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Crítica | Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Com Spoilers)

por Gabriel Carvalho
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“Então, para se tornar um Vingador, tem algum teste, ou uma entrevista…?”

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  • Contém óbvios spoilers. Leia a nossa crítica sem spoilers, clicando aqui e nosso Entenda Melhor de referências e easter-eggs, clicando aqui.

Se Homem-Aranha: De Volta ao Lar fosse mais um reboot independente, sem relação com qualquer outro produto audiovisual do momento, certamente receberia a adjetivação “desnecessário” por grande parte do público e da crítica. Já que é proveniente do acordo entre a Sony e a Marvel Studios, deslocando o personagem e sua mitologia para dentro do Universo Cinematográfico Marvel, este não é o caso, muito pelo contrário, porque a obra é esperada ansiosamente por muita gente – e nem pouco desnecessária aos olhos dessas pessoas. As reclamações oriundas de boa parte dos fãs, relativas ao minucioso entrelaçamento do personagem com o resto dos acontecimentos da cronologia deste “novo” universo, contudo, são estranhas – e espero que passageiras. O Homem-Aranha não poderia estar mais inserido dentro desse mundo – e isso está longe de ser ruim.

Apesar dos diversos receios antecipados, a gigantesca costura é um dos principais pontos positivos do filme, logo de cara o destacando ao lado dos demais, como parte da turma. A necessidade por embasamento de franquia não sobrecarrega a obra, mas ressignifica a mesma, mostrando-se como necessária para o respectivo contexto – apenas assim. De Homem de Ferro a Os Vingadoresdiversos filmes dessa extensa saga fazem-se presentes, ou seja, vívidos dentro de um conto de proporções menores, mas tão espirituoso quanto. Homem-Aranha: De Volta ao Lar não poderia ser uma aventura “independente” do personagem, como fora Guardiões da Galáxia Vol. 2. O Homem-Aranha (Tom Holland) está de volta ao lar, e não em um um apartamento alugado por tempo indeterminado. O trabalho com todo o universo é necessário  e, desde o início, temos essa questão enaltecida.

Pensem comigo: não faria sentido, após a sensacional introdução do personagem em Guerra Civil, o personagem se ater apenas ao seu próprio mundinho. As consequências do evento são óbvias. Um garoto animado, atrapalhado, querendo participar das mais diversas atividades heroicas, foi apresentado. Peter não tem que ser o Homem-Aranha, mas quer ser o Homem-Aranha. Os demais conflitos internos, prévios, estão distantes. A sentença “coisas que May passou” revela a inexistência de espaço, aqui, para a famigerada crise de poderes e responsabilidades – e, consequentemente, não existe espaço para o lendário Tio Ben ser citado. O longa-metragem, de tal forma, não traz apenas uma morada diferente para o personagem, como também uma inédita visão cinematográfica deste amigão da vizinhança, onde o contexto de sua existência, o universo compartilhado, é crucial.

Isto posto e argumentado, adentramos na jornada de um entusiasta à super-herói, com incríveis poderes, mas pouquíssima habilidade, e que, por via da sorte e do acaso, conseguiu participar de sua primeira, até agora única, missão ao lado dos Vingadores. Quais eram as chances? Enquanto clama por uma nova oportunidade de “estagiar”, o garoto continua seu trabalho como herói local, atuando pela sua região de Nova Iorque e resolvendo conflitos mundanos; um ponto interessante, que torna as experiências de confrontos contra super-vilões menos frequentes, porém, mais intimidadoras, como em um videogame. Entretanto, é com a vida regular de Peter Parker, na escola e no dia-a-dia, que a obra encontra um caminho tão bom quanto a jornada do herói que será estabelecida posteriormente – sobre onde devemos atuar e não onde queremos atuar.

Como temos, na composição da fita, uma May (Marisa Tomei) mais nova, menos fragilizada, dinheiro não é problema, permitindo a obra nem ousar explorar os méritos que envolveriam o protagonista com o Clarim Diário, como o cânone conta. Tais situações são adiadas para o futuro, caso os próximos roteiristas optem por caminhar assim. O que temos embasado, por agora, é a vida escolar do personagem, um aspecto sublinhado de relance nas adaptações anteriores. Com menções a O Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado, o colegial americano ganha o ponto de vista do herói adolescente, que sofre pelas complexas relações escolares, assim como heróis adultos sofrem pelas suas próprias questões internas. Nos quadrinhos, Peter Parker tem que trabalhar, enquanto, nesse filme, apenas estudar não é algo “tão fácil” assim. O jovem super-herói é um símbolo.

