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Crítica | Lucifer – 3X05: Welcome Back, Charlotte Richards

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Sinceramente pensei que a estonteante Tricia Helfer fosse carta fora do baralho na série depois que a essência da Deusa, que havia possuído o corpo de Charlotte Richards, pulou para a fenda dimensional criada por Lúcifer no episódio final da temporada anterior e foi se divertir criando um outro universo. Não que a personagem “mamãe” não pudesse reaparecer mais para a frente, mas imaginava que ela tomaria outra forma o que, claro, ainda pode ser verdade.

Mas a volta da eterna Número 6 de Battlestar Galactica foi bem-vinda e interessante, bem mais do que o caso da semana que serve de catalisador para o evento, envolvendo a morte de um químico responsável pela fórmula secreta de um pudim industrializado. Afinal de contas, se o caso em si é bobo, com uma tara pela sobremesa por parte de Dan (e também pelo segurança da empresa) que, confesso, foi de revirar os olhos, além de uma resolução toda cheia de reviravoltas daquelas que surpreendem exatamente ninguém, ver Helfer puramente como a advogada sem escrúpulos Charlotte Richards em cena fez o episódio mais do que valer a pena.

Se pensarmos bem, jamais conhecemos a advogada de verdade. Ela apareceu alguns segundos antes e depois de ser tomada pela Deusa, mas só, ainda que, em algum episódios da temporada anterior, mesmo ela sendo controlada pela entidade, nos brindou com alguns minutos do que poderia ser Richards. Portanto, vê-la atuar  em defesa de seu cliente, impedindo o acesso à gravação do circuito fechado de segurança da fábrica em razão de alegado possível vazamento de segredo de negócio, serviu de bandeja para unificar a trama ao redor dela, com Lúcifer desconfiando que sua volta exatamente neste momento tem relação com mais um plano de seu pai e Dan correndo atrás da femme fatale como um cachorro corre atrás do osso (e, convenhamos, não há como culpá-lo).

Some-se à isso a amnésia de Charlotte que ela faz questão de esconder. Seus meses depois de “receber a santa” não existiram para ela e isso a deixa angustiada, tentando entender o exatamente aconteceu. Além disso – e mais importante – é muito interessante ver como o roteiro de Chris Rafferty, responsável por A Priest Walks into a Bar, Monster e A Good Day to Die, três dos melhores episódios da série, consegue inserir elementos sobrenaturais à história, deixando entrever que a alma de Charlotte passou um tempo no Inferno e que ela tem alguma memória do ocorrido. Com isso, depois de um ótimo momento em que, turbinada na sensualidade, ela “ataca” Lúcifer, gerando uma hilária reação do personagem, vemos uma aproximação dos dois, mesmo que a questão sobrenatural em si não seja explorada além disso, com aquelas palavras e frases de duplo entendimento do Diabo que todo mundo – menos nós – interpreta como metáforas.

E, claro, quando Charlotte tenta se redimir por defender bandido, ela exagera na dose, permitindo uma boa costura entre o clímax da personagem e do crime da semana, algo bem aproveitado pelo roteiro enxuto de Rafferty que tem outra grande vantagem: não perder o foco com personagens não essenciais à narrativa, o que significa que Maze, Dra. Linda e o tenente Marcus nem sequer dão as caras, com Ella somente aparecendo quando realmente essencial. Claro que, como disse, como o caso da semana em si é desinteressante em sua essência, o episódio perde um pouco de sua cadência quando sequências dedicadas somente a ele se fazem necessárias. Mas faz parte, não tem jeito.

O que fica é a dúvida se o episódio foi um agradável filler ou se ele será costurado à trama maior de alguma maneira mais contundente, com a advogada arrependida realmente voltando ao elenco e participando da evolução da história. Os momentos finais de Welcome Back, Charlotte Richards dão a entender que sim, Charlotte veio para ficar, como alguém por quem Lúcifer compartilha uma parcela de responsabilidade pelo que aconteceu e com quem ele pode ter uma relação amistosa que expanda os horizontes do personagem. Confesso, porém, que não consigo imaginar como a personagem – agora 100% humana (ou o máximo que um advogado pode ser) – poderá ser organicamente trazida de volta à trama, já que Lúcifer tem a Dra. Linda como confidente, Maze como braço direito, Amenadiel quase como um opositor e Chloe como paixão enrustida. Que papel será que ela teria nessa equação?

Lógico que teremos que esperar para ver. A impressão que dá é que Joe Henderson não tem a menor pressa nesta temporada e está calmamente arrumando suas peças no tabuleiro. Isso pode ser bom a médio e longo prazo, mas, a curto prazo, poderá alienar os espectadores mais afobados. Vamos torcer, porém, para que ele tenha um bom plano mestre para desvelar ao longo dos próximos episódios, pois, até, agora, apesar da volta de Helfer ao elenco (que pode ser algo efêmero), ele somente tem se esquivado de focar no principal, comendo unicamente pelas beiradas, ainda que com a costumeira elegância.

Lucifer – 3X05: Welcome Back, Charlotte Richards (EUA – 30 de outubro de 2017)
Desenvolvimento: Tom Kapinos (baseado em personagem criado por Neil Gaiman, Sam Keith e Mike Dringenberg)
Showrunner:  Joe Henderson
Direção: Nathan Hope
Roteiro: Chris Rafferty
Elenco principal: Tom Ellis, Lauren German, Kevin Alejandro, D.B. Woodside, Lesley-Ann Brandt, Aimee Garcia, Tom Welling, Tricia Helfer, Rachael Harris
Duração: 44 min.

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