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Crítica | Loucos e Fãs

por Guilherme Coral
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estrelas 2

Independente de que franquia da cultura pop estivermos falando, sempre existirão os fãs que fariam loucuras a fim de conseguir algo específico daquilo que tanto amam. No caso de Loucos e Fãs, o desejo de um grupo de fanboys de Star Wars é assistir, antes de todos, ao Episódio I: A Ameaça Fantasma, livrando-se da longa espera entre O Retorno de Jedi e o primeiro filme da trilogia prelúdio. Dito isso, a obra nos traz um olhar sobre os arquétipos dos fãs da saga, de maneira exagerada, claro, preenchendo a narrativa com humor.

A trama gira em torno de Eric (Sam Huntington), um jovem que está prestes a assumir a companhia de vendas de carros usados de seu pai. Nesse momento, ele acaba se reconectando com seus velhos conhecidos e descobre que seu melhor amigo está com câncer e não tem muito tempo de vida pela frente. Com isso em mente, ele incentiva a velha ideia do grupo de viajar até o quase mítico Skywalker Ranch para furtar uma das cópias de A Ameaça Fantasma, que somente estrearia no ano seguinte. Os quatro, então, iniciam uma road trip que os fará cruzar o país, mas evidente que chegar lá não será tão fácil quanto imaginam.

A premissa de Loucos e Fãs é basicamente a mesma de Detroit, a Cidade do Rock, lançado dez anos antes. A diferença é que, ao invés do Kiss, temos Star Wars como a obsessão desse grupo de jovens. A obra, claro, que lida com os seus personagens de forma estereotipada, fazendo suas vidas girarem em torno disso, similarmente ao que vemos em The Big Bang Theory, ainda que nem todos os indivíduos do longa sejam socialmente debilitados. Existe, contudo, a ideia de que a pessoa fica presa no tempo em razão de seu gosto por um filme ou algo assim, ideia de humor que já soa mais que batida.

Isso, contudo, é algo que podemos perdoar, aproveitando a jornada do grupo, que se arrasta nos seus primeiros atos, mas que entrega tudo o que promete no final, traçando divertidos paralelos com a trilogia original da saga criada por George Lucas. Além disso, o longa conta com inúmeros cameos e participações especiais, que vão de Carrie Fisher até a hilária aparição de William Shatner, que brinca com a rivalidades entre os Trekkers e os fãs de Star Wars. Se a obra decidisse focar nesses pontos, certamente que teríamos um filme muito melhor.

O grande problema é justamente esse: ele decide atirar para todos os lados. Nesse processo, o roteiro de Ernest Cline e Adam F. Goldberg acaba exagerando em piadas com teor homofóbico e sexista, algo que, de forma alguma, pode ser perdoado, ainda mais em um filme de 2009. Ainda que, de fato, grande parte do público nerd/geek seja assim, é tarefa da arte como um todo desconstruir e lutar contra isso, algo que, ironicamente, Star Trek Star Wars criticam de forma veemente desde o início, basta enxergar o Império como uma forma de governo extremamente preconceituosa, que não aceita alienígenas ou mulheres (até o universo expandido, que ignorou essa crítica social). Colocar piadas com esse teor em um longa-metragem é nada menos que perpetuar práticas que devem ser deixadas para trás.

Felizmente, no que diz respeito à amizade em si, o longa consegue se sair bem, retratando cada um dos amigos de forma diferente, explorando suas personalidades, ainda que alguns deles sejam exibidos de maneira bastante unilateral. Todos eles são bem trabalhados e contam com pequenos arcos pessoais, de tal forma que, no fim, todos retornam pessoas mudadas por essa longa jornada. A única bola fora é Zoe (Kristen Bell), que funciona apenas como o interesse romântico de um deles, tendo sua individualidade limitada a apenas isso.

Loucos e Fãs, portanto, nos diverte em alguns momentos, especialmente no ato final, mas todo o restante acaba sendo muito aquém do esperado. Se apoiando em um humor duvidoso, que passa as ideias erradas, o filme há de entreter os fãs de Star Wars, mas nada mais que isso, sendo apenas mais uma aventura genérica, que repete a mesma fórmula utilizada por outras obras anteriores.

Loucos e Fãs (Fanboys) — EUA, 2009
Direção:
 Kyle Newman
Roteiro: Ernest Cline, Adam F. Goldberg
Elenco: Sam Huntington,  Chris Marquette, Dan Fogler, Jay Baruchel,  Kristen Bell, David Denman, Seth Rogen, Thom Bishops, Danny Trejo, Allie Grant , Billy Dee Williams, William Shatner, Carrie Fisher, Kevin Smith,  Danny McBride
Duração: 90 min.

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