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Crítica | Mad Max: Estrada da Fúria – Furiosa

por Ritter Fan
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estrelas 3,5

Tem vezes que vale a pena ser engrupido. Não que eu não soubesse onde estava me metendo quando resolvi embarcar no projeto da Vertigo Comics de capitalizar em cima do lançamento do sensacional Mad Max: Estrada da Fúria, com a publicação de quatro revistas one-shot contando a origem ou histórias pregressas de diversos personagens do filme. A primeira delas, tratando de Nux e Immortan Joe em duas narrativas independentes unidas por um narrador/historiador inserido no universo de George Miller, foi interessante, ainda que longe de ser essencial.

furiosa coverAfinal, o quarto filme de George Miller dentro de seu “maxverso” é perfeitamente auto-contido e não carece de mais histórias para dar estofo a seus personagens. Mas aqueles que, como eu, sentiram vontade de conhecer mais sobre as loucuras do diretor australiano em sua obra que derrama adrenalina em nossos cérebros, têm nas publicações da Vertigo um pouquinho mais do mesmo. Por isso é que disse que às vezes vale cair em armadilhas como essas, desde que, claro, estejamos conscientes de onde estamos no metendo.

Na segunda publicação, o foco é em Imperator Furiosa, basicamente a protagonista da produção, vivida por Charlize Theron. Não se trata, porém, de uma história de origem propriamente dita. Não descobrimos o porquê de ela não ter um braço e como ela foi capturada por Immortan Joe ou seus asseclas. Na verdade, quando a vemos, ela já é quem é no filme e a história toda gira em torno de como e porque ela cozinhou aquele insano plano de fugir das garras de Joe levando todas as suas “noivas”.

O interessante do roteiro de Nico Lathouris e Mark Sexton é que, apesar de a presença de Furiosa ser uma constante, quem recebe destaque de verdade são as noivas e suas respectivas relações com Immortan Joe dentro do ambiente paradisíaco (ao menos em relação ao lado de fora) em que vivem para gerar filhos perfeitos para o vilão. Com isso, os escritores fogem do óbvio ululante e deixam Furiosa em segundo plano, sem falar uma palavra sequer, até exatamente a metade da revista. E, mesmo quando ela finalmente abre o verbo, pouco ouvimos (ou lemos, na verdade) dela. Lacônica, ela é mais ação do que falação e não demora para ela montar o plano que deságua na ação do filme.

A arte é de responsabilidade de três artistas. Mark Sexton desenha só os momentos com o “narrador” em um futuro após os acontecimentos de Mad Max: Estrada da Fúria. Tristan Jones e Szymon Kudranski se revezam em um trabalho que passa a perfeita impressão de ser um só. Jones tem um traço mais gutural, selvagem e que combina mais com as violentas sequências com Immortan Joe e suas escravas sexuais. Kudranski tenta manter o estilo, mas seus traços são mais simples e delicados, ainda que ele se esforce – de forma bem sucedida – em manter a unicidade. Há muita escuridão em ambos os trabalhos e as transições de quadros, apesar de não muito ousadas, são eficientes para a fluidez da narrativa. Mas o elemento que realmente cria a “cola” entre as artes são as cores de Michael Spicer que transfere para a “bolha” onde vivem as noivas, todo o desespero e solidão do deserto escaldante que cerca a Cidadela. Ao trabalhar cores pasteis e muito preto, ele empresta um tom finalista à narrativa que combina estilisticamente com o filme de George Miller.

Mad Max: Estrada da Fúria – Furiosa é um engodo divertido. Longe de ser necessário ou mesmo recomendável (para quem não viu o filme ainda), a história diverte o suficiente para justificar sua leitura por aqueles que gostariam de prolongar o prazer sensorial que é Mad Max: Estrada da Fúria.

Mad Max: Estrada da Fúria – Furiosa (Mad Max: Fury Road – Furiosa, EUA – 2015)
Roteiro: Nico Lathouris, Mark Sexton (baseado em história de George Miller)
Arte: Mark Sexton (p. 1 e 4o), Tristan Jones (p. 2-13, 22-39), Szymon Kudranski (p. 14-21)
Cores: Michael Spicer
Letras: Clem Robins
Capa: Tommy Lee Edwards
Editora (nos EUA): Vertigo Comics (lançado em 17 de junho de 2015)
Editora (no Brasil): não publicado no Brasil quando do lançamento da presente crítica
Páginas: 40

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