Home FilmesCríticas Crítica | Liga da Justiça (2017) – Sem Spoilers

Crítica | Liga da Justiça (2017) – Sem Spoilers

por Davi Lima
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Liga da Justiça

O que se vê em Liga da Justiça é a síntese, o poder dela de apontar para um novo tema aproveitando imagens de um tema reverso. Ao acompanhar o filme encontra-se o tema da ausência do Superman, a crise social que um super-herói morto causa, especialmente em questões xenofóbicas que o herói azulão já trazia em debate por ser de outro planeta. São esses temas que Zack Snyder quer problematizar, a exemplo de seu clipe com a música Everybody Knows, para chegar na matéria jornalística de Louis Lane em que há uma diferença entre Escuridão e Ausência de Luz.

No entanto, há um recorte nisso, em que dentro do filme a perspectiva de ausência não estimula uma reflexão social, ou sobre as trevas sem esperança, na verdade motiva a necessidade do Superman, e nesse quesito o filme se sai muito bem, mesmo que ironicamente. Ora, quando a colorização apresenta estimulação de cores e a primeira cena evidencia a simpatia do kriptoniano, ou até mesmo como Bruce Wayne constantemente remete a sua fragilidade quanto a um mundo de superpoderosos, acaba por tocar no assunto Superman, em vista até de uma relação fraternal culpabilizante do Homem-Morcego.

Assim, o perigo que vai sendo contado não importa de fato, é um emaranhado de falas sobre “mãe” de um vilão com ausência de cores suficiente para ser relevante no filme. Apenas seu ataque e seus parademônios (capangas) instituem algo que seja justificável juntar poderosos em uma equipe. Nesse sentido, é o auge do sucinto, em que tudo se mantém num campo equilibrado de realismo e humanização que é possível encaixar em contextos sombrios ou mais leves. Assim, a relação da equipe e suas motivações apresentam objetividade proporcional a suas apresentações, em que um certo desenvolvimento serve mais à missão, seja suicida ou “Pet Sematary“, que à descontração do foco do Superman.

Só que o filme, dentro do seu tema social que é revertido dentro da própria obra, carrega o cenário da ação, carrega um estilo forte de Snyder quanto à continuidade dela, os flashbacks grandiloquentes, entre outras artificialidades do diretor. Assim, até certo ponto, a síntese que o subentendia se constrói a partir do conversar desse estilo minimamente, pois daí consegue aproveitar a evolução de Barry Allen como Flash, por exemplo, e incluir dramaticamente a mitologia da Mulher Maravilha como algo relevante para combater o malvado Lobo da Estepe. Enfim, nesse sentido é um valor na objetividade proveitosa, por outro lado, claramente há um desmonte de cenas longas de ação, servindo praticamente como interlúdio de seres lutando numa mínima capacidade de compreensão para passar para o próximo nível de agregação da equipe Liga da Justiça. Vira em verdade cerco para encorpar com gags sem conexão óbvia com aquele universo.

E infelizmente essa dissociação de termos no universo em que antes se motivavam chega a um ponto irônico de antítese conformada, crescendo ainda mais no ato final. A grande batalha também serve para impor Diana Prince, articular Aquaman, molejar Ciborgue e isolar Batman, mas em seu processo confirma que a síntese de alguma grande obra se torna a necessidade do Superman, sensivelmente irresponsabiliza a lendária Liga da Justiça. Até na tentativa de montagem inteligente de movimentos em rima, enquanto Louis Lane puxa Clark Kent, Aquaman joga algo na parede na mesma direção da esquerda. Isso representa bem um filme que usa o conflito social de xenofobia como escuridão, para depois usá-la na verdade como exaltação de atos heroicos na Rússia, buscando a sensibilização de pessoas em áreas de risco não para evidenciar o social, mas para elevar os heróis.

Mesmo que essa síntese de alternativa ajude a valorizar o heroísmo de um filme da Liga da Justiça, mostra-se também desligada do que contém na obra e o que se usa para objetivar, focar no alcance do sucinto. Na dinâmica dos super-heróis, para o título, chega a sua conclusão de satisfação justificável, e simbolicamente restauradora de Superman, enquanto a matéria finalizadora de Louis Lane mostra a incongruência prolixa que sempre existiu em Snyder, em uma versão menos ele, apenas.

Liga da Justiça (Justice League) — EUA, 2017
Direção:
Zack Snyder
Roteiro: Chris Terrio, Joss Whedon
Elenco:
Gal Gadot, Ezra Miller, Ben Affleck, Jason Momoa, Henry Cavill, Amy Adams, Ray Fisher, Jeremy Irons, Ciarán Hinds, J.K. Simmons, Billy Crudup, Diane Lane, Amber Heard, Jesse Eisenberg,  Connie Nielsen
Duração:
121 minutos

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