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Crítica | High School Musical 2

por Roberto Honorato
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Depois de escrever uma crítica para o primeiro High School Musical, esperava algumas reclamações dos fãs mais calorosos sobre o quanto eu acho o filme um desperdício de possíveis talentos. Músicas esquecíveis e mal feitas, ou completamente descartáveis — estou olhando para você, When There Was Me and You, sério, eu te odeio, que música ruim! –, um bando de personagens genéricos e sem carisma algum e todo o resto parece ter sido feito com uma má vontade de dar dó. Felizmente, existe High School Musical 2, onde alguém deu uma cutucada no Kenny Ortega, que finalmente acordou pra direção e pegou o espírito da coisa, e temos a presença da criatura mais fabulosa (sim, era pra ser um trocadilho, eu não me importo) da sétima arte, Sharpay Evans (Ashley Tisdale).

Agora a premissa é diferente, mas a execução é a mesma, não espere algo surpreendente ou muito criativo em questão de enredo, então nem vou me prolongar em explicar detalhes para não estragar a experiência, mas a ideia de fazer os personagens aproveitarem as férias de verão rende os momentos mais icônicos da trilogia. Dessa vez, quase todos os problemas que você possa ter com o primeiro longa são corrigidos, e podemos ver logo na primeira cena, com os alunos contando os minutos para serem liberados das aulas. Enquanto cochicham e lembram que o verão está chegando, Mr. Darbus (Alyson Reed), a dramática professora do departamento de teatro da escola, continua ditando a matéria. Atrás dela, um relógio começa a dobrar de tamanho com cada virada do ponteiro, a ansiedade aumenta e quando finalmente soa o alarme, a sala explode de alegria na primeira música, “What Time is It”. Todos os alunos correm pelos corredores, é tudo vibrante e muito bem coreografado (cuidado, La La Land). Nestes primeiros cinco minutos já começamos com boa música, boa dança e comédia visual, coisas que se mantêm consistentes dessa vez.

A comédia visual está mais presente e é tão bem vinda que eu não sei por quê não enfiaram isso antes. Todas as interações entre Ryan (Lucas Grabeel) e Sharpay tiram um sorriso de mim toda vez que assisto seus números musicais, principalmente na música Humuhumunukunukuapua´a, um tesouro que ficou escondido por um tempo até ser revelado como uma cena deletada. Seria uma péssima decisão deixá-la de fora completamente por dois motivos: ela justifica o que fez Troy (Zac Efron) se atrasar para o encontro com Gabriella (Vanessa Hudgens) e é uma música da Sharpay, e se você tira um segundo dela, você está me atacando pessoalmente. Ainda sobre a comédia, High School Musical 2 acerta em cheio dando um tom mais cínico ao que antes era mais brega do que divertido. Ver Troy ensinando crianças a jogar golfe tem a melhor piada que o personagem já fez em toda a trilogia, e até sua corrida nos campos verdes para liberar a tensão, jogar areia no ar, ver seu reflexo na água e inspirar memes em Bet on It é feito com um olhar mais zombeteiro, como se fosse uma crítica ao filme anterior. Claro, não é como se os momentos cafona tivessem sido esquecidos, a relação de Troy e Gabriella está na mesma e só é convincente no terceiro filme, e tudo termina com All for One, naquela cara de produção feita direto para DVD (o que é mesmo, mas essa parte parece gritar desesperadamente isso) com um número musical que serve de desculpa para fechar tudo, como fazem bastante em animações que não sabem como dar um desfecho decente para a narrativa.

E já que eu mencionei o casal principal (isso é o que querem que você pense, todos sabem que as estrelas são os Evans), eles tem novamente uma música própria, e como foi no primeiro filme, a de Gabriella é a mais fraca. Gotta Go my Own Way tem identidade, pelo menos, mas ainda se perde no meio de tantas outras que falam mais alto, como a divertida Fabulous e a chiclete, porém competente, Work This Out. As músicas são bem mais harmoniosas e combinam com a voz dos adolescentes, a coreografia ainda não está no nível que será atingido no próximo filme, mas tem alguns destaques, como I Don´t Dance — e não importa o que digam, esse foi o primeiro passo da Disney na representação homoafetiva em qualquer um de seus filmes. Não me diga que Ryan e Chad (Corbin Bleu) cantando em um campo de baseball, falando sobre não fazer parte de “um time” e dançando ao lado de modelos balançando tacos de baseball foi acidental. Eles até trocam de roupa depois do jogo, só não vê quem não quer. Empurrar a Kelsi (Olesya Rulin) como par romântico de Ryan acaba sendo a coisa menos crível de todos os filmes da série.

Eu sei que já falei bastante dela, mas não dei os devidos créditos ainda. Ashley Tisdale é maravilhosa, e podem dizer o contrário, mas ela é o coração destes filmes. Além de ser a atriz que faz piadas e canta do jeito mais natural de todo o elenco, é sua personagem que move tudo e todos e suas motivações não são lá tão vilanescas quanto pintam. Tirando seu semblante arrogante, sua única missão é fazer o show continuar, e isso inclui talvez “testar a fidelidade” de seus amigos. Não é uma coisa boa, mas ela até tem um ponto, porque todas as suas advertências acabam se justificando muitas vezes. Eu só precisava deixar isso estabelecido antes de tudo.

Tisdale prova sua força cantando You are the Music in Me, uma balada romântica nas mãos de Troy e Gabriella que se transforma em um espetáculo extravagante quando Sharpay toma conta da música e injeta energia e criatividade, como se estivesse jogando na sua cara que ela faz melhor que o casal principal. E faz mesmo. É engraçado como High School Musical 2 é, para muitos (me inclua nessa), o melhor da trilogia, mesmo com os personagens passando menos de dez minutos na escola. Outra coisa curiosa é como eu fui de quase desistir da série depois de ver o primeiro filme, mas acabei me tornando uma daquelas pessoas que tem as músicas em uma playlist e escuta sempre que possível, tudo por conta dessa continuação, maior, mais engraçada e cheia de personalidade. 

High School Musical 2 — EUA, 2007
Direção: Kenny Ortega
Roteiro: Peter Barsocchini
Elenco: Zac Efron, Vanessa Hudgens, Ashley Tisdale, Lucas Grabeel, Corbin Bleu, Monique Coleman, Bart Johnson, Alyson Reed, Chris Warren
Duração: 111 minutos

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