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Crítica | LJA: Origens Secretas

por Luiz Santiago
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A famosa série de one-shots desenhadas por Alex Ross e escritas por Paul Dini entre 1998 e 2003 (ou, contando pelas datas de capa, entre 1999 e 2004), tinha como objetivo apresentar situações especiais dos heróis em conflito interno; lutando, amadurecendo e questionando a si mesmos. De todos os títulos publicados, LJA: Origens Secretas, lançada em 2002, mas com data de capa de 2003 é, em uma simples análise de conteúdo, o volume mais fraco.

Há um motivo, porém, para esta diferença de tom entre Origens Secretas e outras histórias da série, como Guerra ao Crime e O Espírito da Verdade, por exemplo. É que ela serve como prequel para LJA: Liberdade e Justiça, que seria publicada no ano seguinte e que, por ocasião do lançamento de Origens, já estava em fase de produção. O título “Origens Secretasnão era uma novidade na cronologia da DC e até fazia sentido aparecer na iniciativa de Ross e Dini, todavia, a verdadeira motivação não foi apenas uma “conveniência editorial”.  E é aqui que alguns leitores provavelmente tomarão caminhos diferentes do que eu tomei para chegar a uma conclusão sobre obra.

O real motivo para a existência deste Origens Secretas foi que Ross e Dini não podiam arriscar encher Liberdade e Justiça de detalhes primários a respeito dos heróis (protagonistas ou coadjuvantes) ou eplorarem em um único lugar as motivações de cada um. Com o número de páginas que o título teria, a trama ficaria verborrágica e exigiria uma outra diagramação e composição artística, algo que Ross, como sabemos, jamais iria permitir. Então fazia sentido criar um volume chamado Origens Secretas, história que tanto poderia preparar os leitores para a vindoura e original trama da Liga da Justiça, quanto poderia mostrar ao público a visão de um grandioso artista para os primeiros eventos da vida dos principais heróis que já passaram pela Liga.

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Capa sem texto desta one-shot. Arte espetacular de Alex Ross.

Em entrevistas, o autor disse que o cenário para esses eventos pode ser estendido entre os anos 1950 e 1960, mas há implicações políticas e sociais um pouco mais maduras, coisas que seriam preocupação, tendência ou urgência social apenas duas décadas depois. De todo modo, a trama tem o sabor da Era de Prata e foi com isso em mente que os criadores desenvolveram esta reapresentação de como começaram os principais heróis da Liga (notadamente até meados da Era de Prata), colocando para o leitor exatamente o que já se conhecia a respeito deles. Desta forma, relemos a origem ou as reformulações da Era de Prata para Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde (Hal Jordan), Flash (Barry Allen), Caçador de Marte, Arqueiro Verde, Aquaman, Eléktron, Homem-Borracha, Capitão Marvel, Gavião Negro & Mulher Gavião.

Neste aspecto de repetição é que fica difícil aceitar Origens Secretas por inteiro. Sendo bastante sincero, o volume é apenas um excelente livro de arte e cores (afinal, estamos falando de Alex Ross!), de heróis no caminho de se tornarem heróis. Por este ângulo, a coisa toda é louvável; os painéis de Ross, apesar de não trazerem nada de novo em termos de diagramação — em outras ocasiões isto seria um problema, mas não é o caso aqui –, são colossais, fortes, com seus desenhos realistas, composição de cenário, cores e aplicação de luz e sombra que não dão espaço para nada de crítica negativa. Mas convenhamos, o que temos realmente de “Origens Secretas” neste volume? Pois é. Nada. Temos apenas origens recontadas por Dini e desenhadas por Ross.

Para leitores que não estão acostumados com as mudanças de origens da DC, o volume certamente terá um valor bem maior. Ou isto, ou para quem não se importa com a repetição de uma história… desde que ela seja expressada com outras palavras e com desenhos divinos, como é o caso. Independente do gosto do leitor, o ponto inquestionável aqui é a parte estética. Já a narrativa é apenas uma preparação para uma história maior. Um livro-ponte, apenas.

LJA: Origens Secretas (JLA: Secret Origins) — EUA, 2002
No Brasil:
 Liga da Justiça – Origens Secretas (Panini, 2003)
Roteiro: Paul Dini
Arte: Alex Ross
Cores: Alex Ross
Letras: Bill Oakley
Capa: Alex Ross
Editoria: Charles Kochman, Joey Cavalieri, Rich Thomas
36 páginas

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