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Crítica | From Dusk Till Dawn – The Series / Um Drink no Inferno – A Série: 3ª Temporada

por Ritter Fan
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estrelas 3

Obs: Há potenciais spoilers do filme Um Drink no Inferno, de 1996, e da temporadas anteriores da série. Não há spoilers da 3ª temporada. Leiam nossa crítica do filme e das temporadas anteriores aqui.

Dentro da categoria “trasheira que não é para ser levada a sério”, a transformação em série do divertido filme Um Drink no Inferno, de 1996,até que consegue se sair razoavelmente bem. Com uma primeira temporada sólida que foi uma versão super-estendida da obra original e uma segunda temporada que infelizmente saiu dos trilhos, Robert Rodriguez esboça uma reação de volta à forma na terceira temporada, ainda que ela continue cheia de problemas.

No lugar de diretamente continuar a intrincada e sobretudo desgovernada história anterior, Rodriguez parte para um soft reboot, estabelecendo que, na verdade, os Nove Lordes (ou os sete que restaram, claro) dos culebras, os vampiros-cobra da série, não representavam a mais alta camada da pirâmide hierárquica do sobrenatural. Muito ao contrário, eles não passariam de escravos de demônios de Xibalba, também retirados das lendas mesoamericanas. Em uma alteração retroativa na continuidade, o showrunner estabelece que a destruição do Titty Twister ao final da primeira temporada libertara os referidos demônios e que eles, agora, estavam tentando restabelecer-se no poder.

Com a criação de uma ameaça ainda mais poderosa, os culebras passam para o lado de heróis, com os Irmãos Gecko trabalhando como Coletores e o Texas Ranger Freddie Gonzalez continuando como o Peacekeeper. A entrada dos demônios logo destrói os Lordes, restando apenas uma, a Lorde Venganza Verdugo (Ana de la Reguera) que monta um contra ataque tendo os protagonistas na linha de frente. Nessa inversão da lógica estabelecida nas temporadas anteriores, Kate Fuller (Madison Davenport), que sabemos que não morrera ao final da temporada anterior, é possuída por Amaru, a rainha dos demônios e ela passa a soltar monstros contra os heróis como parte de um aparentemente maquiavélico plano de dominação mundial.

Em outras palavras, Robert Rodriguez começa de novo. E, dessa vez, de maneira muito mais objetiva e simplista que antes, apenas colocando os “menos maus” contra os “mais maus”, usando a fuga dos demônios do labirinto místico do Titty Twister como sua oportunidade para desfilar uma nova ameaça por episódio, divertindo-se no processo criativo dos monstros, ao mesmo tempo que costura uma história razoavelmente divertida que respeita o espírito trash do filme original.

Os efeitos práticos usados nos diversos demônios que infernizam a vida de Seth (D. J. Cotrona) e Richie Gecko (Zane Holtz), além de Freddie, Santánico Pandemonium (Eiza González), Sex Machine (Jake Busey) e Burt (Tom Savini, o Sex Machine original do filme de 1996 em sua versão “assassino de demônios”) tem o DNA dos anos 90 em sua criação. Diferentes e originais, cada monstro tem sua personalidade própria e, junto com o uso limitado de CGI, acabam, em seu conjunto, formando os momentos mais divertidos da temporada. Claro que a sensação de “monstro da semana” imediatamente liga o alarme de perigo, mas, considerando que a série tem apenas 10 episódios por temporada, esse problema acaba não aparecendo, já que o uso é comedido e dentro de uma aceitável fluidez e lógica do roteiro.

O problema, na verdade, está mesmo com os personagens fixos da série. Há muitos e Rodriguez não sabe exatamente o que fazer com eles. Mesmo jogando Santánico para escanteio, ele acaba tendo que lidar com todo o restante sem trabalhá-lhos de maneira orgânica. Claro que seu foco de atenção está nos irmãos Gecko de um lado e em Amaru de outro, mas entre esses dois opostos, todos os demais personagens, incluindo Brasa, o demônio-sol braço direito de Amaru vivido por Maurice Compte, são sub-aproveitados, sem efetiva função narrativa. Em determinados episódios, por exemplo, o roteiro chega a artificialmente afastar um grupo de personagens durante grande parte da ação, mesmo que eles façam parte de um grupo coeso que começa e termina junto. Isso acontece não só nos últimos dois episódios, com também em Straitjacket, integralmente passado na instituição psiquiátrica de onde Kate/Amaru fugira.

Além disso, fica patente que a narrativa não tinha substância para 10 episódios. Vários são arrastados e monótonos, além de por vezes repetitivos, o que retira qualquer suspense que a temporada tenta construir, além de paralisar a progressão da trama. Mesmo com um design de produção interessante e criativo e uma fotografia noturna eficiente, que sabe transformar grandes espaços em ambientes confinados que emulam filmes de terror, a grande verdade é que a decupagem é preguiçosa e simplista, reduzindo o engajamento do espectador.

Mesmo com seus vários problemas, a terceira temporada está um patamar acima da anterior, fazendo com que a série volte aos trilhos e, com isso, mereça mais uma chance de quem não se importar com muito sangue e tripas falsas, além de uma boa dose de clichês do gênero.

Um Drink no Inferno – A Série: 3ª Temporada (From Dusk Till Dawn – The Series: Season 3, EUA – 2016)
Showrunner: Robert Rodriguez
Direção: Dwight Little, Robert Rodriguez, Alejandro Brugues, Eagle Egilsson, Eduardo Sánchez, Rebecca Rodriguez, Diego Gutierrez, Joe Menendez
Roteiro: Carlos Coto, Diego Gutierrez, Matt Morgan, Ian Sobel, Marcel Rodriguez, Sarah Wise, Fernanda Coppel
Elenco: D. J. Cotrona, Zane Holtz, Eiza Gonzalez, Jesse Garcia, Madison Davenport, Brandon Soo Hoo, Wilmer Valderrama, Jake Busey, Tom Savini, Maurice Compte, Ana de la Reguera, Marko Zaror, Nicky Whelan, Natalie Martinez, Robert Knepper
Duração: 450 min. (aprox.)

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