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Crítica | O Exorcista (Trilha Sonora Original)

por Leonardo Campos
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O Exorcista, tal como Tubarão e A Profecia, faz parte de um painel de filmes que são inesquecíveis não apenas por seu conjunto. As imagens aterrorizantes marcaram para sempre o imaginário coletivo, a recepção narra histórias surpreendentes de pessoas sacolejadas pela projeção de tanta violência física e psicológica no cinema, algo não muito comum para a época, além de ser um marco na composição musical, muitas vezes retomadas em outros filmes em tons de homenagem e às vezes nos meandros do plágio descarado.

Com uma história tão fascinante, O Exorcista é um marco também em sua trilha sonora original. O enfoque no “original” é importante graças ao conflito que houve nos bastidores de produção. A trilha inicialmente composta para adornar o filme era tão apavorante e atordoadora que os produtores decidiram retirar do filme, pois se na exibição do trailer já havia causado tremenda histeria, imagina na exibição dos 120 minutos de narrativa.

Com seus teclados macabros e melodia emocionalmente tenebrosa, a primeira versão produzida por Lalo Schifrin, responsável pela musicalidade do clássico Rebeldia Indomável, trazia um tom absurdamente pesado, com a junção dos elementos anteriormente citados, acoplados com violinos frenéticos e cantigas bem soturnas. Houve uma histeria coletiva, hoje aparentemente bastante positiva para o marketing do filme, o que culminou na suspensão do material que “assustou a audiência” e promoveu uma reformulação.

Ganhador do Oscar de Melhor Som, o idealizador do subgênero “filmes de exorcismo” apresentou uma trilha sonora monofônica no cinema, remasterizado em 1998, quando relançado em Home Video. Dois anos depois, uma nova exibição nos cinemas prometeu 11 minutos de cenas inéditas, com direito a nova reformulação sonora, tendo em vista acompanhar as evoluções tecnológicas da nova era.

Conhecida por também utilizar o silêncio em prol do estabelecimento da sensação de horror e medo, elementos necessários para o funcionamento das propostas de seu roteiro, O Exorcista é um dos filmes com melhores truques sonoros da história do cinema, afinal, como não se lembrar da cena do relógio de pêndulo e dos cachorros raivosos no primeiro encontro entre o padre Merrin e o demônio Pazuzu? De arrepiar apenas pela lembrança. E é pela memória que a trilha sonora do filme se faz presente no imaginário cinematográfico. Talvez só não seja mais memorável que a música do chuveiro de Psicose ou o ostinatos da fera marinha de Spielberg, dupla de faixas temáticas amplamente referenciadas na cultura pop.

Diante da necessidade de reformulação, os produtores utilizaram Tubular Bells, de Mike Oldfield. Editado em 1973, o álbum faz parte do gênero rock progressivo, com predomínio do piano de cauda e de sinos tubulares, ambos tocados pelo próprio Oldfield, mixados posteriormente. A composição também conta com coro feminino (Mundy Ellis e Sally Oldfield), flautas de John Field, contrabaixo de Lindsay Cooper e engenharia de som assinada pelo trio formado por Simon Heyworth, Tom Newman e Mike Oldfield.

Com seu estilo minimalista que evolui de maneira gradativa, dando espaço para a progressão instrumental, a trilha dá bastante ênfase para a introdução do tema. Retomada pelos produtores da série televisiva que em 2017, desponta com a sua segunda temporada, Tubular Bells é aparentemente calma, mas revela muita tensão por detrás de sua estrutura.

Para os momentos mais inquietantes do filme, os produtores utilizaram composições experimentais do polonês Krsystof Penderecki e de George Cumbs, aplicadas ao filme para dar maior destaque aos momentos de horror vividos por aquela família destroçada pela presença demoníaca no corpo de uma jovem adolescente. Através de suas notas agudas e truques sonoros interessados na perfeição ao denotar agonia e sofrimento, os compositores carregaram bastante na dose de horror, sendo tão inquietante quanto à trilha de Lalo Schifrin, descartada na pós-produção.

Inesquecível e apavorante, a trilha sonora de um dos maiores clássicos do horror tem também a singular Fantasy for Strings, de Hans Werner Henze, além das perturbadoras faixas Iraq, Polymorphia e Bee String Quartet. Uma trilha que todo cinéfilo deveria ter em sua coleção. O grande problema está na coragem de executá-la, tamanha a dimensão sonora a ecoar pelo estabelecimento que se propõe a contemplá-la. Você, caro leitor, aceita o desafio?

O Exorcista (Trilha Sonora Original)
Compositores:
Krsystof Penderecki, George Cumbs, Simon Heyworth, Tom Newman , Mike Oldfield
País: Estados Unidos
Lançamento: 7 de julho de 2017
Gravadora: Sony Classical
Estilo: Trilha sonora

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