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Crítica | Maze Runner – Prova de Fogo

por Lucas Borba
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Se o segundo volume da série literária escrita por James Dashner não mantém os momentos inspirados, ainda que eventuais, de tensão e mistério do primeiro, apresenta um desenvolvimento seguro seguindo a lógica do princípio da saga e até consegue tirar o leitor de sua zona de conforto, positivamente falando, em certos trechos. Mantém o mistério e a incerteza sempre palpáveis.

Assim, é incrível, por assim dizer, como a adaptação cinematográfica de Maze Runner – Prova de Fogo, dirigida por Wes Ball, também responsável pela satisfatória primeira parte da franquia, deixa de lado um roteiro que poderia render ótimos momentos, levando-se em conta a obra original, para bagunçar toda a história num bom e velho “arrasa quarteirão”, opa, “arrasa deserto” – dado o cenário no qual a maior parte dessa fase da saga se passa – repleto de episódios ilógicos e que exclui quase tudo o que há em profundidade e reflexão de sua suposta inspiração literária. Até poderíamos amenizar a perda em conteúdo relevando que a produção foi ousada ao tentar algo diferente, mas os equívocos são tão absurdos e desnecessários que nos perguntamos como se chegou a uma proposta como esta.

Depois de escaparem do famigerado labirinto, Thomas (Dylan O’Brien) e os garotos sobreviventes se deparam com uma realidade ainda menos promissora: uma Terra com sua superfície queimada pelo sol, onde um vírus mortal conduz a humanidade à extinção e transforma suas vítimas, adivinhe, em zumbis. Os adolescentes, liderados por Thomas, que parece descobrir tudo sozinho, começam a compreender que cientistas querem usá-los para encontrar uma cura para o vírus, embora sem saberem ao certo como pretendem fazê-lo, nem até aonde estão dispostos a ir para consegui-lo. Enquanto na obra de Dashner, porém, os jovens estão sempre sujeitos à essa manipulação, o que confere um tom bem mais realista à história, congruente com seu tom distópico, no longa a turma, embora já tenha passado por maus bocados, faz de bobo um exército de militares experientes, que sobrevoa os rapazes sem vê-los num momento e encontra os fugitivos noutro sem sabermos como.

Enquanto fogem à procura de uma suposta resistência contra a organização, o perigo é constante, com um obstáculo sucedendo o anterior, de zumbis à tempestade de areia e a raios que parecem especialmente endereçados aos garotos, lógicos no livro mas fora de contexto no filme. Toda essa correria e perda de sentido, apesar da boa ambientação e de sequências de ação interessantes, prejudicam muito o desenvolvimento dos personagens. Desperdício ainda maior considerando o elenco mirim, bem engajado em tela e que, com rostos menos conhecidos, promove possíveis novos talentos ao mercado.

Já a trilha sonora sabe ser discreta ou se impor nos momentos certos, mas depende de composições tão genéricas que logo nos cansamos dela, típica do trabalho que só parece estar lá para ocupar um requisito necessário. Com um final que nos leva para além da conclusão do segundo livro e só deixa ainda mais a desejar nesse processo, a segunda parte da franquia Maze Runner não só destrói a aura de mistério no qual o argumento original se apoia – ou seja, a identidade da obra – como nos dá uma verdadeira aula de como não fazer uma adaptação.

Maze Runner – Prova de Fogo (Maze Runner: The Scorch Trials), EUA – 2015
Direção: Wes Ball
Roteiro: T.S. Nowlin (baseado em livro de James Dashner)
Elenco: Dylan O’Brien, Ki Hong Lee, Kaya Scodelario, Thomas Brodie-Sangster, Dexter Darden, Alexander Flores, Jacob Lofland, Rosa Salazar, Giancarlo Esposito, Patricia Clarkson
Duração: 131 min.

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