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Crítica | Lordes dos Sith, de Paul S. Kemp

por Pedro Cunha
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Espaço: Sistema de Ryloth, Planeta Ryloth
Tempo: Império Galático, após os acontecimentos do Episódio III.

Não é comum acompanharmos a dupla dinâmica do mal de Star Wars em ação, por mais que Darth Vader e Palpatine sejam figurões da Saga, ver os dois girando seu sabre de luz, e usando o poder do Lado Negro da Força é quase que uma raridade na enorme galáxia muito distante.

Durante toda a Trilogia Clássica, não vemos o Imperador empunhando o seu sabre, a única demonstração do poder de Sidious são os seus raios da força. Isso ficou marcado de uma tal forma no fandom da saga que era comum vermos discussões sobre: se o mestre dos Sith precisaria de uma arma, ou a manipulação do Lado Negro era a única coisa necessária para empoderá-lo. Todo esse mistério foi muito benéfico para a figura do Imperador, era como se o público estivesse em pé de igualdade para com todo o personagem da saga, pois assim como eles, os mistérios de Sidious não eram coisas a serem reveladas.

Mas, a Disney (assim como o próprio George Lucas que colocou uma grande luta de Palpatine no Episódio III) não concorda com essa visão de “igualdade” entre público e personagens, e talvez seja por isso que ela decidiu publicar Lordes dos Sith. O livro escrito por Paul S. Kemp tem a tarefa de mostrar um pouco sobre a delicada relação de mestre e aprendiz de Vader e Sidious. Na incrível capa do livro, adaptada pela editora Aleph, já é possível vermos a interação em poder dos dois personagens da Saga. Mas será que é isso que o autor entrega durante o livro?

A trama se passa quase toda em Ryloth, lar dos Twi’lek , ali vemos um Império um tanto quanto relaxado, liderados por Delian Mors uma Moff que já esta muito acomodada com seu cargo, situação difícil de acompanharmos, já que Palpatine implementa um sistema competitivo, tendo assim, um time desesperado por cargos mais altos.

Com o desleixo da Moff, Cham Syndulla, líder do movimento Ryloth livre e pai de Hera Syndulla (a saudosa piloto da Ghost em Star Wars Rebels) não demora muito para assumir o controle do submundo de seu planeta. Ele não é um líder da Aliança Rebelde, o único desejo que tem é um dia ver seu planeta livre. E para isso o Twi’lek está disposto a enfrentar qualquer tipo de ameaça. Ele conta com seus fiéis companheiros, entre eles, o livro dá destaque Isval, uma fêmea da mesma raça.

Logo Coruscant, e todo o alto escalão do Império ficam sabendo da falta de domínio absoluto no Sistema de Rylth, como esse era um local muito importante para a organização, o próprio Imperador e seu aprendiz vão sujar suas mãos e entrarão na ação. É claro que Cham fica sabendo da notícia da vinda dos dois e arma um grande cerco para derrotar e matar o rei e a rainha do campo adversário.

Todavia, assassinar os dois mestres supremos dos Sith não é uma tarefa muito fácil. Vemos durante o segundo arco do livro uma verdadeira caça de gato e rato com os personagens. A narrativa se divide em três grupos principais, o grupo Ryloth Livre, os Imperiais do planeta, que querem deter o movimento antes que tudo piore, e Vader e Sidious, que acabam caindo durante a aterrizagem e ficam perdidos na selva do planeta.

Essa divisão de plots do livro acaba tendo o efeito de uma faca de dois gumes na narrativa, o público não se incomoda em ver Cham liderando seu grupo, e Delian desesperada para quitar suas dívidas com o Império. Porém o livro tem o nome de Lordes dos Sith, e quando o novel foca mais em subplots do que em sua trama principal, tudo o que era para ser vantagem, acaba virando desvantagem. É como se o livro nos entregasse uma propaganda enganosa, que promete desvendar os mistérios da relação entre mestre e aprendiz, mas que entrega algo interessante, que não é o prometido.

Quando o livro foca nos Sith, ele não mostra a relação de Vader e seu mestre, ele foca na ação. Kemp decidiu colocar quase toda o movimento de sua narrativa nas partes que a dupla aparece. Vemos muitos raios e sabres de luz rodando, se você é fã de ação sem propósito, ficara muito contente com todas as longas páginas que Paul dedica para esses momentos. Mas se gosta de desenvolvimento de personagem, e principalmente de diálogos, irá se decepcionar muito com a forma que o autor decidiu lidar com esses dois amados/odiados personagens de Star Wars.

Todo o desenvolvimento narrativo fica para a parte dos Twi’leks, o líder é muito bem desenvolvido, vemos seus conflitos e responsabilidades sendo muito bem tratadas em toda a trama. Isval também é um ponto brilhante na narrativa de Kemp, é interessante ver uma fêmea dessa raça ter uma posição forte na saga. Já que em toda a galáxia, é muito comum vermos a espécie sendo tratada como escrevas sexuais. Tanto que a primeira aprisionada de Jabba a aparecer no Episódio VI é uma Twi’lek fêmea.

Paul sabe também desenvolver a parte imperial do livro. Todo o núcleo da Moff é muito interessante. Acompanhamos a figura de Belkor Dary, um oficial que está a baixo de Delian no escalão Imperial, mas que vê e sofre com toda a falta de esmero da Moff em lidar com a responsabilidade. Tendo que liderar a maquina sozinho, o então coronel se alia com Cham, a fim de tirar Mors do poder. Quando ele fica sabendo da vinda do Imperador para seu sistema, se desespera, e acaba sendo um dos personagens que Kemp mais usa para desenvolver toda a trama do livro.

Com uma narrativa interessante, mas que não sabe em quem focar, Lordes dos Sith é um livro que não deveria ter esse nome. Se o titulo fosse diferente, com toda a certeza a aparição de Vader e seu mestre abrilhantariam mais a trama, e não seriam uma grande barriga no plot de Paul S. Kemp. Talvez a Disney tenha pisado no freio demais, deixando assim o autor com um espaço minimo em sua criação. Enfim, a falta de ousadia no livro é um distúrbio na força.

Star Wars: Lordes dos Sith (Star Wars: Lords Of The Sith) — EUA 2015
Autor: Paul S. Kemp
Publicação original: 2015
Editora original: Del Rey.
Editoras no Brasil: Editora Aleph
Tradução para português: Henrique Guerra
Páginas: 346.

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