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Crítica | Poltergeist: O Fenômeno (2015)

por Guilherme Coral
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estrelas 2

A interminável moda de remakes, reboots e continuações, repleta de revisitações desnecessárias a obras clássicas – com algumas honrosas exceções, como Mad Max: Estrada da Fúriaataca novamente. Agora é a vez de Poltergeist, clássico oitentista receber uma nova versão, atualizada com as tecnologias de hoje em dia. Seria uma boa ideia, contudo, revisitar um clássico do terror, tendo em vista a overdose de clichês praticamente intrínseca ao gênero? Não cairemos simplesmente em uma eterna repetição de fórmula vencida? Naturalmente o diretor Gil Kenan poderia se afastar do material fonte a fim de trazer algo novo. O que ocorre, porém, é apenas uma concretização de nosso temor: um filme tão repleto de mesmices que chega a ser risível.

O roteiro sequer tenta fugir do lugar comum. Uma família tendo de se reajustar com a perda do emprego do marido (vivido por Sam Rockwell) tem de se mudar para uma casa no subúrbio. Pouco sabiam, entretanto, que sua atual morada é um antro de fantasmas enfurecidos que, gradualmente, realizam ataques à família. A fórmula arcaica ainda se mantém nos detalhes: são as crianças mais novas que primeiro percebem que há algo de errado, temos uma menina excêntrica com amigos imaginários é uma filha adolescente com uma atitude difícil. Naturalmente estamos falando do remake de um filme de 1982, mas um pouco mais de criatividade seria bem vinda.

Deixemos o plano de fundo para trás e vamos entrar no que realmente atrai as pessoas: o suspense e os sustos. Sinto informar que o trailer simplesmente entregou as melhores (ou seriam menos piores?) cenas do filme. Não sentimos, efetivamente, temor em qualquer ponto, ao passo que a obra conta com uma narrativa demasiadamente previsível. Os aspectos mais interessantes beiram o sci-fi, refiro-me, obviamente, ao portal presente entre dimensões que poderia trazer algumas interessantes repercussões dentro da trama, mas que é totalmente desperdiçado juntamente com o outro plano de existência mostrado, que somente faz uma ponta.

A introdução do personagem Carrigan Burke (Jared Harris, de Mad Men) praticamente enterra o longa-metragem, que tenta introduzir uma figura de autoridade a fim de tornar todo aquele fenômeno algo mais palpável. O que ocorre, porém, é o contrário, especialmente considerando seus gritos para as entidades, exigindo para que deixem a família vitimada em paz. Vale lembrar e, recentemente, o ótimo Invocação do Mal trabalhou com figuras similares, mas fez um ótimo jogo de expectativas ao brincar com o charlatanismo de tais figuras na vida real, algo que Poltergeist até tenta fazer, mas sem eficácia.

O que poderia salvar a obra, sua fotografia, se mantém na mesmice do roteiro e se apoia muito na linguagem clássica, exagerando nos planos e contra planos, diminuindo ainda mais a quase inexistente sensação de medo. Uma ousadia fotográfica maior seria interessante, especialmente para dar vida a uma temática já batida é amplamente explorada não só no original, como nas centenas de obras similares que vieram desde então.

Gil Kenan, portanto, não consegue reviver o espírito da obra original e tenta se ater a um roteiro similar, o que apenas prejudica sua obra. O excesso de clichês torna clara a crise do cinema de terror atual, que de dez obras apenas uma se salva. Poltergeist deveria ter sido deixado em paz, presente apenas em nossas coleções de DVDs e blu-rays e não em uma nova versão cinematográfica. O resultado não é só ineficaz, como risível, especialmente considerando seu desfecho praticamente surreal.

Poltergeist: O Fenômeno (Poltergeist – EUA, 2015)
Direção:
Gil Kenan
Roteiro: David Lindsay-Abaire
Elenco: Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt, Kennedi Clements, Saxon Sharbino, Kyle Catlett, Jared Harris, Jane Adams
Duração: 93 min.

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