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Crítica | Fear the Walking Dead – 4X11: The Code

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, a crítica de todos os episódios da série.

Era inevitável que Andrew Chambliss e Ian Goldberg trouxessem mais personagens para o soft reboot de Fear the Walking Dead que vêm empreendendo. Afinal, a trama não poderia ficar apenas restrita aos sobreviventes do núcleo original somados de Morgan, John, Al e Charlie já que eles formam um grupo substancialmente harmônico, especialmente depois que, no episódio anterior, Alicia parece ter perdoado a assassina de seu irmão.

Portanto, assim como Morgan, o andarilho ninja paz e amor, serviu de veículo para que John e Al fossem adicionados à série, nada mais circular do que usá-lo novamente com o mesmo objetivo, depois que Alicia o deixa no meio do furacão ao final de People Like Us. Por um momento, achei que o roteiro que Chambliss co-escreveu com Alex Delyle seria passado mais uma vez debaixo da chuva torrencial, mas ainda bem que não e, depois que Morgan dorme em um caminhão cheio das “caixas samaritanas” que vimos pela primeira vez em Laura, ele acorda em um posto de gasolina no Mississipi, centenas de quilômetros do Texas.

Mantendo Morgan na dúvida sobre o que ele faz da vida, se volta para Alexandria ou se tenta achar seus mais novos amigos, o episódio vai progredindo lentamente primeiro com o protagonista falando ao rádio com uma mulher misteriosa que parece ser da rede de pessoas que distribui as caixas ao longo das rodovias (mas que, ao final, descobrimos ser alguém que aparentemente matou o bom samaritano) e, depois, fazendo “amizade” com o cadeirante Wendell (Daryl Mitchell) e sua amiga Sarah (Mo Collins). É visível que a bondade da dupla parece exagerada demais para ser verdade, mas Morgan, patinho que é (mas que não deveria mais ser), cai na armadilha e acaba precipitando a revelação de que está indo para um lugar seguro na Virgínia, informação que, conforme ele descobre depois, é cobiçada pelos dois caminhoneiros que, claro, haviam roubado o bom samaritano (e, se duvidar, têm relação com a “mulher imunda” – conforme os créditos do IMDb – que vemos ao final e que é vivida por Tonya Pinkins).

No entanto, o roteiro dá voltas e mais voltas sem justificar efetivamente cada uma delas. Morgan, um dos mais veteranos personagens do zumbiverso de Robert Kirkman parece um peru tonto que, se chegou a ganhar desenvolvimento bem lá atrás na série-mãe, degringolou completamente já há algum tempo e não melhorou em Fear the Walking Dead. Essa dúvida dele sobre para que lado ir chega a ser infantil e forçada demais, mais forçada ainda do que sua política radical de “não matarás”. O mesmo vale para seu encontro aleatório com o cervejeiro Jim (Aaron Stanford) que tem uma conexão ainda mais sem pé nem cabeça com Wendell e Sarah, tudo dentro do que parece ser um plano de caso pensado da dupla, mas que nunca fica verdadeiramente claro justamente pela desnecessária complexidade do texto do episódio.

Além disso, diferente de John e Al, interessantes logo de início, Sarah e Jim não dizem a que vieram. Wendell, por seu turno, mostra algum potencial, com um bom trabalho dramático de Mitchell, mas que, no contexto do episódio, fica desperdiçado. Sei que estou julgamento com muito pouco tempo de desenvolvimento, mas lembro-me muito claramente de ter estabelecido uma boa conexão com John e Al imediatamente, o que não aconteceu aqui, mas que espero que aconteça em futuro próximo.

Em termos narrativos, portanto, o episódio acaba ficando vazio. Funciona como forma de introduzir os quatro novos personagens e potencialmente estabelecer o semblante de ameaça daqui para o final da temporada, mas ele parece um apêndice, quase que solto de tudo o que veio antes. Se por um lado é bom ver os showrunners novamente assumirem riscos em uma temporada cheia de modificações profundas, por outro parece algo tão diferente que estamos vendo uma série dentro de uma série. Isso pode ser facilmente corrigido adiante, com a integração – ou desintegração – do grupo completo, já que é fácil imaginar a ligação imediata que a dupla golpista pode ter com Strand, o vigarista plantonista da série. Jim, o cervejeiro, por seu turno, parece-me completamente inexistente se ele não vier de alguma forma casado com sua bebida favorita, pelo que ele tem ainda muito a provar.

Se as lentes de Michael E. Satrazemis foram o grande destaque em Close Your Eyes, aqui a direção de Tara Nicole Weyr parece cansada e segue uma cartilha burocrática que não faz muito bem para um roteiro bagunçado. Ainda que ela seja cuidadosa na decupagem, com planos bem estruturados como o do isolamento de Morgan em cima do carro, a diretora não tem a mesma sorte com as transições e com a progressão narrativa, que parece indecisa como o ninja pacifista.

Mesmo com seus problemas, The Code faz o que tem que fazer: trazer mais gente para a temporada. Agora cabe aos showrunners tornar esse pessoal novo realmente relevante para a história e delinear mais concretamente os desafios que terão que ser enfrentados pelo grupo que ficou perdido durante o furacão.

Fear the Walking Dead – 4X11: The Code (EUA, 26 de agosto de 2018)
Showrunner: Andrew Chambliss, Ian Goldberg
Direção: Tara Nicole Weyr
Roteiro: Andrew Chambliss, Alex Delyle
Elenco: Lennie James, Garret Dillahunt, Maggie Grace, Alycia Debnam-Carey, Colman Domingo, Tom Payne, Kevin Zegers, Jenna Elfman, Alexa Nisenson, Sebastian Sozzi, Aaron Stanford, Daryl Mitchell, Mo Collins, Tonya Pinkins
Duração: 45 min.

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