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Crítica | Legends of Tomorrow – 3X18: The Good, The Bad and The Cuddly

por Luiz Santiago
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Legends-of-Tomorrow-The Good, The Bad and The Cuddly plano critico finale

Episódio e Temporada

Há SPOILERS do episódio e da série. Leia, aquias críticas dos outros episódios.

Como tradição em Legends of Tomorrow, temos aqui a visita das Lendas ao Velho Oeste e o encontro anual com Jonah Hex, algo que desde cedo achei muito interessante na série. Para uma temporada como esta, ver este cenário logo no Finale é ao mesmo tempo um bom fechamento de ciclo, mas também (e paradoxalmente) um pequeno anti-clímax, já que a batalha contra Mallus poderia ganhar proporções mais… digamos… épicas, ou repercussões de ordem diferente. Estou me adiantando, porém. Vamos por partes.

Escrito por Marc Guggenheim e Phil Klemmer, o roteiro deste encerramento de temporada conclui a manifestação do Demônio do Tempo da maneira mais improvável possível. A ação começa em Zambesi, vai para os Estados Unidos do século XIX e termina em Aruba, nos dias atuais. É ótimo ver um trânsito de lugares assim e tudo bem colocado no roteiro, tendo ainda o agravante bem orquestrado de concentrar muitos personagens — inclusive, de momentos diferentes da série — num único lugar. Em outro momento, isso poderia ser uma tremenda punhalada na lógica interna do show, mas aqui, mesmo não sendo perfeito em seu total funcionamento, cumpriu bem o papel.

Quando falei anteriormente sobre o anti-clímax, estava me referindo exclusivamente à promessa de luta que se mostrou para este final. Não sejamos condescendentes. Todo mundo esperava uma grande luta. Já tivéramos isso em Legendary e depois em Aruba, de modo que não era nada estranho imaginar uma toada oposta para o roteiro aqui, especialmente porque o drama em andamento, neste terceiro ano, é absurdamente superior ao dos anos anteriores. Então tivemos uma imensa quebra de expectativas, a escolha de um outro caminho. No sentido mais simples da análise, não há nenhuma dúvida de que a quebra do padrão foi boa. Aliás, o Beebo gigante formado pelo pensamento de pureza e força que as Lendas criaram já está na minha lista de melhores coisas que eu já vi na televisão. Aliás, ver o ursinho gigante lutando contra um Demônio me arrancou genuínas gargalhadas. Então, sim, a surpresa funcionou bem no plano de visto do entretenimento e como consideração isolada. Foi extremamente divertido. Mas quando paramos para pensar, é impossível não notar algumas lombadas no processo, na forma como este ponto se interage com o episódio e com a temporada.

Se a intenção geral dos produtores e roteiristas era mudar o foco desde o início, então que a temporada tivesse mais elementos desses para que isso não parecesse deslocado. De imediato penso no humor negro com que Damien Darhk foi tratado em alguns capítulos, mas para ser franco, todo o entorno se beneficiava com este momento. Não era apenas o bloco isolado de humor, um núcleo à parte. Neste Finale, a minha impressão foi justamente esta: a de estar vendo um outro núcleo, que isoladamente é incrível, mas quando visto no todo, destoa por dois motivos principais: o primeiro é que foi justamente aqui que a temporada terminou; e o segundo, é que há muito drama e acontecimentos densos para serem considerados. Não dá para simplesmente mudar de Lua emocional de uma sequência para outra. Minha reclamação para opções assim já vêm desde a época em que escrevia sobre The Flash, e essa linha bipolar — que parece a “carta na manga” dos roteiros de Marc Guggenheim –, volta aqui para nos assombrar. A nossa sorte é que tem muito mais coisa boa para ser levada em conta.

A promessa de enfrentamento com o Demônio do Tempo, contudo, foi cumprida com muita criatividade. Já levantei o fato de que aglutinar tantos espaços e tantos personagens em um único capítulo não é uma coisa fácil e, na medida do possível, o diretor Dermott Downs fez isso muito bem. Em seu episódio anterior na série, Daddy Darhkest, ele conseguiu a mesma coisa, agrupando realidades e intenções distintas para chegar “aos finalmentes”. Suas ágeis sequências de lutas, movimentação inteligente de câmera e abordagem visualmente chamativa de cada núcleo em ação dá uma boa dimensão para o público do que está acontecendo nos dois fronts criados aqui. Até momentos totalmente independentes, como o descanso merecido na sequência final, novamente em Aruba (aliás, este é o melhor momento da direção de fotografia e dos figurinos em todo o episódio) são bem tratados por ele, indo de uma pequena panorâmica para planos médios de cada lenda, momento beneficiado por uma montagem rápida, novamente pendendo para o humor.

A saída de Amaya fez bastante sentido para o contexto da temporada, mas achei que o mesmo iria acontecer com Zari. Não para que ela ficasse com Hex (que, aliás, ganha uma formulação mais esteticamente “atraente” aqui do que nas outras aparições dele na série), mas para que fosse buscar outra coisa. Eu facilmente trocaria uma participação eventual de Rip (se este foi realmente o fim dele, convenhamos, foi um fim ruim — não pelo sacrifício, mas porque não houve nem mesmo uma tentativa de fechar de maneira coerente o ciclo do personagem, como foi feito com Amaya, por exemplo) do que a permanência de Zari na nave. Mas vamos ver. Fizeram com que ela funcionasse aqui, imagino que irão manter a boa representação na temporada seguinte.

Neste terceiro ano, LoT deu um salto tremendo de qualidade. Claro que ainda existem coisas para serem melhoradas e boas coisas para voltarem e serem mantidas na série, mas claramente estamos em um bom caminho. O arco de Mallus funcionou bem, transformou os personagens, deu novos propósitos e nos trouxe excelentes momentos. Por hora, eu confesso que estou apreensivo para a linha narrativa da 4ª Temporada (já confirmada). É uma apreensão que não significa nada a médio ou longo prazo, mas a curto prazo faz sentido existir, porque indica que as Lendas deverão correr atrás de outros Demônios ou criaturas que libertaram no momento em que deixaram Mallus sair da prisão.

Imagino que não existam muitas pessoas que ficariam animadas para o tema de uma temporada inteira ser “refugos de quando Mallus se libertou“. É fácil demais, medíocre demais para um show que cresceu tanto e mostrou que pode ir muito mais além do que catar prisioneiros libertos no drama da temporada anterior. Mas se isto for apenas o gancho inicial para algo maior e melhor, faz sentido e é aceitável. Aqui, eu ainda esperava um final mais impactante — assim como a batalha — mas, novamente, no plano do entretenimento, foi ótimo Finale. E só em dizer isso já estamos em uma enorme vantagem, comparado aos outros anos. O que nos reserva o futuro?

Legends of Tomorrow – 3X18: The Good, The Bad and The Cuddly (EUA, 2018)
Direção: Dermott Downs
Roteiro: Marc Guggenheim, Phil Klemmer
Elenco: Brandon Routh, Caity Lotz, Maisie Richardson-Sellers, Amy Louise Pemberton, Tala Ashe, Keiynan Lonsdale, Nick Zano, Dominic Purcell, Neal McDonough, Arthur Darvill, Franz Drameh, Matt Ryan, Courtney Ford, Jes Macallan, Tracy Ifeachor, John Noble, Adam Tsekhman, Johnathon Schaech, Jonathan Cake, Bar Paly, Katia Winter, Simon Merrells, Ben Diskin
Duração: 43 min.

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