Nem Homem-Aranha, nem O Espetacular Homem-Aranha. Nenhum desses dois longas de origem do super-herói mais famoso de todos adotaram o Ensino Médio como um organismo tão vivo quanto De Volta ao Lar. O dia-a-dia do colegial ainda soa consideravelmente exaustivo para Parker, mas nem um pouco enfadonho para o público, divertindo-se como divertia-se assistindo às comédias dos anos 80. O garoto não sabe lidar com as ofensas de Flash (Tony Revolori), então nem espere o descolado personagem de Andrew Garfield. Tom Holland também não é, contudo, o nerd estereotipado, como o de A Vingança dos Nerds, muito menos o abobalhado de Tobey Maguire. A linha cinza entre um e o outro é a escolhida pelos responsáveis, sendo nela o local de atuação do roteiro, complementando o elenco jovem com personagens necessariamente diversificados.

Antes de mais nada, precisamos entender que o Homem-Aranha clássico, criação de Stan Lee e Jack Kirby, é um produto de seu tempo e que, para se adequar aos dias de hoje, são necessárias mudanças no seu cenário temporal. Algumas décadas separam os anos 1960 dos dias atuais, ou seja, a revisão de estruturas sedimentadas naquela época, em um mundo muito mais segregado, é mais do que obrigatória, ou realmente precisamos acompanhar uma escola recheada de garotos e garotas caucasianos, padronizados por puro fan-service? Flash, a exemplo, foge do arquétipo de bully, tendo muito mais espaço na tela do que os personagens homônimos anteriores. O jovem não é um atleta musculoso, mas um baixote no mínimo imbecil, economicamente privilegiado. Uma prova de que alguém não precisa ser fisicamente violento para ser psicologicamente aborrecedor.

Já o melhor amigo de Peter, Ned (Jacob Batalon) é um grande diferencial dos quadrinhos do Teioso. O coadjuvante, primeiramente, não pretende ser um correspondente, pelo menos não até agora, de Ned Leeds, colega de trabalho e marido da primeira namorada de Parker, Betty Brant (Angourie Rice, em uma ponta pouco relevante). As semelhanças são mais comparáveis às características de Ganke Lee, personagem do finado Universo Ultimate. O personagem, de toda forma, é o maior alívio cômico do filme, funcionando muito bem quando possui espaço para aparecer. Batalon é extremamente carismático, tendo muito mais química com Parker do que Harry Osborn, na trilogia de Sam Raimi, em contrapartida, teve com o seu parceiro, naquela interpretação de James Franco. A união entre os dois, aqui, é muito mais verídica e sensível.

O par romântico do personagem, Liz (Laura Harrier), por outro lado, não é uma figura tão forte quanto Mary Jane e Gwen Stacy foram nas obras antecessoras. A química entre a garota e e o herói é baixa, mas não havia o porquê desta ser realmente bem trabalhada pelo roteiro. O próprio filme garante à personagem o status de paixonite passageira. Um efêmero episódio, distante do intrinsecamente verdadeiro, que permitiria o destino promover um reencontro. Uma boa aproximação ao material fonte, visto que Liz Allan, nos quadrinhos dos anos 60, também é um afeto – nada bem relacionável – de colégio, nunca provando-se verdadeiro, retornando, para o cânone, apenas para tornar-se esposa de Harry Osborn. Homem-Aranha: De Volta ao Lar, nesse sentido, é uma adaptação fiel, porque Liz Allan parte para Oregon após o clímax da obra, em decorrência de eventos bombásticos.

Após ser apresentado no início do filme através de uma divertidíssima sequência de gravações como o super-herói amigão da vizinhança, Tom Holland é ainda mais primoroso que Andrew Garfield fora no reboot anterior. As tiradas cômicas são em sua maioria excepcionais, com a voz levemente esganiçada de Holland contribuindo ainda mais para com o aspecto jovial do personagem. Ele realmente parece um garoto de quinze anos que coincidentemente adquiriu super poderes e um uniforme high-tech. A inexperiência do herói, entretanto, acaba dando origem a diversas situações inoportunas: da descoberta da identidade secreta de Peter por parte de Ned às tentativas contínuas de esquivar-se de May, que enfim provam-se fracassadas no final mais que hilário.

