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Crítica | Pantera Negra, Venom e Vingadores (Novo Começo)

por Luiz Santiago
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E lá vamos nós. Outra… e outra vez. Depois de Novíssima Marvel, Totalmente-Nova & Totalmente-Diferente Marvel, Marvel Now, Marvel Legacy, chegamos agora em Marvel: Um Novo Começo (Fresh Start, no original), que traz… adivinhem só… um relaunch quetinho e cheio de títulos para aproveitar o “novo público” vindo de Guerra Infinita e abrir portas para os novos caminhos pretendidos pela editora, com retorno de alguns personagens, retirada ou mudança de outros. O de sempre, na verdade. Abaixo, vocês podem conferir o vídeo de divulgação da editora para o projeto.

No presente compilado, trago críticas para os 3 novos títulos desse Novo Começo da Marvel, lançados entre 2 e 23 de maio de 2018. Este é o trio de aventuras que a editora escolheu para encabeçar o projeto. Então vamos falar delas.

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Vingadores #1 e 2: The Final Host e 

Still Avenging After All These Years

A gente forma um trio e tanto. Capitão Hydra, Tony Coma e Thor Indigno…

Publicadas em 2 e 16 de maio de 2018, essas duas primeiras edições de Vingadores Vol.8 mostram uma ameaça bastante interessante, os Celestiais, espécie poderosíssima de seres cósmicos que influenciou acontecimentos muito importantes da história humana, sendo responsáveis pelos principais eventos evolutivos do planeta, como o surgimento dos Eternos e dos Deviantes, dentre outras raças ou variações genéticas. Aqui, a história começa nos preparando para este encontro com uma sequência de humor muito bem escrita — e desesperadora ao mesmo tempo. Reencontramos aqui os Vingadores de 1.000.000 a.C., que conhecemos em Legacy, grupo formado por Odin, Ghost Rider (“cavalgando” um mamute), Pantera Negra, Lady Fênix, Agamotto, Punho de Ferro e Starbrand.

O roteiro de Jason Aaron não fornece muita informação sobre o que exatamente eles estão fazendo ali, nesse contexto, mas a história da primeira edição é muito boa. Existem, claro, pequenos momentos de confusão, mas nada grave e tudo colocado em um tom que nos conquista de imediato, porque não está em pauta a megalomania de Aaron, não nesse começo. As coisas começam a ter o sinal de atenção aceso quando a cena muda para os “dias atuais” e temos Capitão América, Homem de Ferro e Thor conversando em um bar, levantando a possibilidade de recriação dos Vingadores. Vocês já devem imaginar para onde isso vai…

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O fato é que a primeira edição é diversão pura. Isso está nos diálogos para a nova formação dos Vingadores. Está na quebra de tempos em diferentes grupos/personagens, que agem em torno de coisas que os colocarão de frente com os Celestiais — o encontro do Pantera Negra com Doutor Estranho, em uma caverna rupestre do Grande Karoo, na África do Sul, é aplaudível –. E está na forma com que a ameaça é elencada nas entrelinhas, com ações da Tropa Alfa e da Capitã Marvel para identificar o que está acontecendo. Não é uma narrativa original, diga-se de passagem, mas é atrativa porque vai direto ao ponto, não tem narração vilanesca a tiracolo (uma das coisas que mais irritaram na segunda edição) e, acima de tudo, trabalha bem com os personagens. Daí vem Still Avenging After All These Years. E nossa paciência é testada.

É bom dizer que esta parte dois não é uma revista ruim, ela apenas força demais a barra burocrática no encadeamento dos vilões, o que faz com que outras coisas também entrem na dança, uma delas, o destaque desmedido para o Motoqueiro (de carro) Fantasma e da Mulher-Hulk (Jen Walters), cuja participação só tem mesmo um bom sentido no cliffhanger, o que é estranho de se pensar, pois ela passou tanto tempo indecisa sobre o que fazer que tomou tempo demais e não entregou nada para a trama. Robbie Reyes é quase a mesma coisa, mas o texto o liga ao irmão e o faz encontrar a ameaça cedo, ligando seus questionamentos sobre não dormir e temer que ruim algo acontecerá com a trama principal, então tem sentido de ele estar lá, só que sua presença é estendida demais para entregar apenas isso. Ao fim, com uma ótima arte de Ed McGuinness, temos um começo promissor, embora o vilão que se mostra movendo as cordinhas no final possa decepcionar muita gente.

Avengers Vol.8 #1 – 2: The Final Host / Still Avenging After All These Years (EUA, 2 e 16 de maio de 2018)
Roteiro: Jason Aaron
Arte: Ed McGuinness
Arte-final: Mark Morales, Jay Leisten
Cores: David Curiel
Letras: Cory Petit
Capas: Ed McGuinness, Mark Morales, Justin Ponsor
Editoria: Tom Brevoort, Alanna Smith
45 páginas

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Venom #1

Venom (aqui, ligado a Eddie Brock) é um personagem interessante, sob muitos aspectos. Primeiro, temos a relação do “outro”, do espelho, da dupla personalidade/entidade vinda de O Médico e o Monstro e O Duplo que dá aos seus quadrinhos uma linha diferente de concepção narrativa, exigindo imensamente dos roteiristas a habilidade de trabalharem com múltiplas vozes (dando sentido a cada uma delas), ao passo que a história anda e outros personagens aparecem e são igualmente desenvolvidos. Acho que é um dos mais “chatos” (o que não quer dizer, ruim, veja bem, estou falando do trabalho e exigências claras para fazer Venom funcionar) sobre o qual um roteirista pode escrever. E é justamente isso que faz com que suas histórias sejam uma curiosa viagem de união e luta entre personas. Aqui, o texto de Donny Cates avança consideravelmente nesse sentido e, mesmo que em termos gerais, da história acabe no nível da HQ dos Vingadores, com certeza acaba empolgando muito mais.

