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Crítica | Fábulas: Vol. 8 – Lobos

por Ritter Fan
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estrelas 3

Obs: Há spoilers dos volumes anteriores, cujas críticas você pode ler aqui.

fabulas vol 8 lobos plano criticoAproximando-se do 50º número de Fábulas, um marco para qualquer publicação em quadrinhos, especialmente fora do mainstream, Bill Willingham acabou produzindo histórias boas, mas “enroladoras” justamente para permitir que o número marcante contivesse um momento especial na vida de seus personagens. O resultado é que o volume como um todo é composto de um mini-arco de apenas dois números (#48 e #49) intitulado apenas Lobos e que dá nome ao encadernado, um número especial (#50) que é continuação direta de Lobos e que se chama singelamente de Felizes para Sempre e, após, outro número de enrolação, com uma história semi-conectada com as demais, intitulada Grandes e Pequenos (#51). Além das histórias, o volume ainda conta com dois mapas, um da Cidade das Fábulas e outro da Fazenda e o roteiro de Bill Willingham para o número 50.

No final das contas, o 8º volume de Fábulas é menos do que a soma de suas partes, mas, ainda assim, uma leitura divertida. A nota acima, como de costume, é geral para o volume e não necessariamente uma média, enquanto que as notas abaixo são para cada arco ou one-shot.

Lobos

estrelas 3

É perfeitamente possível sentir que Bill Willingham precisou “esticar” essa história, criando um mini-arco de apenas dois números única e exclusivamente para que o 50º número da série contivesse algo realmente importante e marcante. Não o culpo, mas a história, com isso, sofre um pouco de repetição.

Nela, vemos Mogli, introduzido na narrativa no volume 6, Terra Natais, caçando Bigby Lobo mundo afora. Essa foi a missão que ele recebeu do Príncipe Encantado, agora prefeito da Cidade das Fábulas, em troca da libertação de Baguera, a pantera negra amiga do Menino Lobo que, tendo participado na revolução dos bichos que vimos no volume 2, permanece encarcerada na Fazenda. É necessário um lobo para caçar outro lobo e, ainda que Mogli não seja exatamente um como Bigby, ele foi criado por lobos, sendo o mais capaz de rastrear o filho do Sr. Norte. A lógica de Willingham é perfeita, tenho que admitir.

Mas, precisando transformar uma história que poderia ser contada no máximo em um número em um mini-arco, o autor acaba trazendo repetições temáticas que, ainda que não sejam desagradáveis, não acrescentam em nada ao que já sabemos. Mogli cansa de repetir que foi criado por lobos, que sabe falar a língua deles e nós o vemos tendo que se tornar o macho alfa de uma tribo perdida na Sibéria, tudo para conseguir informações sobre o paradeiro de Bigby. É uma leitura interessante, mas, como disse, nada especial.

E, quando ele finalmente encontra Bigby, o momento é completamente anti-climático e simplista, além de rápido e objetivo, algo que fere de morte todos os esforços anteriores de Mogli. A arte de Mark Buckingham, como de praxe, é linda, com traços característicos para cada personagem, além de ele saber muito bem equilibrar o espaço que tem. As sequências da luta de Mogli contra o macho-alfa da tribo da Sibéria e a vegetação do Alaska merecem especialmente destaque.

Felizes para Sempre

estrelas 4,5

Felizes para Sempre é a grande comemoração da chegada da série ao número 50. Um feito e tanto para qualquer obra em quadrinhos, especialmente não sendo de super-heróis.

E o número, com o dobro do tamanho normal, é dividido em diversos pequenos capítulos, contando efetivamente duas histórias. A primeira é a volta de Bigby para seus pares para cumprir uma perigosíssima missão de infiltração nas Terras Natais, especificamente na cabana de Gepeto, já revelado como o Adversário. É uma espécie de versão encurtada da épica missão do Garoto Azul em Terras Natais e que usa o famoso pé-de-feijão da lenda como fio condutor, algo que exige ainda a diplomacia e espionagem de Cinderela (lembram-se que ela foi revelada como espiã de Bigby em Cinderela Libertina, one-shot que abre o volume 5 de Fábulas?) e a ajuda dos gigantes do reino das nuvens.

Toda a construção e execução da missão de Bigby é digna de um filme de James Bond, com um resultado altamente satisfatório para os leitores da série. É, também, uma espécie de ponto de virada em todo o mega-arco de Willingham que desaguará em breve na Guerra das Fábulas.

A outra história contida em Felizes para Sempre é, claro, o casamento de Bigby com Branca de Neve, finalmente reunindo toda a família lobo, que conta, ainda, com seis filhotes que todos conhecem e um sétimo que apenas o casal sabe da existência. É um momento realmente marcante e, ainda que corrido, faz todo sentido narrativo e ainda reúne um vasto número de fábulas que conhecemos ao longo de todos os volumes, inclusive o Rei Cole que  volta de sua missão diplomática às terras dos fábulas árabes (conforme vimos ao final do volume anterior) especialmente para o evento.

Grandes e Pequenos

estrelas 2,5

A única razão para a inclusão dessa história no volume foi, provavelmente, a necessidade de engordá-lo um pouco mais. Assim, Willingham “fabricou” uma nova história solo de Cinderela conectada aos eventos anteriores, em que a vemos fazendo de tudo para fazer com que o rei do Reino das Nuvens assine um tratado de cooperação com a Cidade das Fábulas. Ainda que esse tratado seja efetivamente importante para a vindoura guerra, era completamente desnecessária um número inteiro para tratar dele.

Mas, como sempre, Willingham faz “de um limão uma limonada”, e entrega uma história que diverte, mas não agrega nada. É engraçado ver Cinderela resmungona, reclamando aos ventos que odeia missões diplomáticas e ainda tendo que se transformar em um rato para entrar em Smalltown, habitada pelos lilliputianos refugiados na fazenda.

Shawn McManus fica ao encargo da arte e seu trabalho é muito bom, talvez tão bom quanto o de Buckingham. No entanto, não é suficiente para fazer essa história se destacar diante de outras one-shots.

Fábulas: Vol. 8 – Lobos (Fables: Vol. 8 – Wolves, EUA – 2006)
Contendo: Fábulas #48 a #51, publicados originalmente entre junho e setembro de 2006
Roteiro: Bill Willingham
Arte: Mark Buckingham, Shawn McManus (#51)
Arte-final: Steve Leialoha, Shawn McManus (#51)
Cores: Daniel Vozzo (#48), Lee Loughridge (#49 a #51)
Letras: Todd Klein
Capas: James Jean
Editora (nos EUA): Vertigo Comics
Editora (no Brasil): Panini Comics
Data de publicação no Brasil: maio de 2011 (encadernado)
Páginas: 164

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