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Crítica | Preacher – 2X03: Damsels

por Luiz Santiago
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estrelas 4,5
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Nós estamos procurando por Deus“, diz o pastor Jesse Custer em alguns dos 187 bares de jazz de New Orleans. Alguém olha para ele, Tulipa e Cassidy e diz: “vocês três?“. A brincadeira com a santíssima trindade em busca de seu “corpo único” é apenas uma das muitas deixas geniais do roteiro de Sara Goodman (“Mary Poppins em A Noviça Rebelde” foi outra), que faz aqui um trabalho muitíssimo melhor do que fizera no episódio Monster Swamp, que ela escreveu para temporada passada. Perpassando a “canção do fim do mundo”, a favorita de Deus, A Walk to the Peak — muito bem definida no episódio como algo parecido com gatos transando no aeroporto sob um caminhão de sorvete” — Damsels nos leva por quatro caminhos narrativos diferentes, com dois se cruzando e outros dois ainda em construção para algo maior no futuro.

O primeiro desses caminhos está ligado ao Cara-de-Cu, interpretado por Ian Colletti, aqui, tendo tempo para mostrar que é um bom ator, fazendo algumas cenas sem aquela maquiagem pesada — e genial –… as cenas do pior dia de sua vida, reprisadas pela eternidade, no Inferno. O bloco é em tudo doentio, hilário e muitíssimo bem filmado, trazendo-nos uma outra origem do personagem. Na temporada passada, Jesse contou uma história diferente sobre o que aconteceu com o rapaz, e aqui, vemos mostrado acontecimentos opostos. Só me incomoda um pouco o fato de Eugene não ter tentado se defender das acusações… ou vai ver ele tentou e o que vimos na 1ª Temporada foi o momento de desesperança total e Jesse apenas assumiu, como todo mundo, que Eugene rejeitado, atirou na garota e depois em si próprio; e só agora nós estamos conhecendo a verdade. Ainda é possível encaixar as duas versões, mas seria bom que tivéssemos, adiante, elementos para sustentar tudo isso. Por enquanto, este não é um problema. O problema está no fato de Eugene permanecer no Inferno. E não foi exatamente isso que a gente viu no final de Call and Response, não é mesmo?

Agora conhecemos um pouco mais do “lugar de tormento” e vemos que Eugene está para fazer um novo amigo, ninguém menos que Hitler, interpretado por Noah Taylor e que é certeza que voltará nos próximos episódios, esta não foi apenas uma aparição de luxo. E nessa esfera de novas aparições, temos a chegada de Herr Starr (Pip Torrens) à série, juntamente com o pessoal do Graal. Esta linha de história se ligada claramente à busca de Jesse por Deus e deve funcionar como uma força paralela nos próximos episódios, atacando e crescendo até dar o bote final. É possível ver como o roteiro deixa pavimentado o caminho para duas narrativas, mantendo certa individualidade para cada espaço.

Em Mumbai Sky Tower tivemos um bom destaque e crescimento do personagem de Joseph Gilgun, e aqui vemos como isso novamente abre as asas, mostrando um elemento sentimental e de “dominação” do personagem, que está muito mais próximo a Tulipa do que Jesse, até onde se sabe, de maneira mais amigável do que apaixonada, embora exista sim este último fator. A jornada aí ganha uma cor diferente dos quadrinhos, ao menos nessa fase inicial de viagem, e é bom perceber como as individualidades, os trajetos diferentes para investigar problemas e o tempo para pensar ou sofrer aparecem e depois se juntam com outra linha dramática. Em três episódios, não só a sensação de estarmos começando de novo, mas a sensação de estarmos crescendo em relação à Primeira Temporada já pode ser sentida.

O uso de neons na fotografia, para marcar a caminha jazzística em busca de Deus, foi uma escolha certeira do diretor, que ainda conseguiu dar uma identidade visual distinta para cada bar visitado. E notem que a maioria possui um filtro mais escuro, sem contar que a busca acontece à noite, mas mesmo assim, a predominância de verde, azul, vermelho, cinza, laranja ou sépia são destacados em cada interior de casa ou bar em New Orleans. Eu tive apenas um leve problema com a montagem e a sequência de planos de contexto para indicar o tempo que Jesse demorou até chegar à mulher que tinha informações sobre Deus (isso e um corte bem sem-vergonha em fade-out preto logo que o trio chega à cidade) mas estes são momentos menores diante de um roteiro inteligente e uma direção sólida, quase cinematográfica.

Como disse no início, quatro caminhos nos são apresentados: Eugene no Inferno; Herr Starr e o Graal; Jesse e Cia. e a busca por Deus e, exposto como cliffhanger, o encontro de Tulipa com as pessoas que a estão procurando. Será que estamos no caminho para os L’Angelle entrar em cena? A mão de fazer o sinal da cruz chega a tremer.

Preacher 2X03: Damsels  (EUA, 3 de Julho de 2017)
Direção: Michael Slovis
Roteiro: Sara Goodman (baseado nos personagens de Garth Ennis e Steve Dillon)
Elenco: Dominic Cooper, Joseph Gilgun, Ruth Negga, Ian Colletti, Pip Torrens, Noah Taylor, Julie Ann Emery, Malcolm Barrett, Ronald Guttman, Amy Hill, Gianna LePera, Mark Adam Miller, Kim Collins, Peter Gabb, Peter Gabb, Rhonda Johnson Dents, Lucky Johnson, Scott Allen Perry, Jason Richard Allan Foster, Lance Tafelski
Duração: 45 min.

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