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Crítica | O Grande Truque

por Melissa Andrade
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O diretor e roteirista Christopher Nolan leva bem a sério seus trabalhos e manipula (de uma forma boa) o público a seu favor, como num passe de mágica.

Primeiro ele nos atrai com um enredo fascinante. Segundo, quando estamos sentados no escuro do cinema, prende a nossa atenção de uma forma que fica impossível desviar o olhar. E em terceiro, ele garante que o que foi visto, não pode ser esquecido. Na verdade, será para sempre lembrado.

Mais ou menos como a premissa do filme O Grande Truque que conta com nomes como Hugh Jackman, Christian Bale, Michael Caine e Scarlett Johansson.

Alfred Borden e Robert Angier são dois mágicos amadores que querem muito fazer sucesso. Bastante competitivos, os dois trabalhavam juntos, mas acabam se tornando inimigos após um incidente onde a esposa de Angier falece. Seguindo caminhos distintos, ambos montam seus shows e números, sem nunca se esquecer do outro. Borden conhece Sarah e os dois se casam, mas ela não entende muito essa paixão do marido pela mágica e por querer ser o melhor. Longe dali, Angier quer vingança e começa por atrapalhar um número de Borden, levando-o a perder dois dedos da mão. Assim, dá-se o início a uma intensa perseguição e a constante necessidade de ser o melhor mágico atuante em Londres e de superar o outro. Porém, até onde eles estão dispostos a ir para alcançar um desejo?

Tecnicamente impecável, O Grande Truque é mais um fantástico trabalho de Christopher Nolan que co-escreveu o roteiro juntamente com seu irmão Jonathan.

A trama tem como palavra chave a obsessão. Enquanto Angier é obcecado em descobrir o segredo do melhor truque de Borden, ele por sua vez precisa mostrar que apesar de não possuir os melhores recursos é mais talentoso que o ex-amigo. Algo que fica claramente comprovado, mas que acaba se apagando graças à fama de Angier e aos seus infindáveis contatos. Contudo, o verdadeiro grande truque é que eles olham um para o outro, mas, não enxergam de fato. Veem apenas o que querem ver, como a plateia de seus shows.

Angier tem plena convicção que Alfred possui tudo o que lhe foi roubado: uma esposa, filhos, uma vida feliz. Já Alfred, deseja possuir a fama, o mesmo prestígio que Angier justamente por ter as melhores ideias. Enquanto cegos por toda a sede de vingança, os sacrifícios que precisam fazer vão empilhando um atrás do outro.

Obviamente nada disso faria sentido se não fosse pelas atuações brilhantes de Hugh Jackman e Christian Bale. Os dois atores se entregam por inteiro aos personagens, algo comum nos filmes de Nolan, já que o diretor tem a capacidade de extrair a melhor atuação possível em cada cena. Somado a isso, temos o enredo que é simplesmente sensacional. As muitas reviravoltas e os pequenos mistérios se sustentam até o final, quando a cortina levanta e descobrimos o terrível segredo dos mágicos. Afinal, quem mais se sacrificou? Quem ganhou?

A primeira pergunta é difícil responder, pois ambos perderam muita coisa. No entanto a segunda é fácil: ninguém. Pois o caminho que decidiram escolher, não há vencedores. Não poderia existir.

O filme ainda dá uma leve pincelada na famosa “guerra das correntes” que envolvia o inventor Thomas Edison e Nikola Tesla interpretado no filme pelo músico David Bowie. O longa é baseado no livro de mesmo título do autor Christopher Priest.

O Grande Truque  (The Prestige – USA/UK 2006)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Jonathan Nolan, Christopher Nolan
Elenco: Hugh Jackman, Christian Bale, Michael Caine, Piper Perabo, Scarlet Johansson, Rebecca Hall, Samantah Mahurin, David Bowie, Andy Serkis, Daniel Davis, Jim Piddock, Christopher Neame, Mark Ryan, Roger Rees, Jamie Harris
Duração: 130 min.

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