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Crítica | Lucifer – 2X11: Stewardess Interruptus

por Ritter Fan
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estrelas 4

Obs: Há spoilers. Leiam as críticas dos demais episódios, aqui.

Quando sexo e Lúcifer se misturam mais constantemente, episódios particularmente engraçados e interessantes costumam acontecer e não é diferente com Stewardess Interruptus que lida com a questão a partir de seu título e continua praticamente por todas as sequências no capítulo de volta da série, agora que foi expandida para (desnecessários) 22 episódios. Não que sexo seja alguma novidade na série, claro, mas os apimentados roteiros comandados pelo showrunner Joe Henderson costumam mostrar sua melhor forma quando ele faz uso de tudo que uma série em TV aberta de horário mais tardio pode trazer para os espectadores americanos.

Com isso, Sheri Elwood, que já escrevera o bom Sweet Kicks e os ótimos St. Lucifer e Lady Parts, volta à série sem papas na língua, criando uma gigantesca sequência de diálogos e tomadas repletas de duplo e triplo sentidos, sem perder a pose ao descambar para o sentido único de sexo, sexo e mais sexo, normalmente tendo o anjo caído como o pivô dos melhores momentos. E Tom Ellis, como de costume, não deixa a peteca cair e tira de letra seu charmoso e irresistível personagem, emprestando a necessária sofisticação a tudo que Lúcifer diz e faz.

Quando o episódio anterior acabou, fomos deixados com um leve cliffhanger: será que Lúcifer e Chloe finalmente formariam um par amoroso? A resposta não demora a vir, com Jana (Jennifer Cheon), uma fogosa aeromoça que já fora caso de Lúcifer, interrompendo o momento romântico dos dois e querendo sexo imediatamente. Se por um lado é um golpe baixo do roteiro, por outro é um alívio ver que as coisas não serão tão fáceis para a dupla, ainda que o beijo acabe se concretizando no encerramento do episódio.

O desenrolar da ação, envolvendo justamente o assassinato de Jana, leva Chloe e Dan a fazer uma varredura da mais do que movimentada vida sexual do Diabo em uma enorme sucessão de gags bem construídas e inseridas na narrativa, que levam ao questionamento dos pares femininos e masculinos de Lúcifer em uma interminável fila na delegacia e a continuidade do plano de “Charlotte” (lembrando: usarei sempre aspas para me referir à “mamãe”) e agora também de Amenadiel para voltarem ao Paraíso. Resta saber em que exatamente a união de Lúcifer e Chloe ajudará os dois conspiradores a voltarem ao Paraíso…

Aqui, como tem sido o mote em diversos outros episódios da série, o “caso da semana” é parte indelével da trama maior, o que por um lado é ótimo para afastar a natureza capitular da série, mas, por outro, acaba forçando a barra narrativa. Ainda que os assassinatos de Jana e de seu melhor amigo, ambos amantes de Lúcifer, possam um dia ser explicados como momentos mais orgânicos na estrutura da série em vista do misterioso vilão que aparece ao final, o fato é que eles parecem coincidentes demais, convenientes demais para serem aceitos assim, sem mais nem menos. Portanto, pelo momento, e para fins da presente crítica, precisarei considerar que o que vimos em Stewardess Interruptus faz parte da trama que regerá a segunda metade da temporada, mas minha avaliação necessariamente terá que ser revista caso isso não se concretize.

De toda forma, ainda do lado de Lúcifer e Chloe, fiquei com a estranha sensação de que, ao passo que os dois funcionam muito bem como dupla detetivesca, o mesmo não acontece como par romântico. As diferenças entre eles – pontuadas profunda e didaticamente pelo roteiro – são grande demais, inconciliáveis demais ao ponto que sua eventual união pareça forçada. Particularmente, teria preferido que o inevitável beijo na praia tivesse sido adiado mais um pouco e, agora que aconteceu, espero que alguma outra “emergência” interrompa o segundo passo nesse relacionamento. E nem digo isso pela suspeita de que Chloe possa ser meia-irmã de Lúcifer, mas sim por Ellis e German simplesmente não terem a mesma carga de magnetismo que têm quando estão soltando faíscas em uma relação buddy cop. Além disso, muito da dinâmica da série será perdida com a “romantização” da dupla principal.

Por outro lado, ainda que nos primeiros momentos do episódio Maze pareça um tanto quanto deslocada com sua obsessão em ver seu “trabalho” junto com Dan ser reconhecido de alguma forma, a grande verdade é que a diaba vem galgando um belo espaço na série, primeiro ao tornar-se mais próxima de Chloe e Trixie (…music about naked stuff – sensacional!) e, agora, por tomar o lugar de Lúcifer no consultório da Dra. Linda. Será interessante ver como seu relacionamento escuso e criminoso com Dan será resolvido na temporada, já que a morte do assassino do pai de Chloe muito claramente será um elemento que ainda gerará frutos.

Stewardess Interruptus, apesar dos problemas – mais potenciais do que imediatos, confesso – é um ótimo recomeço de temporada. Agora é esperar para ver como Henderson manterá a chama acesa ao longo dos mais de 10 episódios que ainda tem pela frente.

Lucifer – 2X11: Stewardess Interruptus (Idem, EUA – 16 de janeiro de 2017)
Desenvolvimento: Tom Kapinos (baseado em personagem criado por Neil Gaiman, Sam Keith e Mike Dringenberg)
Showrunner:  Joe Henderson
Direção: Greg Beeman
Roteiro: Sheri Elwood
Elenco principal: Tom Ellis, Lauren German, Kevin Alejandro, D.B. Woodside, Lesley-Ann Brandt, Scarlett Estevez, Rachael Harris, Tricia Helfer, Aimee Garcia
Duração: 43 min.

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