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Crítica | Esquadrão Suicida Vol. 2 (2001)

por Guilherme Coral
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estrelas 1,5

Nove anos após o desfecho do primeiro volume de Esquadrão Suicida, a equipe de vilões e anti-heróis da DC Comics ganha sua nova revista, seguindo os mesmos preceitos estabelecidos em 1987, porém com uma nova, ou melhor, umas novas formações. Digo isso pois esse vol. 2 faz uso preciso do caráter do grupo: são dispensáveis e a morte de cada integrante quer dizer apenas uma substituição imediata por outro desafortunado que teve um chip implantado em seu pescoço. A interessante ideia de fazer uso desse fator, porém, está rodeada por defeitos que tornam essa uma história mais que problemática.

A narrativa se inicia com um flashforward, mostrando uma formação do Esquadrão, aqui denominada força tarefa ômega, que simplesmente falha miseravelmente em sua missão, tendo todos os integrantes mortos de imediato. Demoramos a ver a relevância desse acontecimento, mas já nos é dada a dica de que nenhum personagem será perdoado nessa trama. A segunda edição nos leva para algumas semanas antes e acompanhamos uma espécie de recrutamento – curiosamente, o que vemos serem chamados para o serviço são apenas pessoas que atuam nos bastidores das operações, hackers e fornecedores de informação para os agentes de fato. Nenhum operativo de campo está presente nessas páginas iniciais.

Com isso Keith Giffen, roteirista da obra, já cria uma distância do leitor com os personagens descartados praticamente a cada edição, nos aproximamos mais do suporte deles, o que seria interessante não fosse o maior problema do roteiro: ele é extremamente confuso. A cada virada de página nos vemos diante de uma troca de foco ou uma elipse, ficamos perdidos, sem saber onde a história se situa. Complicando ainda mais a narrativa, temos diálogos mal-escritos, que buscam trazer uma fluidez cinematográfica aos quadrinhos, mas que não se preocupa em nada em situar o leitor, forçando-nos a reler cada página, dificultando a leitura e quebrando totalmente nossa imersão.

Não bastasse isso, a publicação segue por uma linha episódica, pautada nas diferentes missões que acompanhamos e cada edição traz mais problemas de entendimento para nós, visto que o salto temporal entre cada uma é ainda maior que o visto entre as páginas da obra. Alguns outros flashbacks são inseridos e não podemos deixar de nos perguntar sobre a relevância de cada um deles a não ser puro capricho do roteirista. São trechos que muito facilmente poderiam ter sido cortados e que somente trazem de positivo (pois a narrativa permanece confusa dentro deles) uma arte que se apoia nos traços dos antigos gibis a fim de nos situar em um período do passado.

Dito isso, a arte como um todo, felizmente, não deixa a desejar. O traço de Paco Medina coloca os personagens de forma bastante caricata, com mãos e pés grandes, ao mesmo tempo que oferece distintas características a cada um deles. Percebemos a autoria da arte aqui e as cores de John Kalisz apenas melhoram essa qualidade, trazendo uma paleta mais viva que mascara o tom fúnebre das missões, contribuindo para o humor negro do volume – ainda que este não chame muita nossa atenção em virtude dos deslizes constantes do roteiro, o que é curioso, pois Keith Giffen está longe de ser amador e nos traria, posteriormente, a saga da Marvel, Aniquilação, que demonstra uma qualidade infinitamente superior.

De curta duração, felizmente, o volume dois de Esquadrão Suicida estava fadado ao fracasso desde as primeiras edições. Temos aqui uma história que não consegue atrair o leitor em nenhum ponto, nos deixa perdidos e, consequentemente, desinteressados em continuar a leitura, visto que não conta com fluidez alguma. No fim, é tão dispensável quanto os membros da equipe que retrata.

Esquadrão Suicida Vol.2 #1 a 12 (Suicide Squad Vol.2 #1 -12) — EUA, novembro de 2001 a outubro de 2002
Roteiro: Keith Giffen
Arte: Paco Medina
Arte-final: Joe Sanchez
Cores: John Kalisz
Letras: Bill Oakley
Capas: Paco Medina, Joe Sanchez, John Kalisz

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