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Crítica | Gotham 3X01: Better to Reign in Hell…

por Guilherme Coral
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estrelas 4

Seguindo a mesma estrutura da segunda temporada, que for a dividida em dois arcos, Rise of the Villains e Wrath of the Villains, este ano de Gotham inicia com Mad City e desde esse season première já conseguimos entender o porquê. Evidente que a escapada dos monstros de Indian Hill não seria esquecida aqui e o roteiro de John Stephens utiliza esse acontecimento para unir todas as subtramas da série – ao menos as apresentadas aqui. De imediato é criada uma sensação de união, ao passo que nenhum personagem soa tão distante do outro, visto que todos contam com objetivos similares.

É bastante gratificante enxergar um seriado que começara com uma narrativa procedural, com o exaustivo “vilão da semana” seguir por um caminho mais coeso, com episódios que não só deixam cliffhangers pontuais, mas que claramente estão construindo algo maior com uma certa linearidade (ainda que tenhamos diferentes focos dentro do capítulo). Com isso, mais que puramente através de plot-twists, somos compelidos a continuar assistindo para ver a resolução da trama geral apresentada aqui em Better to Reign in Hell. Considerando que estamos falando de uma série de vinte e dois episódios, com um hiato no meio, é também reconfortante, desde já, saber que teremos duas histórias separadas dentro da temporada, o que já evita a pura enrolação tão presente em produções nesse formato.

Dito isso, não há como negar que o ritmo desse primeiro capítulo foi bastante ágil e não digo isso de forma negativa. Stephens conseguiu mostrar cada um dos personagens principais de Gotham na medida certa, lembrando-nos de quem são os jogadores principais nesse grande tabuleiro e nos oferecendo um olhar sobre o que veremos nessa primeira metade do ano. Sabiamente ele dá o devido tempo em tela para cada um, sem perder tempo com cenas desnecessárias  – cada uma delas conta com um objetivo muito claro que alavanca a narrativa para frente – desde a desilusão amorosa de Jim (Ben McKenzie) até o mistério acerca do duplo de Bruce Wayne (David Mazouz).

Vale ressaltar que aqui finalmente vemos Fish Mooney (Jada Pinkett Smith) ganhar mais relevância novamente, ao passo que tudo parece girar em torno dela e seu grupo de monstros que escaparam de Indian Hill. Ao mesmo tempo, Wayne também soa menos desconexo dos eventos centrais da série, visto que ele investiga justamente esse lado de sua própria organização, o que nos leva à adaptação de um ótimo arco do Batman dos Novos 52, A Corte das Corujas. Toda essa coesão é tamanha que sequer sentimos como se a narrativa estivesse fragmentada, algo consideravelmente difícil de se fazer em uma obra com uma gama tão grande de personagens de destaque.

O episódio, porém, não é perfeito, visto que herda o recorrente problema  presente desde a primeira temporada do seriado: atuações excessivamente dramáticas e um figurino mais que exagerado quando se trata de Fish e seus capangas. Seja pela atuação risível de Erin Richards, no papel de Barbara Kean, até as espalhafatosas roupas de Mooney, nossa imersão é quebrada algumas vezes, prejudicando a fluidez da projeção, que fora quase solidificada pelo seu ritmo apropriado.

Felizmente, esses deslizes não nos afastam da percepção de que acabamos de ver um ótimo episódio de Gotham, uma série que muito cambaleou no início, mas que, aos poucos, foi encontrando sua linguagem própria, essa que foi capaz de mudar inúmeras vezes o status quo dessa cidade consideravelmente problemática – basta olharmos para trás e nos lembrarmos de toda a situação com Falcone e Maroni para termos essa ideia formada em nossas mentes. Resta saber se a temporada não irá se perder em suas subtramas, tornando-as desconexas conforme os capítulos progridem.

Gotham 3X01: Better to Reign in Hell… – EUA, 2016
Showrunner: Bruno Heller
Direção: Danny Cannon
Roteiro: John Stephens
Elenco: Ben McKenzie, Donal Logue, David Mazouz, Robin Lord Taylor, Sean Pertwee, Erin Richards, Camren Bicondova, Cory Michael Smith, Jessica Lucas, Jada Pinkett Smith, Richard Kind, Michael Chiklis, Drew Powell, Chris Chalk
Duração: 42 min.

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