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Crítica | Homem-Aranha: Anos Perdidos

por Erik Blaz
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Parecia um retorno a uma época mais inocente. Quando as ruas eram limpas, as pessoas sorriam e eram educadas umas com as outras… E o mundo estava cheio de esperança.

Ben Reilly

A “Saga do Clone” nem sempre vem seguida de bons sentimentos e recordações agradáveis de grande parte dos fãs do escalador de paredes.

Na verdade, trouxe muitas decepções, questões sem respostas que foram deixadas de lado como toda a alegria de colecionador da época… Mas para não delongarmos a tristeza que nos ocorreu, o fato é que, mesmo não sendo nem de longe a melhor saga, ela nos trouxe personagens que ficaram marcados na história do Aranha.

Em 1995, a Marvel Comics decidiu mostrar como foi a vida do principal personagem das histórias do Clone: Ben Reilly; talvez, com o intuito de aproximar mais o personagem dos leitores. A minissérie Anos Perdidos mostra um pouco do que aconteceu ao nosso herói antes de ele voltar para Nova Iorque como o Aranha Escarlate. Foram cinco anos de viagem por todos os EUA, como um nômade em busca de um destino final. Seu auto-exílio o levou a Salt Lake City; a um novo emprego; um relacionamento amoroso… Mas então, o que torna esta mini-série um conto de boa qualidade, diferente da enrolada Saga do Clone?

Bem, escrito pelo excelente J.M. DeMatteis, o enredo tem um começo, meio e fim sem frescurinhas, sem super-vilões com ego inflado e pelo incrível que pareça, você não verá nosso herói uniformizado.

É realmente uma história de Ben Reilly tentando achar um rumo e caindo em um lugar onde aceita lidar com os problemas de maneira próxima da qual conhecemos.

A narração é variada entre nosso protagonista, seu perseguidor Kaine (o primeiro e defeituoso clone de Peter Parker) e o honesto policial Jacob Raven, que tem seu caráter comparado ao do falecido Tio Ben e que passa durante o conto por diversos problemas, começando pelo assassinato de sua esposa até o sequestro de seu único filho pela máfia da cidade. Cada um mostrando seus pontos de vista, sofrimentos e conceitos. Cada qual sendo bem colocados e os enquadramentos de cena são ótimos, provavelmente o auge da arte de John Romita Jr., talvez a melhor época do artista.

Durante o decorrer da história, Ben Reilly encontra Janine, uma garota de cabelos ruivos e bem misteriosa. DeMatties vai nos deixando cada vez mais curiosos até que utiliza de um tabu para deixar o conto mais interessante, apelando para o tema do abuso sexual na infância da moça e um assassinato marcado em sua vida para sempre (Clique aqui e veja mais sobre o escritor na vida do Aranha)… Reilly precisa lidar com isso, com Kaine que também tem seu coração conquistado por uma policial corrupta e toda uma organização criminosa que coloca a vida de inocentes em risco.

Longe da infeliz Saga do Clone, nosso herói não luta contra inimigos super-poderosos que aprecem com pouca lógica em situações cada vez mais estranhas.

Kaine não é um vilão que quer dominar o mundo e seu ódio tem uma explicação tão natural que pode ser compreendida por qualquer pessoa, afinal ele esta morrendo e Ben Reilly, que até então nesta época (na Saga do Clone) foi dado como o original Homem-Aranha, precisava sofrer. O crime organizado deixa a história mais próxima da realidade, com uma temática mais policial onde é mostrado os lados honestos e corruptos e claro, todo o drama sendo bem empregado até a derradeira decisão de Kaine sobre o que fazer quando este descobre a verdade por traz de sua paixão. Uma história mais adulta do aracnídeo (mais precisamente do clone), com poucas piadas, nenhuma teia ou colante colorido. Porém não deixa de ser um conto de boa qualidade mesmo tendo por trás uma base não muito aceita pela maioria dos fãs.

Particularmente, o final é perfeito e a única coisa que entristece é saber que esta “interligado” com a infeliz Saga do Clone. Mas se vale a pena ler? Com toda certeza!

Homem-Aranha: Anos Perdidos – minissérie em 3 edições
(Spider-Man: Lost Years, 
EUA, 1995) 
Roteiro: John Marc DeMatteis
Arte: John Romita Jr.
Arte-Final: Klaus Janson
Cores:
 Christie Scheele
Editora: Marvel Comics
Editora no Brasil: Abril Jovem
Páginas: 90

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