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Crítica | Os Puxa-Sacos

por Luiz Santiago
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Um dos vários filmes do produtor Brian Grazer com os roteiristas Lowell GanzBabaloo Mandel, que até aquele momento tinham feito juntos Corretores do Amor (1982), Splash: Uma Sereia em Minha Vida (1984), Os Espiões que Entraram numa Fria (1985) e o ótimo O Tiro Que Não Saiu Pela Culatra (1989), Os Puxa-Sacos é uma comédia familiar que mistura os melhores elementos morais e de comportamento das comédias de costume e um lado humanista, cínico e ao mesmo tempo sacana relacionado à ganância e ao quanto o dinheiro pode comprar e mudar as pessoas.

Este foi o penúltimo longa de Kirk Douglas (então com 77 anos) a ser lançado antes do ataque do coração quase fatal que ele sofreu em 1996, alterando sua fala e mudando significantemente suas atuações posteriores. Aqui, ele apresenta uma performance divertida e até um pouco cruel, até questionável em outros momentos, vivendo um milionário que está rodeado de parentes em busca de herança. Durante toda a obra, temos o velho Tio Joe provocando e testando cada um dos familiares para ter certeza de quem merece uma parte de sua fortuna.

A primeira coisa que o espectador precisa ter em mente é que a comédia familiar destaca apenas os caça-niqueis humanos, de modo que indagações sore o restante da família se perdem no todo da proposta. É verdade que essa ausência causa alguma estranheza, afinal… estes são os únicos parentes do Tio Joe? Mas se a fita pretende fazer graça com pessoas bajulando um velho rico para conseguir faturar alguma coisa, é possível entender o foco do roteiro nesse galho da família e cada um dos rebentos recebem boa atenção do texto, além de serem muito bem interpretados. Existem situações clichês, brigas bastante falsas e xingamentos exagerados, mas esses elementos fazem parte desse tipo de comédia mais boba com uma lição de moral um tanto duvidosa, então não é algo exatamente inesperado.

O título da obra brinca com outra produção cinematográfica dentro desse mesmo tema, Ouro e Maldição (1924). Até o nome da família McTeague também aparece aqui, juntos de outras referências inteligentes da Sétima Arte, como a piada com “Bates Motel” de Psicose (1960); o longa Charada (1963), na cena final, e o universo de Star Trek, quando Robin diz que os primos de Danny parecem um bando de Klingons. Esse ambiente com diversos pontos cômicos e problemas familiares que entendemos bem, acabam trazendo o espectador para perto dos personagens, criando vínculos e torcendo para que esta ou aquela pessoa ganhe as graças do Tio Joe e seja um dos contemplados com a grana. Mas como ninguém é inocente e livre da ganância, sobra ao velho rico escolher os indivíduos “menos piores” ou que pelo menos assumem que querem dinheiro mas realmente se importam com o bem-estar do idoso.

O filme talvez conseguisse melhor resultado final se os roteiristas não tivessem estendido tanto as cenas de provação, mas mesmo neste ponto é possível curtir as tentativas mais absurdas dos primos (e de uma “enfermeira” que apareceu na vida de Joe) até a grande revelação final, onde a maioria dos caçadores-de-fortuna revelam quem realmente são. O desfecho não é exatamente inesperado se o espectador entendeu bem que tipo de pessoa é o Tio Joe, mas mesmo assim gera um pequeno choque e garante boas risadas.

Os Puxa-Sacos é o tipo de comédia que pesca um pouco de cada estilo e nuance do riso e espalha isso por diversas cenas, coisas que vão desde o sempre simpático Michael J. Fox, aqui pagando bundinha e jogando boliche, até cenas de musical com pitadas metalinguísticas, humor ácido, comportamental e um jogo de gato e rato que às vezes deixa alguns personagens difíceis de se decifrar ou entender, no melhor sentido da afirmação. Uma comédia gostosa sobre pessoas fazendo quase tudo por dinheiro.

Os Puxa-Sacos (Greedy) — EUA, 1994
Direção: Jonathan Lynn
Roteiro: Lowell Ganz, Babaloo Mandel
Elenco: Michael J. Fox, Kirk Douglas, Nancy Travis, Olivia d’Abo, Phil Hartman, Ed Begley Jr., Jere Burns, Colleen Camp, Bob Balaban, Joyce Hyser, Mary Ellen Trainor, Siobhan Fallon Hogan, Kevin McCarthy, Khandi Alexander, Jonathan Lynn
Duração: 113 min.

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