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Crítica | Golpe Duplo

por Filipe Monteiro
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Enredos tecidos em torno de criminosos e vigaristas nunca foram novidade em Hollywood. O fato é que personagens tendem a ser carismáticos em função do rápido entrosamento com o público. Assim, consagram-se vários ícones do gênero. É impossível não lembrar da impecável interpretação de Leonardo DiCaprio em Prenda-me Se For Capaz e no mais recente O Lobo de Wall Street, assim como o minucioso Tom Ripley vivido por Matt Damon. Susan Saradon e Geena Davis serão eternamente reverenciadas por darem vida às incríveis Thelma e Louise no filme homônimo. O expoente da categoria, entretanto, é o genial Marlon Brando, que protagonizou uma verdadeira obra prima do cinema mundial: O Poderoso Chefão.

Ainda que a temática seja notável e convoque boas interpretações para si, não há como negar a inúmera quantidade de filmes do gênero que fracassaram ou simplesmente caíram no esquecimento. Alguns simplesmente deram passos maiores que as pernas e venderam ótimas embalagens que em nada faziam justiça ao inexpressivo conteúdo interior (lê-se Trapaça), outros, simplesmente apresentam a ação pela ação em roteiros insossos e rasos. Apesar disso, há exemplos muito mais simples que, ao evocar uma narrativa tão suave e despretensiosa, conquistam simpatia e arrebatam até o mais chato espectador (vejam o caso de O Homem Que Copiava).

Feita a divagação dentro da qual situo o ponto de vista da crítica, é hora de dirigir o olhar ao longa Golpe Duplo e à dupla de vigaristas da vez: Nicky (Will Smith) e Jess (Margot Robbie). Ele o representante atual de uma geração de criminosos, coordenador de uma bem sucedida rede de vigaristas especializada em pequenos furtos e trapaças. Ela uma amadora golpista que busca um lugar ao céu junto a Nicky em sua, digamos assim, firma. Após um encontro dinâmico e algumas insistências, Jess torna-se a nova pupila de Nicky, com quem engata um relacionamento amoroso. O longa organiza seus eventos em duas diferentes partes a partir da cisão de três anos decorridos. O segundo momento apresenta uma nova relação entre Jess e Nicky diante de um novo desafio.

Golpe Duplo chega ao público de maneira despretensiosa. Sim, despretensiosa ao não se dispor a mostrar algo muito além do que se espera de um filme do gênero (novamente traço um paralelo com Trapaça; vocês já devem ter percebido o quanto eu gosto desse filme). No caso do filme da vez, tamanha é a despretensão que Will Smith começa, segue e termina apático durante as quase duas horas de filme. O protagonista tem a sorte de ter ao seu lado uma das mais belas e inebriantes atrizes da nova geração. Isso não quer dizer que o desempenho de Margot Robbie em Golpe Duplo é ótimo como o foi em O Lobo de Wall Street, apenas que a atriz nos fisga e é responsável por cativar a atenção em um filme que vai perdendo o ritmo a cada momento.

A narrativa inconstante e nada cativante de Golpe Duplo é a chave do seu insucesso. Temos um bom ritmo inicial, que aumenta em trinta minutos de filme e vai a zero durante o restante do longa. Há uma evidente tentativa de recuperar o compasso durante o desfecho, mas é tarde demais. O roteiro sem ritmo, no entanto, não impossibilita que reconheçamos alguns pontos altos do longa. Destaco aqui a trilha sonora impecável. Quem consegue ficar desatento ao som de Sympathy For The Devil dos Rolling Stones?

Mas o filme não passa disso mesmo. Alguns momentos interessantes para um conjunto nada memorável. Uma pena.

Golpe Duplo (Focus, EUA – 2015)
Direção: Glenn Ficarra, John Requa
Roteiro: Glenn Ficarra, John Requa
Elenco: Will Smith, Margot Robbie, Adrian Martinez, Gerald McRaney, Rodrigo Santoro, BD Wong, Brennan Brown, Robert Taylor, Dotan Bonen, Griff Furst, Stephanie Honoré, David Stanford
Duração: 105 min.

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