Estes são elementos pequenos que modelam perfeitamente uma constante nos quadrinhos clássicos do herói, ou seja, a não conciliação da vida heroica do personagem com a vida rotineira. A inclusão do Homem-Aranha no Universo Cinematográfico Marvel soa ainda mais que crível. Ela soa orgânica. Entende-se perfeitamente por que o herói nunca antes fora mencionado. Sendo reduzido a um amigão da vizinhança e impedido de atuar livremente por Happy Hogan (Jon Fravreau em sua melhor aparição na franquia de filmes da Marvel), Peter acaba cometendo seu primeiro delito, logo após descobrir de planos criminosos envolvendo tecnologia alienígena, ao retirar o rastreador de seu uniforme. A empolgação esbarra em limites, mas o nosso sensacional herói ri dos limites.

Outra das demais reclamações reside na hiper-tecnologia aplicada ao traje do aracnídeo, com discursos puristas rejeitando-o copiosamente. Devo interromper os fãs xiitas. Reparem, por exemplo, que o rastreador usado no segundo Shocker (Bokeem Woodbine), um dos capangas – nada demais em termos narrativos – do antagonista principal, remete-se diretamente às clássicas edições de The Amazing Spider-Man, que também dão surgimento às múltiplas teias, paraquedas e às “asas”- estas mais consolidas no cânone -, mas que ganham justificativas mais abrangentes justamente aqui. Os atributos são todos desenvolvidos pela dupla Lee/Ditko, que apenas ganham explicações mais sólidas, baseadas na mitologia já estabelecida neste universo. Notifica-se ao espectador desatento que Jennifer Connelly é a voz por trás de Karen, a inteligência artificial por trás da versão “desbloqueável” do uniforme.

Mais uma polêmica que não encontra paralelo com a realidade do produto, Tony Stark (Robert Downey Jr.), o nome mais popular deste universo compartilhado, pontua muito bem em suas poucas aparições, abrindo definitivamente as portas para a glamourosa entrada do Homem-Aranha. Sem o tio Ben, Stark assume o papel de mentor, mesmo que este não traga uma carga dramática tão poderosa quanto a da velha figura paterna. O que falta à relação é a presença de diálogos mais intensos, e espaço para Downey Jr. mostrar seu imenso leque interpretativo além do alívio cômico. A retirada do uniforme high-tech, após o Teioso causar um gigantesco alvoroço e quase ocasionar centenas de vítimas em uma balsa, soa indevidamente hipócrita e desnecessária, ainda mais após o bem sucedido resgate de seus colegas do Decatlo anteriormente em Washington D.C. Custava dar mais uma chance ao garoto? Fora que nem houve vítimas.

A fragilidade da carga dramática de De Volta ao Lar prejudica imensamente um momento específico do longa: a cena de Parker debaixo de escombros, sem seu uniforme high-tech, após ser derrotado pelo vilão, já no terceiro ato do filme. A cena é obviamente inspirada na épica sequência do clássico arco A Saga do Planejador Mestre, correspondente às edições #31 a 33, mas seu impacto é quase nulo. Enquanto na inspiração temos um herói capaz de levantar blocos de concretos pela sua tia May, próxima à morte, neste, o voice-over do Homem de Ferro chega a ser brochante, mesmo que a execução do momento seja bem feita – um pouco menos de escuridão seria melhor.

Não espere outra sequência grandiosa do personagem como fora a sequência em cima do trem contra o Doutor Octopus (ainda o melhor vilão do Aranha nos cinemas, tendo sido interpretado brilhantemente por Alfred Molina) em Homem-Aranha 2. Aqui elas são menos inventivas, sendo que a última no terceiro ato do filme é deveras esquecível, mesmo que a escuridão excessiva de tal tenha sido utilizada como artifício para maquiar a artificialidade do boneco digital do herói. A aparição do vilão alado após a primeira intervenção do Aranha no contrabando é problemática, pois apesar do personagem ser visualmente ameaçador, a câmera tremida não caminha bem ao lado dos cortes rápidos. O diretor Jon Watts se favoreceria de planos mais longos, um estilo mais próximo ao Sam Raimi da trilogia original.

