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Crítica | Festa da Salsicha

por Lucas Nascimento
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estrelas 3,5

Há um infográfico divertido sobre as animações da Pixar que traz uma lista com variações da frase “e se X tivessem emoções?”, trazendo exemplos como os brinquedos de Toy Story, os monstros de Monstros S.A., os robôs de Wall-E e até as próprias emoções de Divertida Mente. Com o lançamento deste Festa da Salsicha, a suposição não é apenas “e se comidas tivessem emoções”, mas também “e se comidas tivessem um forte instinto sexual?”. Conhecedores e admiradores do humor raunchy de Seth Rogen e companhia já sabem o que esperar.

A trama é ambientada em um supermercado americano, onde todas as comidas, condimentos e até objetos sonham em ser levado pelos humanos (considerados deuses por eles) para a liberdade, atingindo assim o que acreditam ser o Paraíso. O que não sabem é que o destino que lhes aguarda é uma tortura inimaginável ao serem triturados, cozinhados e mastigados pelos humanos. Quando a salsicha Frank (Rogen) descobre a verdade, ele lidera um grupo formado por uma baguete (Kristen Wiig), um bagel (Edward Norton) e um lavash (David Krumholtz) para salvar as comidas e enfrentar os Deuses.

É uma premissa que já empolga pela ideia de oferecer comidas que não fazem ideia de que são criadas justamente para serem devoradas por humanas. Tais cenas acabam gerando imagens simplesmente hilárias de um festival gore de salsichas sendo brutalmente cozinhadas, potes de jeleia se despedaçando, batatas sendo violentamente descacadas e por aí vai – rendendo até uma engraçadíssima paródia de O Resgate do Soldado Ryan, com o pote de macarrão colocando suas “tripas” de volta para dentro. Esse tipo de situação sustenta boa parte das piadas, e eu temia que o roteiro assinado por Kyle Hunter, Ariel Shaffir, Evan Goldberg e o próprio Rogen ficasse fadado a repetição desse tipo de food gore durante seus 89 minutos de projeção.

Felizmente, as ideias do grupo de roteiristas conseguem surpreender. Não só pela variedade de personagens que encontramos na forma de alimentos (destaque para o engraçadíssimo chiclete velho que é uma mistura de Stephen Hawking, Jabba the Hutt e o T-1000), mas pelo inesperado comentário de cunho social e até geopolítico que encontramos aqui. Tanto pela divisão do supermercado quanto pela constante briga entre Lavash e o bagel, claramente representando os conflitos do Oriente Médio ou até a cegueira quase religiosa que os alimentos do supermercado mantém em relação aos Deuses.

O filme só peca pelos excessos, algo que Rogen e Goldberg conhecem bem. Às vezes os trocadilhos sexuais cruzam a barreira do bobo e devem divertir só a faixa etária dos 12 anos (como se uma salsicha querendo entrar em uma baguete já não fosse sutil o bastante), culminando em uma sequência chocante que redefinirá os conceitos de food porn para sempre. Algumas soluções de história também são mistas, principalmente o uso quase milagroso que sais de banho provocam durante o clímax.

No geral, Festa da Salsicha é uma animação pervertida e engraçada que consegue fazer ótimo uso de seu conceito divertido e inspirado. Força a barra em alguns momentos e não atinge um resultado realmente memorável, mas é uma boa diversão.

Obs: a versão dublada do filme, adaptada pelo Porta dos Fundos, é muito boa e não compromete o roteiro do longa.

Festa da Salsicha (Sausage Party, EUA – 2016)
Direção: Greg Tiernan e Conrad Vernon
R0teiro: Kyle Hunter, Ariel Shaffir, Seth Rogen e Evan Goldberg
Elenco: Seth Rogen, Kristen Wiig, Jonah Hill, Edward Norton, David Krumholtz, Craig Robinson, Michael Cera, Paul Rudd, Salma Hayek, Bill Hader, James Franco, Danny McBride
Duração: 89 min

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