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Crítica | O Poderoso Chefinho

por Davi Lima
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poderoso

Infelizmente a produtora de animação Dreamworks se rendeu aos maneirismos de rapidez e consumo que a concorrente Illumination, que após o filme Minions ganhou Hollywood quando o negócio é dinheiro com o público infantil. Mas, ao mesmo tempo, por mais que O Poderoso Chefinho tenha sua ironia com a fofura e uma tal comedy child com metrônomo para a criança gargalhar no cinema, característica amplamente comercial preponderante, o diretor do filme chamado Tom McGrath preserva o ponto realista, fatídico e dramático que a linha de produção do estúdio do menino pescando estrelas tanto engrena em suas inspirações artísticas comerciais. Nem os cachorros, nem os bebês merecem mais amor, e sim a família com menos porcentagens e mais corações.

Um dos melhores fatores desse filme é a brincadeira entre a visão empresarial e a visão lúdica, realmente imaginativa, que conflita e ameniza a relação dos personagens Tim (Miles Bakshi/Tobey Maguire)  e Ted (Alec Baldwin). Tim Templeton é uma criança mimada num romantismo isolado que ouve Black Bird dos Beatles e visualmente o filme mostra variações de abraços dos pais, clonados na imaginação do filho, que ele recebe antes de dormir. Já Ted é, na mitologia da Baby Corp, com fórmulas em mingau em mamadeira e chupeta transportadora, um chefe em processo de promoção para um cargo de respeito na corporação. Entendendo que ele é um bebê falante e que usa terno, como um chefe executivo, colocando-o em um cenário realista de uma família a tal metáfora que ele comanda tudo em casa, como o próprio Tim acusa isso para os pais subservientes às vontades do bebê, se torna algo concreto com a já noção de que Tim é mimado. Essa caracterização dos protagonistas, com o garoto mais velho introduzindo imaginações diversas, que transgride o 3D realista em algo quase 2D em formato e cores matizadas como psicodelia, com verde e roxo, e o bebê parecendo um integrante do Homens de Preto com voz grossa e jogando dinheiro no ar, cria a diversão conceitual e contextual para a premissa da briga dos irmãos.

Essa briga, no entanto, assim como a resolução dela, caminha diferente pelas suas engrenagens visuais e menos matemáticas que a Illumination, não porque Tom McGrath diferenciou sua narrativa clássica de Hollywood de ciúme entre irmãos. Essas engrenagens percorrem pela a ilustração de como se concretiza a imaginação nos momentos de Tim, que traduzem uma criança mimada que cria um mundo só para si, ao menos no filme, e como Ted é o chefe que tem as piadas e construção de humor físico irreverente para perspectivas infantis, além de evidenciar a matemática de gráfico e triângulo como problematização para cada um dos personagens. Tim busca manter o triângulo perfeito de um filho e dois pais, enquanto Ted quer normalizar o gráfico de bebês sendo mais amados que animais em geral. Nisso constata-se uma moral visual, anseios que ambos irmãos querem para manterem a idolatria do conforto de bebês e crianças sendo exclusivamente amadas separadamente. Com esse óleo temático nas engrenagens visuais, a mesmice narrativa, que minimiza o vilão da Puppy Corp em prol de concentrar em como os irmãos podem enxergar a divisão do amor, decresce e a diferenciação particular qualitativa cresce como a trilha sonora do filme na faixa Love composta pelo famoso músico Hans Zimmer .

Mas nem tudo é mingau e chupeta para o diretor de O Poderoso Chefinho. A escolha do roteirista Michael McCullers de criar uma espécie de roldana para os irmãos Tim e Ted como trama e uma esteira para o conflito irônico contemporâneo de como os cachorros estão substituindo bebês cria um vácuo tedioso antes dos dois produtos dramáticos se mostrarem. Apesar da celeridade consumista presente na animação propor a falta de perda de atenção, a falta de descanso no ritmo, mesmo com estímulos visuais muito gráficos, cansam o acompanhar da aventura dinamizada entre o lúdico imaginário de uma cena de perseguição que vai da bicicleta caminhando por um subúrbio a se tornar um barco em alto mar, e uma história de ação e espionagem que invade empresas e termina em escadarias num centro de convenções. Mesmo quando o filme teoricamente para para a cantoria de Black Bird o tempo passa acelerado para indicar passagem de tempo. 

Felizmente, apesar da aparência de uma premissa inteligente de uma criança e a concreta chefia de um bebê causar ciúme se tornar ordinária contra uma corporação que vende a máxima fofura de cachorros como um deboche irônico, que é um mero discurso autoconsciente para os adultos que acompanham as crianças, O Poderoso Chefinho realmente tem um amor que para o filme. A brincadeira do bebê chefe da casa e da criança mimada é levada a sério nas engrenagens, mostrando que os bebês diferentes, que não riem de qualquer coisa, são bebês em sua essência e anseiam por uma família para serem cuidados e amados, assim como uma criança, mesmo tendo sua imaginação que a ajuda a enfrentar o mundo precisa incluir um pouco de realidade em suas brincadeiras: de que o amor tem uma forma visual mais abrangente de encaixe do que um triângulo rígido. Bebê precisa de cuidado, mas não é chefe, e criança pode sim, ser exortada a saber dividir, inclusive sua música favorita para finalmente voar como Black Bird. poderoso

O Poderoso Chefinho (The Boss Baby) — EUA, 2017
Direção:
 Tom McGrath
Roteiro: Michael McCullers (baseado no livro de Marla Frazee)
Elenco: Alec Baldwin, Steve Buscemi, Jimmy Kimmel, Lisa Kudrow, Tobey Maguire, Miles Christopher Bakshi, James McGrath, Conrad Vernon, ViviAnn Yee
Duração: 97 min.

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