Antagonista de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, o Abutre (Michael Keaton) também traz uma relação íntima com os acontecimentos de filmes anteriores, sendo introduzido como mais uma peça de um quebra cabeça de quase dez anos. A destruição da cidade de Nova Iorque é o ponto que alavanca a “vilania” do personagem. Ao ser informado que o Controle de Danos, no qual Stark é dono, irá tomar posse da retirada dos destroços e objetos alienígenas, Adrian encontra-se em meio a problemas financeiros, enxergando um caminho no roubo de tais artefatos cósmicos. O velho ladrão de bancos, criado logo na The Amazing Spider-Man #2, sofre uma adaptação humanizadora, tornando-se aqui uma figura com motivações mais compreensíveis, mesmo que a ganância tenha subido a cabeça do personagem mais e mais depois de tanto tempo.

Ademais às previamente comentadas, também há mais mudanças bruscas na mitologia do vilão principal. Enquanto o(s) Shocker(s) e o Consertador são antagonistas relativamente menores, o “urubuzão” é um dos maiores vilões da vasta galeria do Homem-Aranha. Adaptações com tal personagem como as que ocorrem em De Volta ao Lar podem ser, para fãs mais extremistas, grandes problemáticas. A mais significativa delas é o fato de Adrian também ser o pai de Liz, visto que tal mudança também implica na alteração do background deste outro personagem coadjuvante clássico do Teioso. O plot twist do longa também remete-se diretamente a esta mudança, sendo que seu impacto, especialmente aos fãs hardcore, pode variar, mesmo que nada aqui se compare – nem de longe – ao que aconteceu com o Mandarim em Homem de Ferro 3 – um filme pouco compreendido, por sinal. A vasta maioria do público do filme irá definitivamente se surpreender, provando a eficácia desta reviravolta na trama.

Para fins de progressão da análise do filme, o que acontece é que, ao buscar Liz na sua casa, após ter perdido seu uniforme para Tony, Peter é recepcionado por Adrian, revelando tal como pai da garota, causando tanta apreensão no personagem título quanto no público. A sequência ganha um teor mais tenso, caindo diversas vezes em uma comicidade nervosa diante da angústia. Rumo ao homecoming, o vilão gradativamente assimila o garoto ao herói que antes enfrentara. O diretor acerta ao transpor calmamente a reação da descoberto do Abutre que insinua aos poucos a sua descoberta a Peter, que encontra-se derradeiramente enclausurado no meio termo entre o medo e o desespero. A famosa “conversa do paizão com o namoradinho da filha” é subvertida, e Toomes abre mão da insinuação para a ameaça de fato, durante um excelente monólogo.

Esta cena no carro ganha espaço fácil no panteão das melhores cenas da franquia de filmes do Homem-Aranha. Nela, Peter encontra-se em seu momento mais frágil, não podendo revelar-se como Homem-Aranha e tendo de submeter-se às ameaças proferidas pelo pai de Liz. Tom Holland consegue desempenhar muito bem seu papel como uma figura amedrontada, assim como desempenha Michael Keaton como uma figura amedrontadora. As ameaças de Toomes não residem-se apenas no clássico embate de heróis versus vilão. Por dentro o antagonista está tão assustado quanto o protagonista, temendo a exposição de suas atividades criminais não apenas para a polícia, mas para a sua família.

O roteiro do filme, assinado por seis cabeças, permite ao Abutre, um clássico oponente do Teioso, despontar como o segundo melhor vilão dos filmes do Aranha, ao lado do Duende Verde de Willem Dafoe. Adrian Toomes não é verdadeiramente um homem mal, disposto a cometer atrocidades em vão e atormentado por uma vingança irrefreável. Suas ações são calculadas, e até o mais “cruel” dos seus atos – a morte do primeiro Shocker (Logan Marshal-Green) – acontece por engano, em uma troca inoportuna das armas desenvolvidas pelo Consertador (Michael Chernus). De tal modo percebemos a importância da primeira cena pós-créditos, que revela ao público a não-intenção de Adrian em vingar-se do Aranha – pelo menos ainda não.

