Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Pantera Negra: O Som e a Fúria (2018)

Crítica | Pantera Negra: O Som e a Fúria (2018)

por Luiz Santiago
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Garra Sônica (Ulysses Klaw) é um clássico e recorrente vilão do Pantera Negra, alguém com quem o personagem tem uma relação de vingança e perda gigantescas, visto que foi pelas mãos do indivíduo que T’Chaka, o pai de T’Challa, foi assassinado. No decorrer de todos os títulos do personagem, Ulysses Klaw sempre esteve presente, de uma forma ou de outra. Às vezes contratando capangas para agir em Wakanda até que “a cavalaria” chegasse, às vezes tentando uma abordagem mais direta, como a que acontece nessa one-shot de Ralph Macchio e Andrea Di Vito, trazendo “um dia na vida” do Pantera Negra, mas tomando como ponto de partida uma transação econômica internacional.

A história começa em uma reunião de T’Challa com investidores dos Emirados Árabes Unidos, ocorrida na icônica cidade de Dubai. De imediato, notamos que o artista Andrea Di Vito procurou representar o lugar com o máximo de novidades possíveis, pegando carona na ótima escolha de Macchio para o roteiro. Sendo Dubai uma cidade de enorme avanço em construção civil e dos muitos tipos de engenharia + adequação de conveniências tecnológicas a um ambiente geográfico próximo a um deserto e em um entorno politicamente instável, colocar o Pantera Negra nesse local foi uma boa sacada, que poderia gerar um fruto bem melhor. Mas em vez de transformar esse ambiente em um bom palco de enfrentamento entre o Pantera e um vilão que fizesse muito mais sentido neste ambiente, o autor escolheu Garra Sônica para fazer chantagem financeira, ameaçando colocar a cidade abaixo caso não fosse atendido.

Tudo bem que isso é o que Ulysses sempre faz, mas os vilões, nas histórias em quadrinhos, precisam ter um bom motivo e ambiente ideais para aparecerem. Não é porque se trata de um personagem cuja história com o Pantera Negra é longa, que ele deve aparecer em uma one-shot com informações rápidas. Curioso é que aqui se apresentam três novos vilões, todos ajudantes de Klaw: Anton Garrote, Blokk the Destroyer e Shen-Yu. Pensando em termos de vilania, a luta de T’Challa contra esses indivíduos é bem mais interessante do que a luta contra Klaw, muito embora os diálogos de Ralph Macchio para os bandidos sejam os piores possíveis. Todos parecem ter um nível baixíssimo de intelecto (inclusive Klaw, o que nem de longe é verdade) e estão na trama apenas para apanhar. Um enorme desperdício de oportunidade (parece a HQ Prelúdio do filme de 2018!).

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T’Challa apresentando algumas maravilhas tecnológicas para investidores na Embaixada de Wakanda, em Dubai.

A arte de Laura Villari é ótima quando está mostrando apenas pontos da cidade. E os civis. Ela adota o compreensível modelo de trabalhar bem tudo o que está em primeiro plano e fazer rascunhos menores para objetos e pessoas em perspectiva, mas seu projeto visual funciona a maior parte do tempo… exceto quando resolve mostrar músculos e o Pantera Negra em posição de luta, onde ele parece um Corcunda de Notre Dame vestido com uma fantasia de pantera, o que chega a ser hilário porque lembra um pouco as deformidades de Rob Liefeld.

E assim como desenvolveu diálogos tenebrosos para os vilões e apresentou Klaw em uma história que exigia outro tipo de ameaça, o autor também tropeçou na finalização. O encerramento é convencido demais e as frases de T’Challa nem parece a de um rei experiente que já enfrentou esse mesmo inimigo antes e sabe muito bem que não será nada fácil mantê-lo preso. Isso sem contar que as frases de efeito enaltecendo a justiça parecem pobres demais diante da história que os dois têm há muito tempo. O que se salva aqui em O Som e a Fúria são os momentos de resgate de civis pelas mãos do Pantera e o pequeno momento de integração em política econômica na Embaixada. De resto, a one-shot é uma vergonha desnecessária que não precisa estar na lista de leitura de ninguém que não tenha muito, mmuito tempo sobrando.

Pantera Negra: O Som e a Fúria (The Sound and the Fury!) — EUA, 7 de fevereiro de 2018
Roteiro: Ralph Macchio
Arte: Andrea Di Vito
Cores: Laura Villari
Letras: Travis Lanham
Capa: Andrea Di Vito, Laura Villari
Editoria: Mark Basso
24 páginas

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