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Crítica | Metroid II: Return of Samus

por Guilherme Coral
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Mesmo obtendo sucesso tanto crítico quanto comercial, Metroid, lançado em 1986 (no Japão), somente ganhou sua primeira sequência cinco anos depois, já em outra plataforma, o Gameboy, marcando, assim, a estreia da franquia nos portáteis. Embora o título dê a entender que, em termos de história, Metroid II: Return of Samus é uma continuação direta do original, essa não é bem a verdade. Cronologicamente, o game se passa entre os eventos da série Metroid PrimeSuper Metroid.

Dito isso, pela simplicidade da trama – não poderíamos esperar mais que isso, considerando as limitações do portátil em questão, o jogo pode ser aproveitado mesmo por aqueles que jamais jogaram qualquer outro da série, embora isso não seja exatamente recomendável, já que Return of Samus é, sem dúvidas, um dos mais fracos da franquia. Felizmente, considerando a qualidade das outras entradas, isso não quer dizer que esse seja um jogo ruim, ele apenas tropeça em determinados pontos, que não chegam a comprometer nossa experiência por completo. Estamos falando de uma obra que claramente melhorou diversos das características introduzidas pelo original, além de entregar certas adições que afetariam significativamente o futuro de Metroid.

Na história, em geral revelada em Super Metroid, já que iniciamos Return of Samus direto na ação, sem qualquer cutscene ou texto introdutório, Samus é enviada a SR388, planeta de origem dos metroids, a fim de acabar com essa raça alienígena antes que os piratas do espaço pudessem utilizá-los para seus nefastos propósitos. O game, então, nos joga nesse planeta e nos faz caçar tais criaturas, disponibilizando um contador, no lado de baixo da tela, que nos revela quantos metroids restam. Cada ser desses destruído abre novas áreas a serem exploradas, da mesma forma que as diversa melhorias obtidas possibilitam o acesso a lugares previamente obstruídos.

Ao contrário do game original, essa continuação se passa em uma única grande área, ampliando a necessidade do jogador de retornar a lugares previamente explorados, além de aumentar a não-linearidade do jogo. Esse ponto, contudo, muitas vezes nos deixa confusos em razão da ausência de um mapa para nos guiar, fator que prejudica nosso aproveitamento da obra como um todo, já que, na maioria das vezes, não sabemos se estamos percorrendo um local novo ou algum já visitado anteriormente. Tal aspecto somente é amplificado pela ausência de cores  – o Gameboy contava com um display em preto e branco – aliás, em razão dessa limitação da plataforma, as ombreiras redondas de Samus foram introduzidas na franquia, para diferenciar seus trajes normais da Varia Suit. Desde então, esse visual foi utilizado em todos os jogos da série. Essa sensação de estarmos sempre perdidos, por outro lado, gera uma sensação de claustrofobia no jogador, que demonstra ser bastante relevante considerando a ambientação do game – dessa forma, Return of Samus expande o sentimento de solidão introduzido no primeiro da série.

Além disso, as melhorias na jogabilidade, que falam por si só, nos mantém constantemente engajados. Enquanto em Metroid não era possível se agachar ou pular e atirar para baixo, nessa continuação podemos fazer isso, pontos que podem não parecer grande coisa, mas que influenciam consideravelmente a experiência do jogo, muitas vezes tornando-a mais fácil que seu predecessor. A dificuldade, contudo, não foi embora e gradativamente aumenta conforme mais e mais inimigos aparecem em tela – não podemos, também, desconsiderar os próprios metroids, que são a verdadeira perdição, exigindo muita cautela do jogador, ponto que dialoga diretamente com a mitologia da série.

Enquanto que no gameplay a obra acerta através de suas melhorias, no campo sonoro ela erra miseravelmente. As clássicas melodias do jogo original são substituídas por composições nada imersivas, que mais nos irritam do que efetivamente nos envolvem. Os efeitos sonoros infelizmente seguem pelo mesmo caminho, deixando muito a desejar. Considerando que Pokémon fez sua estreia justamente no Gameboy, com excelentes músicas, não há como perdoar tais deslizes desse segundo Metroid, mesmo levando em conta a época de seu lançamento.

Isso, porém, não deve afastar jogadores que desejam conhecer toda a história da franquia e como ela evoluiu ao longo dos anos, afinal, muitas das qualidades apresentadas nos posteriores games surgiram justamente aqui em Metroid II: Return of Samus. Em razão de seus deslizes, esse é um jogo inferior ao original, mas não deixa de ser uma obra engajante, que somente mostra o quanto a fórmula de Metroid se mantém atual até os dias de hoje e, mesmo que seja utilizada em centenas de outros games por aí, não há nada que substitua o original.

Metroid II: Return of Samus
Desenvolvedora:
 Nintendo
Lançamento: novembro de 1991
Gênero: Ação, aventura, plataforma
Disponível para: Gameboy, Virtual Console

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