaixa muito bem com o todo é mesmo Giovanna Lancellotti. Pode ser implicância minha, mas a atriz não convence como uma mulher separada está mais para uma adolescente que acabou de sair da casa dos pais.

O roteiro, escrito a quatro mãos por Porchat e Ian, estava na cabeça do ator há mais de dez anos. O argumento pode não ser uma novidade no cinema, mas leva o espectador a reflexões interessantes e temas que podem ser debatidos ao final da sessão. Mérito também para o final do longa que não usa de artifícios fáceis e convencionais para explicar tudo que acontece com o Bruno. O final é a cereja de um bolo que pode ser degustado sem medo. Não chega a ser aquela maravilhosa torta de chocolate com recheio e cobertura, mas está longe de ter um gosto amargo no final.

Entre Abelhas (idem, Brasil – 2015)
Direção: Ian Sbf
Duração: 100 minutos
Roteiro: Fábio Porchat e Ian Sbf
Elenco: Fábio Porchat, Irene Ravache, Marcos Vera, Marcelo Valle, Giovanna Lancellotti, Letícia Lima, Luis Lobianco, Silvio Matos

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