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Crítica | Gotham – 3X12: Ghosts

por Guilherme Coral
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estrelas 3

Obs.: Contém spoilers do episódio. Leiam nossas outras críticas da temporada aqui.

Gotham tem o ótimo costume de construir inúmeros arcos em suas temporadas, construindo a ameaça de determinado vilão como o foco principal da narrativa. Nesse terceiro ano da série já tivemos Fish Mooney, depois o Chapeleiro e, por fim, o sangue de Alice, que transformara Barnes e Mario. Isso sem falar, é claro, na Corte das Corujas, que dominou o lado da história de Bruce Wayne e Selina Kyle. Desenvolvendo sua estrutura única, dispensando o “vilão da semana”, que tomava conta do seriado em seus primórdios, a série conseguiu adquirir sua identidade própria, se diferenciando das outras baseadas em quadrinhos de heróis que vemos por aí. Ghosts mantém essa base formada e, sem criar uma grande elipse entre a primeira metade da temporada, dá continuidade aos dramáticos eventos de Beware the Green-Eyed Monster.

O episódio abre em tom fúnebre, com o funeral de Mario, já colocando na mesa a possível perseguição de Jim, realizada por Don Falcone. No midseason finale já imaginávamos que o mafioso não deixaria barato para Gordon e, como o seriado não gosta de perder tempo, já dá início a essa subtrama de imediato. Mas algo mais ameaça a segurança do protagonista e sua cidade: o corpo de uma mulher que havia morrido desaparece do necrotério e reaparece em nos trilhos do trem, com sinais de que havia sido eletrocutada. Não muito depois, James e Harvey descobrem que ela fora ressuscitada (o que já garante uma ótima piadinha metalinguística por parte de Bullock), os levando para um grupo que reverencia o falecido Jerome como uma espécie de revolucionário. Em paralelo, Bruce, Alfred e Selina precisam lidar com o reaparecimento da mãe da menina. Por fim, os planos de Nygma para destruir o Pinguim começam a tomar forma.

Devo dizer que um dos pontos que mais prejudicou o capítulo fora a campanha de marketing realizada, que basicamente entregou os minutos finais de Ghosts. Ao revelar que Jerome retornaria para essa metade da temporada, todo o suspense envolvendo os cadáveres ressuscitados vai embora e as pistas dadas sobre a volta desse protótipo de Coringa soam mais como uma constatação do óbvio. Mas estamos falando de um erro externo ao episódio, ainda que o culto de Jerome tivesse tornado bem óbvio quem eles tentariam trazer de volta no fim. Em termos narrativos, esse lado do capítulo flui de maneira bastante orgânica, o problema surge quando Zasz aparece para tentar matar Jim.

Não estou falando que essa sequência de ação fora mal executada ou algo assim, Gotham certamente aprendera a abraçar a violência inerente à cidade, não escondendo as mortes como antes fazia. Os deslizes ocorrem quando começam a surgir algumas inconsistências no roteiro, como o fato de Gordon simplesmente deixar o assassino caído no chão sem tentar, ao menos, prendê-lo. É simplesmente óbvio que ele voltaria para tentar finalizar o trabalho e não nos é dada qualquer justificativa para essa ação de Gordon, fazendo com que tudo isso soe como uma conveniência do roteiro a fim de obrigar Falcone a cancelar o assassinato do policial.

Deslizes como esse ocorrem, também, no lado de Cobblepot, ligados ao suposto fantasma de seu pai. Primeiro: como ele desapareceu de uma hora para a outra na mansão do prefeito? Segundo: como ninguém o viu na sala onde estava sendo realizada a entrevista? Esses são pontos deixados no ar que pedem demais de nossa suspensão de descrença e a própria presença desse falso espírito prejudica o capítulo ao tornar o plano de Nygma mirabolante demais (até para os padrões da série) – uma maior simplicidade favoreceria a fluidez do episódio, ao invés dessa tentativa de emular Amadeus. E sequer entrarei no homem que muda de rosto porque isso simplesmente já é demais.

Do lado de Wayne, o episódio parece assumir uma postura mais family-friendly, com momentos mais “bonitinhos” que visam diminuir um pouco o tom sombrio da narrativa. Sabemos, logo de cara, que a mãe de Selina não é notícia boa, mas iniciar uma subtrama envolvendo o seu passado é a última coisa que precisamos nesse momento, a não ser que envolva a Corte das Corujas – afinal, eles não podem esquecer, de uma hora para a outra, que a coruja de cristal fora roubada – esperamos que esse não seja o caso, mas não posso deixar de sentir certo receio pelo que vem a frente.

Mesmo com todos esses deslizes, Ghosts ainda foi um bom capítulo de Gotham – bem inferior à média daqueles que o precederam, mas capaz de nos manter envolvidos com os eventos que vemos em tela. Esperamos que os deslizes do roteiro não continuem no restante da temporada e que a campanha de marketing nos livre dos spoilers dos episódios seguintes.

Gotham 3X12: Ghosts – EUA, 16 de janeiro de 2016
Showrunner:
Bruno Heller
Direção:
Eagle Egilsson
Roteiro:
Danny Cannon
Elenco: 
Ben McKenzie, Donal Logue, Robin Lord Taylor, Erin Richards, Cory Michael Smith, Jessica Lucas, Richard Kind, Michael Chiklis, Drew Powell, Chris Chalk, Morena Baccarin, Jamie Chung
Duração:
43 min.

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