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Crítica | Star Wars: Herdeiro do Império, de Timothy Zahn

por Pedro Cunha
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Espaço: Sistema Abregado, Sistema Athega, Coruscant, Janodral Mizar, Kashyyyk, Mykr, Sistema Obroa-skai, Wayland, Dagobah, Sistema BpFassh, Sistema Jomark
Tempo: Nova República Galática, cinco anos após a destruição da segunda Estrela da Morte, na Batalha de Endor, 9 a.BY.

Em novembro de 1989 um escritor iria receber uma das tarefas mais honrosas e temíveis de toda a galáxia muito distante. Na época Star Wars já era um sucesso, mas não como o enxergamos hoje. Sete anos depois da estréia de Retorno de Jedi, a franquia se via em uma estabilidade de conteúdo e de fãs. Então, na intenção de dar novos ares para a Saga, a editora Bantam Spectra junto com a LucasFilm decidiram por publicar uma sequencia de livros que narrariam acontecimentos sucessórios ao Episódio VI.

Essa missão foi dada a Timothy Zahn, um escritor de ficção cientifica que já possuía um bom prestigio na época, em 1984 o autor ganhou o prêmio Hugo Award pela obra Cascade Point. Mesmo sendo um bom escritor Zahn comenta, na Introdução brasileira do livro, que teve a sua maior oportunidade justamente quando seu agente ligou e disse, vamos trabalhar em Star Wars!

O escritor diz na introdução que possuía a oportunidade de, ou alavancar sua carreira em um nível nunca antes imaginado, ou acabar com ela prematuramente. Para isso não acontecer ele teria que captar toda a essência de Star Wars, o leitor deveria se sentir naquela galáxia, ouvindo a voz de Mark HamillCarrie Fisher, Harrison Ford e a incrível musica de John Willians enquanto navegava pelo novel.

Se sentir em SW, isso é exatamente o que o autor faz em Herdeiro do Império. A história se passa cinco anos após a grande batalha de Endor, aqui vemos uma ainda fraca República lutando para restabelecer seu controle político, enquanto tenta curar algumas feridas deixadas pelos “tempos de escuridão” do Império. Esse que não morreu com a queda de suas maiores colunas, Darth Vader e o próprio Imperador. Buscando a reconstrução, grão-almirante Thrawn lidera, a bordo de seu Star Destroyer Quimera, o pequeno poderio imperial.

Han Solo e Leia estão casados, Luke ainda busca conhecer o poder da Força, o Jedi esta cada vez mais sozinho em sua jornada pelo agente que uni toda a galáxia. Seu antigo mestre Kenobi já não se faz tão presente e, mesmo derrotando Vader, Luke não se sente tão preparado para reerguer uma nova ordem Jedi.

Tudo fica ainda mais sensível quando o grupo descobre que Leia esta grávida de gêmeos, os novos Skywalkers já vem com a marca da Força estampados neles. Porem, se ser dessa família significa ser forte, também significa ser tentado pelo lado negro. E tudo que o universo menos precisa é uma guerra entre Jedis e Sith nesse momento.

Se o lado rebelde anda meio desorganizado, o lado imperial navega em outra direção. Buscando a permanência dos mundos já adeptos ao regime, e em busca de novos planetas, o estrategista Thrawn descobre uma arma que anula o poder dos jedi. Inteligente, o grão-almirante percebe que lutar contra a Força é lutar uma guerra perdida, então acabar com ela é sinônimo de vitória. Mas vamos deixar os comentários sobre Thrawn para mais tarde.

Como um plot secundário, acompanhamos o grupo de caçadores de recompensas liderados por Talon Karrde, que ganha relevância pois a querida Mara Jade é uma das integrantes mais importantes do livro e também do grupo.

É impressionante ver como Zahn consegue manter o clima de space opera que Star Wars possui. O autor do livro levou a série para lugares maiores, conhecemos aqui novos personagens e planetas. Foi o livro que nos apresentou o nome Coruscant, que seria utilizado em toda a trilogia prequel como o nome do planeta república. E o lar dos Wookiees, Kashyyyk, também foi estabelecido pelo romance.

Outra grande novidade que o livro trouxe para os fãs foram os novos personagens. A já citada Mara Jade é com certeza um dos pontos mais altos de todo o livro. Com dilemas muito bem explorados pelo autor, a mulher era uma das mais leais servas do Imperador. Este que deu a ela a missão de matar Skywalker.

O ódio de Jade só aumentou quando a Sith descobriu que o Jedi matou seu mestre. Porém a mulher serve Talon Karrde agora, e o caçador de recompensas deu ordem para Mara não matar Luke, que foi preso pelo grupo. Todo esse conflito é muito bem construído no livro, não é à toa que Jade é até hoje uma das mais queridas personagens de toda a Saga.

Há muitos que dizem que para se ter uma boa história de Star Wars, deve-se possuir um excelente vilão. Os antagonista são grandes responsáveis por todo o brilho da saga. Ter um vilão ao mesmo tempo cruel e amável era a missão que Zahn possuía, e o autor não decepciona.

Grão-almirante Thrawn é com certeza o melhor personagem do livro. Frio, calculista, estrategista, responsável, líder, amante de artes, filosofia e antropologia. Essas são algumas das principais características do vilão, o alienígena de pele azul, e da raça Chiss foi o único imperial que serviu no comando do Imperador e não era humano.

Thrawn é o grande feito de Timothy para o livro, é impossível não amar o personagem. Ele tem toda a classe que um imperial deve possuir, mas o mais importante, ele não é soberbo como os outros lideres. É lógico que ele é tratado como um Grão-almirante, porém Thrawn consegue ver as fracassas de sua equipe e, traçar um plano que faça suas limitações virarem vantagens.

O gênio da guerra se tornou de longe um dos personagens mais queridos de toda a saga, fazendo até muitos dos fãs se perguntarem, como seria se Thrawn estivesse na batalha de Endor? Será que o Império pereceria naquela luta?

Foi um golpe duro no coração de todos nós quando a Disney anunciou que todo o Universo Expandido seria “descanonizado”. Quando isso aconteceu, Thrawn recebeu por tabela o título de Legends junto com toda a trilogia de Zahn.

Porem, o Grã-almirante está transcendendo esse título. Teremos Thrawn na terceira temporada de Rebels. Não é de hoje que Dave Filoni e sua turma gostam de capturar elementos do selo Legends e colocá-los como canon. Isso é muito sábio da parte dos produtores, em varias entrevistas Dave diz; sempre que vamos criar algo novo conferimos se isso já existiu em algum lugar do universo Star Wars, os fãs amam isso, pois veem antigos personagens de volta a vida.

Thrawn nunca precisou ser trazido de volta à vida. O personagem de pele azul nunca morreu, ele sempre terá seu lugar na mente de todo o fã da saga SW. Realmente espero que Rebels possa torna-lo ainda maior.

Herdeiro do Império não é o primeiro livro do antigo universo expandido de Star Wars. Mas, pode-se disser que o romance deu uma nova perspectiva para ele. Timothy Zahn tem uma grande importância para saga, ele acalentou e traçou com sua trilogia todo o caminho que Star Wars iria seguir até o lançamento de A Ameaça Fantasma em 1999.

Star Wars: Heir to the Empire (Star Wars: Herdeiro do Império) — EUA 1991
Autor: Timothy Zahn
Tradução para o português: Fábio Fernandes
Publicação original: 1991
Editora original: Bantam Spectra
Editora no Brasil: Editora Aleph
Páginas: 480 (aprox.)

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