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Crítica | Game of Thrones – 3ª Temporada

por Iann Jeliel
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  • SEM spoilers. Leia aqui, as críticas das demais temporadas.

Expandida e estabelecida, Game of Thrones pode finalmente desfrutar da mescla mais objetiva dentro de uma construção mais paciente e aleatória, progressivamente planejada para culminar em um momento decisivo avassalador. A terceira temporada pega o que há de melhor nas duas anteriores no quesito de desenvolvimento de personagens e expansão de mundo e junta a um escopo mais estimulante de storytelling, sem que este precise depender de conveniências narrativas. Tudo tem um caminho aberto a ser mudado pelo acaso, um norte intrínseco que pode ser subvertido a qualquer momento e por qualquer coisa. E dessa forma, Game of Thrones consegue atingir com força o grande público, e a partir daqui viraria um fenômeno.

O mérito está na dosagem ideal da estrutura mais regular de desenvolvimento e reconstrução dos personagens, com a guinada de momentos chave que vão criando uma dependência no público em precisar saber os próximos passos dos viajantes acompanhados. Consegue captar um vício no telespectador para saber o que acontece em cada intriga, muito  bem-posicionada de modo aleatoriamente preciso. A cada capítulo há pelo menos uma cena em que mudam-se os rumos em diferentes níveis, normalmente mais sutis para não haver previsões da culminação da catarse. O roteiro é inteligente dentro dessa proposta de não se acomodar para entregar tudo de bandeja, ele aciona uma ação refletida numa próxima logo em seguida, conversando com toda a dinâmica mais politizada de toda a primeira metade da série, mas de uma forma mais urgente e sufocante em basicamente todos os núcleos.

Os diálogos mesclam todas essas questões de maneira sublimemente substancial, sobrando espaço para desenvolver uma ameaça maior, guincho para a parte mais fantasiosa que viria nas próximas temporadas. Novas peças fundamentais são inseridas com segurança, enquanto as demais vêm de um destaque inesperado em certas situações. Jaime Lannister talvez tenha sido o maior destaque nesse sentido, depois de perder a mão e com a ajuda Brienne de Tarth, o personagem sofre uma transformação completa, aprofundamo-nos nos mandamentos de honra do personagem, que se torna muito mais complexo do que seu arquétipo aparentava. Contudo, o roteiro valoriza não só ele como todos os subplots dos demais personagens na mesma intensidade. Quando não distribui vários como de costume, estrategicamente dedica alguns episódios exclusivos para um só, para que os momentos chave ganhem um peso maior ao serem desenvolvidos e fechados em um mesmo capítulo de uma forma mais impactante, resultado de um planejamento que sabe usar nos momentos certos a objetividade.

Sem dúvidas, há um grande momento em específico que dá para separar como foco principal do direcionamento dessa teia de movimentos: O Casamento Vermelho. É aquele evento único na história televisiva, e é quando a série comprova o auge narrativo em decisões corajosas. O mais bacana é onde ele é posicionado, quase como um anticlímax, de maneira estratégica no penúltimo episódio, para pegar o fator surpresa e revirá-lo num momento inesquecível. Ainda sobra tempo para explorar os pormenores numa minuciosa pitada de como as consequências dele se reverberaram na season finale, construindo um nível quase sádico de expectativas para o que pode vir no futuro.

É o roteiro trabalhando com maestria os sentimentos do público, dentro de um reforço da casualidade impressionante, nesse processo aprendemos que nada no tabuleiro de poder é definitivo. É uma temporada sacana, perversa até na forma como trilha seu caminho. Mas foi isso que levou Game of Thrones, pelo menos nesse tempo, a um outro patamar de qualidade, colocando-se como uma das possíveis grandes séries da história.

Game of Thrones – 3ª Temporada | EUA, 2013
Criação: David Benioff, D.B. Weiss (baseado em obra de George R. R. Martin)
Diretores: Daniel Minahan, David Benioff, Alex Graves, Alik Sakharov Michelle MacLaren, David Nutter
Roteiristas: David Benioff, D.B. Weiss, Vanessa Taylor, Bryan Cogman, George R.R. Martin
Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Emilia Clarke, Kit Harington, Richard Madden, Iain Glen, Michelle Fairley, Aidan Gillen, Charles Dance, Liam Cunningham, Stephen Dillane, Carice van Houten, Natalie Dormer, Isaac Hempstead Wright, Sophie Turner, Maisie Williams, Rose Leslie, Alfie Allen, Jack Gleeson, John Bradley, Oona Chaplin, Joe Dempsie, Sibel Kekilli, Rory McCann, Conleth Hill, Kerry Ingram, Jerome Flynn, James Cosmo, Iwan Rheon, David Bradley, Gwendoline Christie, Daniel Portman, Ed Skrein, Nathalie Emmanuel
Duração: 10 episódios – 50 minutos em média cada episódio.

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