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Crítica | Gotham – 3X15: How The Riddler Got His Name

por Guilherme Coral
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estrelas 4

Obs.: Contém spoilers do episódio. Leiam nossas outras críticas da temporada aqui.

A terceira temporada de Gotham sofreu bastante nas mãos da Fox, não em termos de qualidade, já que temos o ano mais sólido da série até então e sim pela forma fragmentada como ela foi exibida. Primeiro foi interrompida com o típico hiato de final de ano, para, então, voltar para alguns episódios e, em seguida, em virtude de 24: Legacy, Legion e outras séries, fomos “presenteados” com mais uma pausa. Somente agora, portanto, podemos presenciar a etapa final desse terceiro ano, que entra em sua segunda fase: Heroes Rise. Felizmente, toda essa loucura da emissora não afetou a narrativa da série em si, que se mantém tão engajante quanto na primeira metade da temporada.

How the Riddler Got His Name, como o próprio título já deixa bem claro, é um capítulo focado em Edward Nygma. Claro que temos outros focos, mas o principal se mantém no homem que se tornaria o Charada e, aqui, vemos o passo final de sua transformação. Após, supostamente, matar seu melhor amigo, o Pinguim, Nygma abraça sua loucura completamente, fazendo de tudo para que seja reconhecido com um verdadeiro vilão, raptando e assassinando a elite intelectual da cidade, os forçando a responder seus enigmas. Lucius Fox logo percebe um padrão nessas mortes e força Harvey a investigar. Enquanto isso, Gordon tem de lidar com o reaparecimento de seu tio, que está ligado a uma antiga ordem chamada a Corte das Corujas. Já Bruce Wayne entra em uma cilada armada pela Corte e seu clone, que toma seu lugar.

Não canso de dizer isso, mas é realmente surpreendente como Gotham tem a coragem de trazer tantos acontecimentos em um episódio, sendo que a temporada conta com vinte e dois capítulos. Estamos falando de um seriado com inúmeras subtramas, que, em momento algum, faz qualquer uma delas se estagnar, sempre trazendo grandes acontecimentos a cada semana. Dessa forma, terminamos o episódio em uma posição completamente diferente daquela que começamos e sentimos, de fato, a progressão da história. Isso, claro é graças ao abandono da estrutura procedural, por mais que seja mantido o ar de série policial, a diferença é que o “vilão da semana”, na verdade, vem sendo construído desde a primeira temporada.

O que mais nos chama a atenção no roteiro da talentosa Megan Mostyn-Brown, que redefiniu a série a partir de sua segunda temporada, é como enxergamos o Charada não como um criminoso qualquer e sim como uma pessoa claramente instável psicologicamente, a tal ponto que ele se torna completamente imprevisível. Isso, claro, dialoga perfeitamente com toda a mitologia do Morcego, já que quase todos os vilões do Batman são, como diriam os gringos, “batshit crazy”. Não o enxergamos, portanto, como a maldade pura e sim como uma pessoa tão perturbada que, nesse seu distúrbio, encontra o crime como uma forma de se auto-afirmar, de encontrar sua verdadeira identidade.

Aqui entramos em um dos problemas do capítulo: na tentativa de firmar Nygma como o Charada, o texto acaba exagerando, tornando o encontro de seu alter-ego como algo forçado demais, como se, acada momento, ele sentisse a necessidade de gritar “eu sou o Charada”. Claro que atuações dramáticas não são novidade em Gotham, é uma das características principais da série, mas faltou mais sutileza na maneira que ele se estabeleceu como o icônico antagonista, especialmente considerando que já acompanhamos sua jornada desde os primórdios do seriado. O auge disso é o diálogo no carro de Lucius, um trecho que parece à parte do restante da obra, como se batesse na mesma tecla repetidas vezes.

Felizmente, a direção de T.J. Scott sabe explorar, através de sua decupagem, a instabilidade mental do personagem. Ao mudar o eixo constantemente, alternando drasticamente os ângulos, ele cria desconforto no espectador, que é mergulhado nas alucinações do vilão. Os filtros utilizados, especialmente o vermelho, no auge de sua loucura na mansão do prefeito, denota perfeitamente a violência por trás de sua figura, além de trazer de volta a paixão que Oswald sentida por Nygma. Dito isso, é necessário ressaltar que How The Riddler Got His Name é, também, sobre a superação da perda do amigo, por mais que ele próprio o tenha assassinado em The Gentle Art of Making Enemies.

O lado da história de Bruce também passa por significativos acontecimentos, colocando, desde já, a Corte das Corujas como uma das maiores ameaças dessa segunda metade da temporada. Vale lembrar que o grupo permanecera em segundo plano até aqui e pode ser que, aqui, eles ocupem o palco principal. Isso é corroborado pelo foco em Jim, que se mantém, notavelmente, como coadjuvante no capítulo, algo que, provavelmente, já irá mudar na próxima semana. É preciso notar, porém, que estamos presenciando a união de duas subtramas, já nos encaminhando, passo por passo, para o término da temporada.

Apesar de alguns exageros, How the Riddler Got His Name prova ser mais um ótimo capítulo de Gotham, uma série que, há tempos, conseguira encontrar sua verdadeira identidade. Presenciamos, aqui, enfim, o surgimento do Charada que conhecemos nos quadrinhos e, como o próprio personagem disse, um vilão é definido pelo seu inimigo, justificando, pois, o titulo do arco: Heroes Rise. Resta aguardar para sabermos se um desses heróis será o Homem Morcego, ou se vamos precisar esperar mais para ver Wayne assumir o manto negro.

Gotham 3X15: How The Riddler Got His Name – EUA, 24 de abril de 2017
Showrunner:
Bruno Heller
Direção:  
T.J. Scott
Roteiro:
Megan Mostyn-Brown
Elenco: 
Ben McKenzie, Donal Logue, Robin Lord Taylor, Erin Richards, Cory Michael Smith, Jessica Lucas, Richard Kind, Michael Chiklis, Drew Powell, Chris Chalk, Morena Baccarin, Jamie Chung
Duração:
43 min.

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