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Crítica | Middle-Earth: Shadow of Mordor

por Anthonio Delbon
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A história de Senhor dos Anéis nos games tem mais baixos do que altos. Tirando a os dois jogos de PS2/ Gamecube baseados nos filmes de Peter Jackson – na qual apenas o terceiro jogo pode ser considerado divertido, por ter a possibilidade de jogar com praticamente todos os personagens dos filmes – pouquíssimos jogos obtiveram um sucesso. Um deles conseguiu pelo chamar a atenção em 2012: Guardians Of Middle-Earth, um incomum MOBA, trazia como novidade uma grande gama de personagens jogáveis do universo de Tolkien.

Dois anos depois, já para Playstation 4 e sem problemas de servidores, a Monolith Productions, mesma produtora, insistiu na Terra-Média e trouxe para a nova geração Middle-Earth – Shadow Of Mordor, o game definitivo do mundo tolkiano, que copia, descaradamente, grandes títulos como Assassin’s Creed e Batman: Arkham, mas que possui originalidade suficiente para se estabelecer como uma experiência válida para abrir portas ao futuro da franquia.

Você controla Talion, um cavaleiro de Gondor morto logo no início de jogo após ver sua esposa e seu filho serem assassinados pelo exército de Sauron. Mas Talion, dublado pelo excelente Troy Baker (Joel em The Last Of Us, Joker em Batman Arkham Origins e Booker em Bioshock:Infinite) é exilado da morte e deve buscar sua vingança contra Sauron e seu exército com a ajuda especial do espírito do elfo Celembrimbor, forjador do Um Anel. O enredo se passa entre O Hobbit e O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, o que garante participações especiais de alguns ícones dos livros e do cinema que dão um gostinho especial para os fãs.

O cenário do jogo é, evidentemente, Mordor, cercada de orcs em todos os lados. Típico jogo de mundo aberto, o jogador tem a possibilidade de simplesmente andar e bater em orcs o quanto quiser. Por mais divertido que seja utilizar o sistema de combate consagrado nos jogos do Batman, para avançar, é necessário cumprir uma série missões principais que, por vezes, chegam a ficar enjoativas.

O ponto positivo é que a jogabilidade permite ao jogador personalizar seu Talion. Com árvores de skills, runas para colocar em suas armas, arco e flechas, adaga e espada, além da famigerada visão “detetive”, outra cópia de Batman, e o parkour, de Assassin’s Creed, Shadow Of Mordor é um jogo de ação em terceira pessoa divertidíssimo. Os poderes ganhos ao longo do game só melhoram a experiência de humilhar o exército de Sauron, seja jogando como Legolas e apelando com as flechas, seja sendo um guerreiro corajoso como Aragorn. Ou ainda montando em espécies de Wargs que mordem e aniquilam seus inimigos.

O stealth também existe e é bom, mas possui seus defeitos, assim como o próprio parkour, principalmente nos comandos mais simples como descer de uma ruína. Problemas parecidos com os de Assassin’s Creed, mas nada que influencie demais no jogo. Outra semelhança com o jogo da Ubisoft é a presença de torres para serem escaladas e que servem para abrir o mapa – só faltou o botão de sincronização. Até o pulo de Talion é parecido, sem feno dessa vez.

Shadow Of Mordor é um jogo que não tem vergonha de copiar os grandes sucessos dos últimos tempos. Pelo menos a execução é bem feita e os combates são bem realizados, pedindo a atenção e habilidade do jogador. A grande novidade fica por conta do sistema Nêmesis, que permite ao orc que te matar subir em uma espécie de ranking do exército de Sauron e ficar mais poderoso. Desse jeito, quando houver um reencontro, o orc lembrará de Talion e você lembrará do nome daquele que te trouxe dor de cabeça, e é nessas horas que realizar uma execução dá um prazer único ao jogador. Antes, porém, é possível interrogar o orc para conseguir informação sobre seu exército e saber onde encontrar os soldados, os capitães e os chefes dos orcs, além de seus pontos fortes e fracos para futuras batalhas.

Existe também a possibilidade de fugir, caso os orcs, que constantemente dão respawn, te cerquem. Do mesmo jeito eles fogem caso estejam perdendo um duelo para Talion. É possível, ainda, invadir uma fortaleza em um modo furtivo e matar um por um, ou libertar wargs e esperar eles fazerem o serviço sujo.

A sensação é que realmente se está na Terra-Média. A ambientação, a trilha sonora tipicamente de batalhas cinematográficas, e a constante presença de exércitos de orcs, dão ao jogo um clima de aventura e liberdade necessário em um título que leva o nome que tem. O problema reside exatamente nesse excesso de liberdade, característico de jogos sandbox, que retira do jogo o bom drama e a seriedade da história em certos pontos. Algumas missões principais não ajudam também, servindo como clichês simplórios já vistos em tantos outros jogos deste tipo, principalmente nos da Rockstar.

Os gráficos ainda não são a revolução que se espera na nova geração, mas são bem satisfatórios. As cenas cinemáticas são um deleite para qualquer um familiarizado com o universo do escritor britânico.

Dias e noites se intercalam, chuva e sol, e também se pode passar o tempo ou dar o famoso “fast travel” para determinados lugares no mapa, que tem um tamanho razoável. Na segunda metade do jogo ainda é possível juntar um exército de orcs e comandá-lo, o que dá um gás a mais à experiência após missões repetitivas em que um incessante “button smash” ocorre por vezes.

Em suma, Shadow Of Mordor se sai bem na missão de misturar a mitologia de Tolkien com personagens novos em uma nova aventura. Os pontos negativos presentes no jogo podem ser vistos em tantos outros, e tirando o fato de que se trata de uma cópia de uma jogabilidade já bem estabelecida no mercado, o game traz boas novidades – sistema Nêmesis – e pode abrir um novo caminho para uma franquia tão querida. Muito se pode melhorar, sem dúvidas, mas um primeiro passo era preciso e a Monolith Productions conseguiu tal objetivo com grande êxito.

Middle-earth: Shadow of Mordor
Desenvolvedor: Monolith Productions
Lançamento: 30 de setembro de 2014 (PS4, XBOX One e PC), 18 de novembro de 2014 (PS3, XBOX 360)
Gênero: Ação/RPG
Disponível para: PC, PS4, PS3, XBOX One e XBOX 360.

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