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Crítica | Inumanos – 1X04: Make Way for… Medusa

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Ora, ora, quem diria. Inumanos demorou, mas finalmente conseguiu alcançar a mediocridade! Um grande feito considerando o começo duplo abaixo da média e o terceiro episódio abissalmente ruim. Claro que ainda estamos longe de algo que torne a série realmente minimamente recomendável, mas já é uma clara evolução para o trabalho do amaldiçoado Scott Buck à frente de séries da Marvel.

E, para isso, bastou que a trama começasse a lidar de forma um pouco mais elegante e orgânica com a conexão existente entre Medusa e Raio Negro, além de apresentar uma linha narrativa levemente mais complexa, que conecta o misterioso helicóptero deus ex machina que surgiu do nada em Divide and Conquer com a trama encabeçada por Maximus em Attilan. Nada como estabelecer um semblante de propósito aos personagens além do básico unidimensional que vinha sendo apresentado até agora.

Para tornar isso possível, porém, Make Way for… Medusa (título retirado da HQ The Amazing Spider-Man, Vol. 1 #62 em que Medusa visita o Homem-Aranha na Terra) repete um de seus mais irritantes defeitos: o espelhamento de estrutura entre cada núcleo. Sem dúvida alguma, a essa altura todo o espectador já percebeu que, guardadas as devidas proporções, o que acontece a um membro da família real, acontece a outro e assim por diante. Cada um foi teletransportado para um lugar diferente do Havaí graças à incompetência canina. Cada um perdeu seus poderes de uma maneira diferente (à exceção de Gorgon, mas o poder dele é, convenhamos, próximo do inútil) para economizar efeitos especiais (a verdade) e tornar a jornada mais difícil (a meia verdade). E, agora, cada um deles tem um amigo humano para chamar de seu. Se Raio Negro já tinha seu Tocha Humana volumoso, agora Medusa tem a conveniente Louise (Ellen Woglom), que trabalha no Centro Aerospacial Callisto, Karnak tem uma namorada plantadora de maconha(!!!), Gorgon é chefe de uma milícia que parece endeusá-lo e Crystal encantou um garotão bonitão que mais do que coincidentemente tem como ex-namorada uma veterinária que não acha lá muito estranho um buldogue do tamanho de um touro (aliás, em mais uma repetição, Dentinho, ferido, perdeu seus poderes…).

Com as contrapartidas humanas, o desenvolvimento paralelo de cada personagem ganha um pouco mais de substância, ainda que o objetivo de cada um seja exatamente igual aos demais, ou seja, a lenga lenga de um achar o outro e todos voltarem para a Lua. De certa forma, até mesmo Maximus – ou apenas Max, para os íntimos – tem seu amigo humano na figura do Dr. Evan Declan (Henry Ian Cusick), que parece ter objetivos nobres como usar o DNA inumano para curar doenças humanas e, pelo que dá a entender, está sendo há algum tempo manipulado pelo irmão de Raio Negro. Essa relação à distância empresta, então, outra conotação ao golpe de estado perpetrado por Maximus, dando-lhe um caráter mais profundo e de longo prazo e não algo perdido, aleatório e fácil demais que vinha sendo trabalhado até agora. Não que as revelações do episódio curem os sérios problemas dos roteiros anteriores, mas elas certamente ajudam no convencimento de que a série não foi escrita em um “toró de palpite” entre os auxiliares dos estagiários dos produtores.

No entanto, o maniqueísmo das situações continua a todo vapor. Todos os humanos que os inumanos encontram querem ajudá-los de corações abertos. Ninguém acha nada estranho (nem o já mencionado cachorrão), ninguém chama a polícia, ninguém nem mesmo faz perguntas relevantes, com exceção, talvez, de Louise, mas que ganha um tratamento quase de tiete que cansa e emburrece (a personagem e a nós também), por mais que a química de Woglom com Serinda Swan seja inicialmente boa. O caso romântico de Karnak, diria, é o que mais faz soar o “alarme de manipulação de audiência” de tão perdido, aleatório e fora de caracterização do personagem que é todo esse desenvolvimento meteórico com direito a uma constrangedora sequência caliente na praia seguida de amor na cabana nas barbas do colega de maconha da moça. É como se o episódio de repente parasse e fosse substituído por um trecho de Largados e Pelados.

Auran e sua equipe, que parecem se teletransportar para onde está Raio Negro, mais uma vez não conseguem convencer como ameaças. O tão alardeado Mordis, apesar da máscara pseudo-ameaçadora, revela-se como um bobalhão que não consegue nem mesmo matar um monarca que não pode fazer nada a não ser olhá-lo com rosto de constipado o tempo todo.

Em termos de ação, chega a ser constrangedor a montagem que mostra Raio Negro cercado, logo em seguida entortando um cano e, depois, voltando-se para ver Medusa chegar para dar uma “portada” em Mordis. Não há nem um semblante de fluência em toda essa cena, com picotes que quebram completamente o ritmo narrativo, jamais passam a impressão de simultaneidade e, no final das contas, parece algo feito por uma equipe técnica amadora que recebeu a missão como dever de casa da escola (seriam os mesmos auxiliares de estagiários que mencionei acima?).

Com metade da primeira temporada no ar, Inumanos, apesar de ter melhorado significativamente, ainda é um fanfic glorificado que funciona como um verdadeiro desserviço aos personagens e à marca Marvel na televisão (sim, mais do que Punho de Ferro). Se a temporada acabar com a mesma qualidade deste episódio, já me darei por satisfeito.

Inumanos – 1X04: Make Way for… Medusa (EUA – 13 de outubro de 2017)
Showrunner: Scott Buck
Direção: David Straiton
Roteiro: Wendy West
Elenco: Anson Mount, Iwan Rheon, Serinda Swan, Eme Ikwuakor, Isabelle Cornish, Ken Leung, Sonya Balmores, Mike Moh, Nicola Peltz, Ellen Woglom, Henry Ian Cusick
Duração: 42 min.

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