Fora todas as homenagens ao Homem-Aranha clássicos dos anos 60, é relativamente fácil de se perceber a vasta conexão deste filme com o Universo Ultimate. Trazendo de volta o conceito do personagem sendo fruto de sua época, já comentado anteriormente, o que acontece aqui é a permanência de uma essência de Peter Parker/Homem-Aranha nostálgico, mesmo que sua estruturação seja consideravelmente alterada. A maior parte das adaptações puxam da versão Ultimate do herói, encontrando eixos perfeitos para a jornada do personagem. O colegial, por exemplo, é muito breve nos quadrinhos regulares, sendo pouco pincelado pelo roteiro de Lee e Ditko que mais se preocupava nas aventuras contra o crime do personagem e na situações econômica do personagem – o Homem-Aranha junta-se ao Clarim Diário logo de cara, por exemplo. A maior homenagem ao Universo Ultimate encontra-se na participação de um criminoso chamado Aaron Davis (Donald Glover), que como mesmo revela no filme possui um sobrinho. O nome deste sobrinho, como apontam as HQs, é Miles Morales. Sim, o mais popular personagem Ultimate está no Universo Cinematográfico Marvel, quer seja apresentado futuramente ou não. Eu, particularmente, espero que seja.

O filme ainda possui diversas situações triviais que encorpam a autenticidade do mito desenvolvido pela terceira vez nas telas. O fluido de teia sendo criado no laboratório da escola é outra inspiração vinda dos anos 60 e aqui ganha mais espaço, diferentemente de O Espetacular Homem-Aranha. É hilário ter algumas das perguntas mais constantes do personagem sendo respondidas com jocosidade. Sem os arranha-céus de Manhattan, a locomoção é muito mais problemática – mas tão divertida quanto – no Queens. Por fim, deve-se comentar da trilha sonora do filme, pouco memorável, mas bem funcional quando aplicada diegeticamente. Para acessar a crítica da trilha sonora original do filme, clique aqui.

A obra possui diversas pequenas conclusões, e duas destas são extremamente expressivas. A primeira relaciona-se à personagem de Michelle (Zendaya), coadjuvante que apesar de ter pouco a fazer neste longa, revela-se no último momento como apelidada de MJ (apelido também da famosa Mary Jane). Esta mudança é a única que fez-me torcer o nariz de leve. Terei que esperar a sequência deste filme para digerir este fato até então pouco aprazível. O final de fato, coloca o Homem-Aranha à frente de Tony Stark, com este convidando o herói para fazer parte dos Vingadores. Após – com todo o sentido – recusar o convite (o que relembra a The Amazing Spider-Man Annual #3), indica-se ao espectador que tal era um teste, mesmo que depois de apenas alguns instantes após Peter sair da nova instalação do super grupo, Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) surge revelando um cenário parecido com a coletiva de imprensa da super saga Guerra Civil. Por fora, pergunta-se: só eu que achei irresponsável Tony Stark chamar um garoto de 15 anos para fazer parte dos Vingadores? Em Guerra Civil já era meio errado o Homem-Aranha estar no meio de tudo aquilo, mas agora as coisas foram além. Eu entendo como sendo parte da personalidade despreocupada de Tony Stark, mas a chance de abordar isto, e suas possíveis consequências, era agora. Chance desperdiçada, relevarei tal preocupação para futuras obras (Vingadores: Guerra Infinita, por exemplo).

Homem-Aranha: De Volta ao Lar não é superior aos dois primeiros filmes da trilogia original, mas segue o melhor caminho possível para o personagem. As incongruências encontradas no roteiro e a direção pouco inspirada não se aliam muito bem à espetacular atmosfera criada no filme. As atuações principais são fortes, sendo que Tom Holland é definitivamente o melhor Homem-Aranha do cinema. As liberdades poéticas que o roteiro encontra para progredir a narrativa pode encontrar barreiras nos corações de leitores e espectadores mais fervorosos. Pessoalmente, agraciei-me com a maioria das mudanças. Com uma participação de Stan Lee mediana, e a segunda cena pós-créditos sendo a melhor já feita, alguns detalhes menores fazem toda a diferença para a obra. De Volta ao Lar certamente não é um filme esquecível, visto que momentos grandiosos como a já famigerada cena no carro irão permear a memória do espectador por muito tempo. Enfim, bem vindo de volta, Cabeça de Teia.

  • Crítica originalmente publicada em 8 de julho de 2017.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider-Man: Homecoming) — EUA, 2017
Direção:
 Jon Watts
Roteiro: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, Jon Watts, Christopher Ford, Chris McKenna, Erik Sommers
Elenco: Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr., Marisa Tomei, Jon Favreau, Gwyneth Paltrow, Zendaya, Donald Glover, Jacob Batalon, Laura Harrier, Tony Revolori,  Bokeem Woodbine, Logan Marshal-Green, Michael Chernus, Michael Mando, Jennifer Connelly, Chris Evans, Garcelle Beauvais, Stan Lee, Martin Starr
Duração: 133 min.

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