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Crítica | Moulin Rouge! Amor em Vermelho – Trilha Sonora

por Rafael W. Oliveira
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Baz Luhrmann surpreendeu o mundo ao reinventar o gênero musical com Moulin Rouge! – Amor em Vermelho, produção luxuosa e espalhafatosa sobre o amor proibido entre um jovem escritor e uma famosa cortesã. Com uma abordagem que tratava o gênero com uma liberdade nunca vista antes, Moulin Rouge! traz consigo, na maioria do tempo, canções pop conhecidas de cantores como Bono, David Bowie, Christina Aguilera, entre outros, mas ainda tendo suas próprias composições originais.

Baz Luhrmann comprova sua ousadia ao revelar, já em sua abertura, o desfecho trágico da história de amor entre Christian (Ewan McGregor) e Satine (Nicole Kidman). Para acompanhar esta melancolia, o filme abre com Nature Boy, canção de David Bowie e aqui interpretada por John Leguizamo. Tanto a letra quando a melodia da música são essenciais para compreendermos o sentimento de tristeza que nos aguarda ao final da história, o que tornam o regresso no tempo da fita um artifício bem mais interessante.

Complainte de La Butte é rapidamente ouvida quando Christian chega em Paris, e o clima leve da canção entra em perfeita sintonia com a imagem e percepção que temos da Cidade-Luz: Paris é o lugar onde os sonhos mais impossíveis se realizam ao cair da noite. E é exatamente o sentimento que acompanha Christian neste momento, a busca pela realização de seus sonhos mais profundos. Em seguida, temos Children of Revolution, do cantor Bono, e aqui é utilizada como uma forma de exemplificar a rebeldia e a visão atemporal de Toulouse-Latrec e seus  amigos.

Chegando ao cabaré conhecido como Moulin Rouge, somos presenteados com canções e performances originadas do ritmo cancan (Because We Can, do Fatboy Slim) e até mesmo um mash-up em homenagem às canções Diamond’s Are a Girl’s Best Friend e Material Girl (esta última da cantora Madonna), que origina a contagiante e inesquecível Sparkling Diamonds, interpretada por uma radiante Nicole Kidman. Baz Luhrmann surpreende ainda mais ao fazer uma miscelânea entre Zidler’s Rap, Lady Marmalade (de Christina Aguilera), Smells Like Teen Spirit (de Kurt Cobain) e Because We Can. Um trabalho genial e inventivo, sem dúvidas.

Diamond Dogs é uma daquelas faixas que pouco se destacam em meio as canções “maiores”, o que é algo compreensível dentro de um musical: sempre iremos ter aquelas que parecem ser mais agradáveis de se ouvir do que outras. Infelizmente, este também acabou sendo o caso da ótima Rhytim of The Night. Uma das melhores canções do filme surge em seguida, Your Song, do cantor Elton John, e aqui ganha um novo sentimento e sentido (o que por si só, já é um grande feito) na voz de Ewan McGregor, que canta com uma doçura e vivacidade fascinantes. A própria performance da canção é algo maravilhoso de se ver, onde até mesmo a Lua (Alessandro Safina) faz uma participação.

A canção seguinte, Meet Me In The Red Room traz uma batida que faz jus ao melhor da música pop, mas a performance seguinte de Pitch (Spectacular Spectacular) é algo deliciosamente surreal de se assistir, especialmente pelo maravilhoso tom pastelão da cena. Impossível não soltar diversas gargalhadas ao longo da canção. Ressaltando que a mesma é outra miscelânea  entre canções como The Can Can from Orphée aux Enfers, The Pitch, The Sound of the Music e a já mencionada Your Song.

A faixa seguinte, One Day I’ll Fly Away, um solo de Nicole Kidman, é outra excelente miscelânea entre uma música de mesmo nome e Your Song. McGregor surge em cena em seguida ao lado de Kidman para interpretar outra miscelânea (haja miscelâneas!), a encantadora Elephant Love Medley, composta de diversas canções como All You Need is Love (The Beatles), I Was Made For Lovin’ You (Kiss), One More Night (Phil Collins), Pride (U2), Don’t Leave Me This Way (Harold Melvin), Silly Love Songs (Paul McCartney), Up Where We Belong (Joe Cocker), Heroes (David Bowie), I Will Always Love You (Whitney Houston) e Your Song.

Come What May, uma das canções mais conhecidas do filme (e composta originalmente para ele), é também uma das melodias mais românticas do mundo. De condução apaixonada e interpretada através de uma química belíssima entre McGregor e Kidman, Come What May certamente é uma das canções que ficará na mente do espectador após o término do filme. Diferente de Like a Virgin, que aqui ganha uma nova versão um tanto estranha, de arranjos incômodos e vozes não tão orgânicas para seu significado.

El Tango de Roxanne é uma bela composição para os amantes de músicas ao estilo bolero, e a performance da mesma é também um dos momentos mais poderosos do filme. Em seguida temos Fool to Believe, interpretada por Kidman e Jim Broadbent, e ainda a lírica The Show Must Go On, também muitíssimo bem orquestrada durante sua cena. O destaque vai para a música seguinte, Hind Sad Diamonds, outra brilhante miscelânea de outras músicas.

Ao final, Baz Luhrmann retorna para o ponto de onde começou e reprisa Nature Boy, mais uma vez ressaltando a tragédia acometida sobre o casal Christian e Satine. Ao fechar das cortinas (ou subir dos créditos), dificilmente o espectador ficará indiferente ao que foi visto em Moulin Rouge: ou irá amar ou irá odiar. Uma coisa é certa: o que Baz Luhrmann faz aqui com suas canções certamente revolucionou aquilo que conhecemos como musical, o que faz do filme, até os dias de hoje, uma referência para o gênero.

Spectacular! Spectacular!

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