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Crítica | Doctor Who: O Prisioneiro dos Daleks, de Trevor Baxendale

por Luiz Santiago
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Equipe: 10º Doutor e os “companions de uma viagem” Major Espacial Jon Bowman e Koral
Espaço: Planetas Hurala e Arkheon / Órbita do Planeta Auros
Era: As Guerras Daleks
Tempo: c. 2560

No momento em que acontecem os eventos de O Prisioneiro dos Daleks, o Doutor está viajando sozinho. A aventura se passa antes de Planet of the Dead mas, a esta altura, ele já pressentia que “sua canção” estava prestes a terminar. Ainda haveriam um bom número de aventuras para viver, mas ele definitivamente estava na reta final de sua vida. E a solidão e nostalgia desse Time Lord é capturada com intensidade e presteza por Trevor Baxendale neste livro.

Estamos no período das Guerras Daleks, mais precisamente na II Guerra Dalek, no século 26. A TARDIS sai de seu curso normal — não só no espaço, mas também no tempo, de modo que o Doutor volta para um período pré-Time War — e vai parar em uma base abandonada no planeta Hurala. Ele fica preso por 5 dias em uma armadilha dentro da base até que um grupo de caçadores de recompensas (eles caçam Daleks e vendem o olhos das criaturas para os oficiais na Terra) encontra o Doutor e aí as coisas realmente começam a acontecer.

A história é estruturada no embate entre o Senhor do Tempo e os membros da nave Peregrina (dos caçadores de recompensas), que não o aceitam e desconfiam dele. O texto transita entre o cômico e o urgente, elencando as características mais marcantes do 10º Doutor. Também vemos explorado o lado trágico de uma aventura com os Daleks, e o autor não poupa personagens queridos de mortes bastante infames. Nesse sentido, o livro é um sucesso. Não existe exatamente uma previsão para o que vai acontecer. O leitor se prepara para o pior. O final, com o “vai-não-vai” entre o Doutor, Bowman e Koral nos mostra isso. Como não houve muita piedade antes, parece-nos que o padrão se seguirá aqui também, uma boa estratégia de escrita e que funciona perfeitamente no livro.

Porém, o maior de todos os ganhos do autor é elencar os Daleks e uma maneira crível e coerente, algo bastante difícil de vermos nos arcos televisionados. É claro que para a mídia escrita é “mais fácil” estabelecer essa colocação porque conta-se com a imaginação do leitor, guiando a força dos diálogos, das ações e da quantidade de detalhes do cenário, dando ao público muita coisa sobre o que pensar. Aqui, os vilões são REALMENTE vistos como demoníacos, insensíveis e cruéis, muito mais do que qualquer outra vez que eu pude presenciá-los na TV, seja na Série Clássica, seja na Nova Série.

Quem tem melhor memória irá gostar da citação da Proclamação das Sombras, dos Draconianos e sua guerra e principalmente do Princípio de Osterhagen, que vimos surgir como projeto no díptico The Stolen Earth/Journey’s End.

O grande erro de Trevor Baxendale está no final do livro. Especialmente no capítulo final e no epílogo anticlimático. Após um andamento bastante satisfatório, com erros tão pequenos que facilmente poderiam ser relevados pelo público, o autor escolhe terminar a jornada com uma reticência que simplesmente não se encaixa no momento. A promessa para a “vingança futura” do Dalek X (ou Inquisidor) é aceitável porque estamos falando de uma série de ficção científica onde viagem no tempo é uma coisa comum. Mas não é aí que reside o impasse. Ele está na forma como o autor organiza os eventos ao final, no ritmo adotado, nas resoluções escolhidas.

É evidente que essas escolhas não são o bastante para negativizar o livro, que é uma leitura valiosa para qualquer whovian, mas é quase impossível não se irritar pelo menos um pouco com a mudança de tom adotada nas últimas páginas. Um fim insosso para uma história até então muito boa.

O Prisioneiro dos Daleks (Prisoner of the Daleks) — Reino Unido, 2009
Autor: Trevor Baxendale
Editora original: BBC Books
No Brasil: Suma de Letras, 2015
Tradução: Camila Fernandes
208 páginas

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