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Crítica | Monstro do Pântano: Os Mortos Não Dormem (2016)

por Luiz Santiago
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  • Esta série do Monstro do PântanoMonstro do Pântano Vol.6. –, teve 6 edições e fez parte da iniciativa DC You (DC & Você aqui no Brasil), publicada originalmente nos EUA entre janeiro e junho de 2016.

Escrita pelo próprio criador do Pantanoso, Len Wein, e ilustrada de maneira bastante questionável por Kelley Jones (definitivamente, um de seus piores trabalhos) as seis edições desta aventura tentam trazer novos leitores para o universo do Musguento, o que talvez explique a trama megalomaníaca, com participações especiais em demasia (quase todas desnecessárias) e uma história de “troca de corpo” que simplesmente torna o personagem um bicho um tanto patético com o qual ninguém se importa, assim como a grande ameça representada pelo vilão da história. Se o negócio da pequena fase DC & Você era mesmo elencar “novas histórias para novos leitores“, aqui, houve uma falha de comunicação: em vez de cumprir o seu objetivo, espantou todo mundo.

Por um lado, tudo nessa saga obedece a uma linha muda de apresentações. O leitor realmente tem amostras didáticas de quem é Alec Holland; qual é o poder do Monstro do Pântano; até onde ele pode chegar e que coisas pode fazer; quem são as pessoas importantes para ele e que outros personagens fazem parte de seu Universo. Olhando apenas para esse caráter de “introduzir o Universo para o leitor”, as edições até que funcionam um pouco, porque de fato descobrimos todas essas coisas, e até um pouco mais. Ao longo das revistas fala-se até do Parlamento das Árvores e faz-se dezenas de referências à fase de Alan Moore à frente do Pantanoso. Mas o avanço da narrativa segue por caminhos erráticos.

Um carnaval mal ilustrado de participações especiais.

Um carnaval mal ilustrado de participações especiais.

O primeiro erro de Wein aparece na concepção para a história. Optando por mostrar o terror através do misticismo, o autor já abre as portas para um drama que desfila personagens como Vingador Fantasma, Sombra (The Shade), Desafiador, Zatanna, Espectro e Etrigan, todos tentando impedir uma ameaça que não nos prende e que é finalizada com um tipo de gancho mal formulado, afinal, sendo uma apresentação de personagens e Universo, afastar Abby não parece ter sido algo muito inteligente, não é mesmo? Talvez com uma história menos épica, centrada apenas no pântano e com o Monstro ao lado de Abby, o resultado fosse outro.

Mas nem tudo é ruim o tempo todo. No início, ou pelo menos até a segunda aparição do Vingador Fantasma, o roteiro de Wein constrói a trama com tantos enigmas que nos deixa maravilhados e muito curiosos para descobrir o que está acontecendo “nos bastidores”. Nós começamos o volume comprando a ideia. Depois disso, pouco sobra para comprar.

O que realmente desaponta ao longo das edições é a arte de Kelley Jones, descuidada e com uma finalização tão grosseira e carente de imaginação que nos faz perguntar o que foi que deu em Wein (ou na editora Rebecca Taylor) para deixar isso acontecer. Só de observar as capas da saga é impossível não rir do porte dado ao Monstro do Pântano (maromba e completamente deformado, o que seria até uma boa ideia se isso fosse utilizado a favor da história, mas é só pose de “diferentão das trevas” de Jones mesmo) e de como todo o restante da saga não recebe o tratamento visual que deveria. Ao chegar em Zatanna, não sabemos se estamos vendo desenhos de uma mulher saída diretamente do acidente de Chernobyl ou de uma poderosa feiticeira do Universo DC.

Momento para revirar os olhos...

Momento para revirar os olhos…

Com a intenção de aproximar os novos leitores e reapresentar o Universo do Monstro do Pântano, Wein deu um grande tropeço com seu interessantíssimo personagem. Como dito antes, o texto tem um bom princípio, mas se desvia completamente do meio para o final da epopeia maluca. Já a arte de Kelley Jones até que pode ter algumas ideias ou propostas interessantes (afinal, é um baita artista, só que não aqui), mas não dá para digerir de jeito nenhum. Ela não configura um único bloco da história sem alguma bizarrice representada nos quadros. No final, nos perguntamos qual foi a real finalidade de tudo isso e chegamos à conclusão de que o Monstro do Pântano merecia algo bem melhor.

Monstro do Pântano – Volume Seis (Swamp Thing Vol.6) – EUA, janeiro a junho de 2016
Roteiro: Len Wein
Arte: Kelley Jones
Cores: Michelle Madsen
Letras: Rob Leigh
Capas: Kelley Jones, Chris Sotomayor
Editoria: Rebecca Taylor
24 páginas (cada edição)

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