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Crítica | Mr. Robot – 3X04: eps3.3_m3tadatapar2

por Luiz Santiago
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SPOILERS! Leia a crítica para as temporadas e episódios anteriores aqui.

Primeiro episódio da temporada não escrito por Sam Esmail (e sim, o espectador sente a mudança de estilo ao contar a história) eps3.3_m3tadatapar2 é um mergulho pessoal nos sentimentos de alguns personagens, uma espécie de “episódio sobre a atmosfera das coisas” que se passa enquanto o plano de desfazer a pseudo-revolução (ou de reafirmá-la, sob o ponto de vista do Dark Army) tenta avançar. Nesse sentido falamos de um capítulo de atores, todos em um estado de consternação e tensão imensos, sentimentos igualmente compartilhados com o espectador pela boa forma de o roteiro transmiti-los.

De todos os personagens, Darlene é a que mais recebe atenção direta aqui. A continuação da trama depois do genial flashback em eps3.2_legacy.so se dá justamente com Elliot entrando na casa da irmã, espantando-se com o fato de ela não ter saído da cidade e de poder pagar um lugar como aquele. Neste momento é levantada uma aura de desconfiança que não se dissipa nesse episódio e que com certeza ganhará continuidade. Não fica claro se Elliot realmente acredita em Darlene ou se ele também está jogando, bancando o cordeirinho para ver até onde ela vai. De todo modo, pela indicação que nos é dada aqui, não demorará muito tempo para que ele descubra a verdade.

Essa relação entre os dois irmão ganha um fator de qualidade ainda maior porque os dois atores, Rami MalekCarly Chaikin, interpretam personagens que dividem parentesco, solidão e um senso de pertencimento (ou vontade de pertencer) que não vemos em nenhum outro personagem da série — sim, mesmo Tyrell, sobre quem falarei adiante. Tendo então similaridades nos desejos mas comportamentos e modelos de atuação bem diferentes por parte dos profissionais, a proximidade entre Elliot e Darlene acrescenta um nível de estranheza e constrangimento que servem perfeitamente à dificuldade de comunicação entre os irmãos, criando com isso um bom suspense na história.

Já o segundo bloco de personagens é um pack de ativistas chefiados por Whiterose, cada um com históricos e opiniões diferentes sobre como e quando a “finalização do nove de maio” deve acontecer. Elliot é o único elo solto nesse bloco, porque ele também é Mr. Robot. Mas o desabrochar continua mesmo com Tyrell, contando com mais uma excelente manifestação de ira e flashes do personagem dominador incrivelmente interpretado por Martin Wallström. O roteiro coloca Angela em uma posição de comando e familiaridade com as políticas sujas de bastidores (o que quer que Whiterose tenha mostrado para ela realmente a impressionou — e também parece ter impressionado Irving, embora ele não seja o tipo de personagem que demonstre grandes sentimentos (verdadeiros), mas só o fato de um homem como ele trabalhar para Whiterose já diz tudo.

Tyrell, que é o tipo de indivíduo que sempre quer dominar tudo (vejam que insiste na visão de que ele e Elliot seriam Deuses), está nessa jogada muito mais por poder (e pelo que o poder deve lhe dar) do que por verdadeira inclinação ideológica. Lembremos do fato que o motivou na temporada anterior para ele querer pisotear o sistema. Tudo para ele se torna pessoal. O interessante é que ele ainda não sabe sobre Joanna e, dado o seu empenho neste jogo, a descoberta da tragédia poderá ser um bom ponto de ruptura. Todavia, em termos de hipóteses é melhor ficar com o pé atrás com essa série. Já há dois anos que sabemos que nem tudo é o que parece aqui. Uma coisa é certa: a morte de Joanna será um gatilho para algo de peso envolvendo Tyrell.

Nessa estrada de sentimentos, cada lado segue com suas operações particulares, estando Elliot em aparente desvantagem. Notem como Sam Esmail dirige todas as cenas com Rami Malek aqui. As posições de isolamento, fraqueza, decepção, pequenez e derrota são destacadas em cada plano inicial com o protagonista, dinâmica igualmente presente nas demonstrações opostas, de dominação de outros personagens. Nessa variedade de situações é claro que o roteiro não consegue entregar fechadinho os elementos dramatúrgicos necessários (vi mais problemas no “fechamento”, não no desenvolvimento dessas tramas), mas nada preocupante. Com tanta tensão assim, a perspectiva de que algo grande deve explodir em pouco tempo se torna mais forte. E mesmo assim, sabemos que seremos pegos de surpresa.

Mr. Robot – 3X04: eps3.3_m3tadatapar2 (EUA, 1º de novembro de 2017)
Direção: Sam Esmail
Roteiro: Kyle Bradstreet
Elenco: Rami Malek, Carly Chaikin, Portia Doubleday, Michael Cristofer, Martin Wallström, Grace Gummer, Bobby Cannavale, Christian Slater, Rizwan Manji, Ramy Youssef, Chloe Levine, Nuah Ozryel
Duração: 46 min.

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