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A trama começa na Escandinávia medieval, com um grupo de guerreiros nórdicos impedindo que um monstro entre na Sala do Hidromel onde estavam. Beowulf é solicitado mais de uma vez aqui. A arte de Ryan Stegman, com finalização de JP Mayer e as simplesmente fantásticas aplicações de cores por Frank Martin são o que realmente nos chamam a atenção, algo que segue por toda a edição, especialmente pela abordagem sombria e suja que fazem do lar, cidade e lugares onde Eddie Brock vive. Somos arrastados para este ambiente macabro, que tanto o roteiro quanto a arte ligam aos filmes de terror e seus clichês mais legais, como relâmpagos, trovões, sombras e outros aspectos de geração de medo e introdução do suspense em uma história.

O gancho para a entrada de um novo personagem da Marvel, Rex Strickland (soldado da Guerra do Vietnã que esteve ligado ao Simbionte, junto com seus outros colegas, todos parte de um programa secreto do governo para criar super-soldados, algo já batido e que a gente sabe que nunca dá certo) é fraca — vindo de uma ação boba de Jack O’Lantern — mas não é ruim. Nessa linha, o texto segue por adições de coisas que podem ser classificadas como “teoria da conspiração” e retorno das temáticas de serviços governamentais secretos, aqui, com a S.H.I.E.L.D. envolvida. Mas o “distúrbio na Força” é grande demais para se ignorar. Se Venom, em sua ação normal — se é que podemos encontrar este ponto — já é algo interessante de se ver, tudo fica ainda mais empolgante quando existe algo muito antigo e divino envolvido. Se o roteirista souber aproveitar bem essa linha, o título promete bastante.

Venom Vol.4 #1 (EUA, 9 de maio de 2018)
Roteiro: Donny Cates
Arte: Ryan Stegman
Arte-final: JP Mayer
Cores: Frank Martin
Letras:Clayton Cowles
Capa: Ryan Stegman
Editoria: Devin Lewis, Thomas Groneman, Emily Newcomen, Nick Lowe
26 páginas

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Pantera Negra #1: The Intergalactic Empire of Wakanda

Book 1: Many Thousands Gone

O Rei está de volta, em um novo título, e agora em uma história de ficção científica! Com roteiro de Ta-Nehisi Coates (Uma Nação Sob Nossos Pés, Vingadores do Novo Mundo, Nós Somos as Ruas) O Império Intergaláctico de Wakanda é apresentado, mas sob uma imensa camada de mistérios. Aqui, o leitor é claramente pedido para esperar por respostas, porque as dúvidas são muitas: como eles chegaram onde estão? Certos personagens são realmente quem dizem que são? Como esse Império chegou a este ponto? Por que essa diferença de status social tão grande? Mas vejam, essas perguntas não atrapalham em nada o aproveitamento da história, que é incrível. Embora seja difícil estabelecer uma linha do tempo aqui, temos a informação de que um grupo de wakandanos foram enviados para um canto remoto da Galáxia, onde, longe de casa, instituíram uma colônia, prosperaram e começaram a desenvolver um nível bélico e de auto-defesa imensos, o que levou esse Império para um ponto de conquistas através de diversos planetas (rapidamente me passou Dreadstar pela cabeça), produto de um Estado militarizado com escravização de espécies nas minas de vibranium.

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Qualquer leitor com o mínimo de conhecimento de atualidades irá perceber que Coates está tocando em um ponto delicado para os americanos, o que certamente vai gerar ondas de vozes revoltosas (inclusive aqui no Brasil, quando a obra chegar): a indústria das armas e o que o belicismo a todo custo pode gerar. Ao longo da edição, é impossível não fazer alusões a Star Wars, especialmente pela forma como uma facção rebelde é colocada na trama e como a relação entre governo, homens de armas, escravos (que têm suas memórias apagadas e são chamados de Sem-Nome) e revoltosos é desenvolvida pelo roteiro. A ação, capturada com perfeição pela arte de Daniel Acuña — que é um espetáculo à parte, sendo o seu estilo muito condizente com o ambiente aqui representado –, não atrapalha os momentos narrativos, e mesmo com as poucas explicações que temos nesta edição, dá para perceber que existe um número grandioso de coisas que precisamos levar em conta. Mentiras ancestrais, apagamento da memória, divulgação de falsas informações, escravização do próprio povo, cultura belicista de auto-defesa, legitimação da escravidão por um discurso pseudo-sociológico, presos políticos… Ah, Ta-Nehisi Coates, a gente viu o que você fez aí. Por favor, continue!

Black Panther Vol.7 #1: The Intergalactic Empire of Wakanda – Book 1: Many Thousands Gone (EUA, 23 de maio de 2018)
Roteiro: Ta-Nehisi Coates
Arte: Daniel Acuña
Arte-final: Daniel Acuña
Cores: Daniel Acuña
Letras: Joe Sabino
Capa: Daniel Acuña
Editoria: Wil Moss, Sarah Brunstad, Tom Brevoort
34 páginas

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