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Crítica | O Retorno dos Jovens Titãs e O Ídolo de Xocatã (Showcase e Teen Titans, 1965 – 1966)

por Luiz Santiago
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A ideia original para os Jovens Titãs apareceu, ainda sem nome, na aventura Os Mil e um Perigos do Senhor Ciclone (1964), numa “história de união de sidekicks” que chamou a atenção do público e, um ano depois, ganharia formação original em O Homem Fragmentado, recebendo de presente a estreia da Moça-Maravilha nos quadrinhos. Rapidamente popular entre os leitores mais jovens, em um período em que a Nona Arte passava por reformulações, novas roupagens e “rejuvenescimentos”, os Jovens Titãs estiveram entre os queridinhos do público jovem, juntamente com a adorada, à época, Legião dos Super-Heróis. Após o retorno do grupo na Showcase #59 (com data de capa de dezembro de 1965), a equipe ganharia o seu próprio título, a revista Teen Titans Vol.1. Os comentários aqui apresentados abordam esses dois momentos definitivos para o grupo: o retorno e a sua primeira edição em título próprio.

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O Retorno dos Jovens Titãs (O Desafio)

Esta edição da revista Showcase marca o retorno dos Jovens Titãs, depois da formação do grupo em Brave and the Bold #60, seis meses antes. A revista foi a preparação para o título solo da equipe, que viria bimestralmente, estreando com data de capa de fevereiro de 1966. Nesta edição é estabelecida uma estrutura narrativa simples para as tramas do conjunto, com histórias de três capítulos — semelhantes às da Liga da Justiça e diferente das da Legião, que começou com histórias majoritariamente de 12 páginas — e marcadamente ambientadas no mundo secular, com histórias de conflitos de geração ou de obtenção de valores morais e éticos e/ou aventuras que pudessem passar um senso de amadurecimento para esses jovens. A formação aqui é, claro, a mesma que deu origem à equipe: Aqualad (Garth), Kid Flash (Wally West), Robin (Dick Grayson) e Moça-Maravilha (Wonder Girl/Donna Troy).

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A prisão da banda The Flips.

Bob Haney cria uma trama que marca não só aquela geração de meados dos anos 60, mas também a geração de uma década antes, com a explosão do rock’n roll nos Estados Unidos e o choque que isso tem para os dois lados. Em cena, a banda The Flips, formada por Jack, Jill e Joe. O grupo parece bastante querido dos jovens, inclusive dos integrantes dos Jovens Titãs. O magnetismo das apresentações e as estripulias quase esportivas da banda no palco são uma forma exagerada e muitíssimo bem pensada do roteirista e da excelente arte (principalmente por conta de uma diagramação admirável) de Nick Cardy, em brincar com a febre dos Beatles, então em voga no país e no mundo. O artista deixa a imaginação correr solta e utiliza movimentos do circo durante toda a aventura, mantendo ativa a acusação falsa ao The Flips e a luta dos jovens para limpar seus nomes, tendo, como sempre, os adultos turrões condenando a “música barulhenta” e os “jovens inquietos” por todos os problemas que apareciam na cidade. Mais um dos bons conflitos de gerações, que mesmo tendo impasses no texto de Bob Haney, especialmente no final — com as explicações desnecessárias e outras meio confusas –, consegue terminar em alta.

The Return of the Teen Titans (Showcase Vol.1 #59) — EUA, dezembro de 1965
No Brasil:
Ebal (1971)
Roteiro: Bob Haney
Arte: Nick Cardy
Capa: Nick Cardy
Editoria: George Kashdan
24 páginas

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O Ídolo de Xocatã

Bom… não foi uma boa estreia, não é mesmo? Vindo diretamente de O Retorno dos Jovens Titãs (O Desafio), a equipe de sidekicks chegou ao seu primeiro título solo com uma história chata e sem atrativos, que se passa em um ermo lugar da América do Sul (como quase sempre parecendo o México, na visão dos americanos — aqui, sob desenhos de Nick Cardy); um lugar chamado Xochatan. Os jovens são convocados até Washington para uma reunião e então ficam sabendo que foram convocados pessoalmente para integrarem o Corpo da Paz na região, que está para fazer uma barragem e enfrenta um problema com um templo, aparições estranhas e superstição dos nativos. Então o roteiro passa a empilhar contradições, a começar pelo treinamento “moral” que os Jovens Titãs têm para integrar o Corpo da Paz e como a ação em campo do grupo (deles e dos que já estão in loco) faz exatamente o contrário do que diz o treinamento, com a desculpa de “ação política opressora de Don Mantanzas“.

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Aquela capa bizarra que não anima ninguém.

Se a base de ação do grupo é o respeito à cultura local e à não-interferência, por que diabos interferir nas questões locais, especialmente inundando um templo, como fazem nessa aventura? A “justificativa” de que as criaturas estavam assombrando o lugar e os moradores é uma mistura de roteiro preguiçoso com desrespeito à inteligência do leitor, assim como a declaração inicial de que os Jovens Titãs foram chamados ao lugar, informação que poderia ser utilizada para criar algo mais instigante na história, como um plano maior do vilão, mas acaba se tornando um dado solto e inútil, só para ocupar espaço do roteiro (e não, a frase “eu queria destruir os Jovens Titãs” não é uma justificativa, até porque o grupo tinha acabado de se formar… Uma frase dessas, neste momento da cronologia da equipe, não faz sentido algum). Com aparições-Coruja e sem sentido do Batman e Flash, essa edição sequer serve para aquecer os motores e animar o público para comprar as revistas dos Jovens Titãs. Sorte que a DC tinha um plano a médio prazo já preparado e deveria publicá-lo inteiro até saber qual atitude tomar em relação ao título. E ainda bem que, aos poucos, as histórias da equipe foram melhorando consideravelmente.

The Beast-God of Xochatan (Teen Titans Vol.1 #1) — EUA, fevereiro de 1966
No Brasil:
Ebal (1968)
Roteiro: Bob Haney
Arte: Nick Cardy
Letras: Stan Starkman
Capa: Nick Cardy
Editoria: George Kashdan
24 páginas

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