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Crítica | God Of War 3

por Anthonio Delbon
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Na seca de jogos para Playstation 4 desde seu lançamento, a Sony investe na remasterização de grandes clássicos do console precedente para manter os fãs entretidos. Foi assim com The Last Of Us, Grand Theft Auto V – não exclusivo da empresa japonesa – e, recentemente, foi a vez do épico God Of War 3. Ótima deixa para uma crítica de um dos melhores jogos de sua geração. (Sobre a remasterização em si, é só pular para o fim do texto).

God Of War 3 é o capítulo final da saga de Kratos, um guerreiro espartano traído por deuses e titãs e que agora busca a conclusão de sua vingança regada a chuvas de sangue e intensa destruição do mundo grego antigo. Para compreender os motivos do protagonista e a rica história até aqui, jogar God Of War e God Of War 2 é praticamente essencial. E não encare isso como um dever, pois ambos são clássicos que retrataram a mitologia grega de forma espetacular.

Talvez seja esse o grande apelo da série: criar uma história usando uma riquíssima base de personagens. Desenvolver o irado Kratos no entorno de tantos deuses distintos e titãs com suas próprias motivações é uma sinopse que chama atenção até mesmo de quem nunca jogou videogame. Kratos, por sua vez, por mais que seja o típico espartano irado guiado por sua violência, acaba sendo um fio condutor dessa viagem ao Monte Olimpo e ótima desculpa para um dos melhores hacks and slashs da história. Nesse capítulo final, ainda por cima, temos um vislumbre daquele homem que assassinou mulher e filha e se perdeu para sempre sem esperança. Mas antes dessa camada de Kratos aparecer no final de toda a história, a Santa Monica Studios brindou os fiéis fãs da série com uma ótima última jornada na pele do ex-deus da guerra.

O game possui, sem dúvidas alguma, um dos melhores inícios já vistos na história – e vale aqui ressaltar também o início dos outros dois jogos. Se a antecipação para seu lançamento em 2010 foi imensa, a primeira meia hora já mostrou porque Kratos veio. Escalando o Monte Olimpo nas costas da Titã Gaia, o jogador se depara com o ataque fantástico de Poseidon colocado em diversos ângulos cinematográficos. O jogo já começava épico e com gráficos sensacionais mostrando o tormento de água que feria Gaia e lutava contra Kratos. A evolução contínua de cada game da série se faz presente de forma extremamente clara em termos de gráficos e jogabilidade – e o dois primeiros já eram ótimos para os de seus lançamentos. Dali em diante, permeado por uma trilha orquestral recheada de lindos corais, o jogador pula de chefão em chefão com uma sensação de grandiosidade cada vez maior. Hermes, Hades, Cronos, Hércules…sempre pegando para si as armas de seus inimigos após derrota-los e dando uma variedade na mecânica de massacre dos inimigos.

Nos intervalos dessas grandes batalhas, cada uma muito peculiar em termos de jogabilidade, há momentos de puzzles e de button smash seguindo o modelo clássico que o próprio God Of War ajudou a sedimentar no gênero. Naquela época até os mini-games para apertar botão e finalizar um inimigo não estavam tão manjados quanto hoje em dia. A utilização de novas armas contra diferentes inimigos, incluindo minotauros e mais um monte de criaturas mitológicas, ajuda a não enjoar do game, mas o principal motor continua sendo a vontade de concluir uma história até ali sensacional, por mais que siga os moldes de uma vingança clichê. As diferentes ambientações, bem definidas quando se lembra de cada chefão, também davam boa rotatividade ao jogador para evitar qualquer tipo de cansaço.

É impossível se decepcionar com o final dado à Kratos, por mais que alguns achem anticlimático. O fato é que a linha de ações do personagem já estava, há muito, bem definida. A luta final, assim como a adição de Hefesto e Pandora ao enredo, foram bem amarradas e continuaram com a escala de grandeza que o game proporcionou desde o início, principalmente se a lembrança for o motivo pelo qual Kratos caiu nas mãos de Ares lá no primeiro jogo. God Of War é uma das grandes obras relacionadas ao tema de mitologia grega e muito se falou de uma adaptação ao cinema da história. Passados seis anos, minha opinião continua a mesma: é desnecessário. God Of War funciona como jogo perfeitamente e deve ser apreciado dessa maneira, por gamers e não gamers. O cinema pode ter suas próprias histórias – Fúria de titãs é a mais recente e ficou longe de colocar Perseu no patamar de Kratos – e deixar God Of War cumprir com sua principal função nos vídeo games: colocar o jogador no controle do extermínio impiedoso de inimigos e inocentes, jogar sangue na tela da televisão e esmagar botões por oito horas apenas para cumprir uma vingança. É nessa mídia que a sensação de tais atitudes é passada com precisão para quem viaja à Grécia Antiga e embarca na jornada do espartano.

Versão Remasterizada:

Pode-se dizer que se trata de uma jogada caça-níquel, iniciada pela não compatibilidade de jogos de Playstation 3 no Playstation 4. Independente disso, essa nova versão de God Of War pouco traz de chamativos para uma nova compra deste clássico. Claro que todo fã comprará, assim como toda comparação com o game original trará aos olhos as melhores texturas, um polimento em geral mais cuidadoso, gráficos em alta definição e resolução em 1080p. A iluminação parece ressaltar ainda mais alguns detalhes que no console anterior podem passar despercebidos, desde armaduras até ornamentos no cenário. O fato é que o game para Ps3 já era lindo visualmente e aqui só é melhorado nesse aspecto. Nada muito diferente, porém.

Revisitar a história de Kratos pode valer a pena após um tempo, mas a sensação final é a de que um novo game da série ou uma nova franquia de games iniciada pela Santa Monica – ignoro o péssimo The Order: 1886 – viria como uma opção mais agradável, dada a própria situação de poucos grandes lançamentos nesse primeiro ano de vida do novo console da Sony. Afinal, usar como propaganda a remasterização de clássicos recentes, enquanto o quarto console da Sony não pega no breu, já deu o que tinha que dar.

God Of War 3
Desenvolvedor: Santa Monica Studios
Lançamento: 16 de março de 2010 e 14 de julho de 2015 (remasterizado)
Gênero: Hack and Slash
Disponível para: PS3 e Ps4 (remasterizado)

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