Home TVEpisódio Crítica | Preacher – 2X10: Dirty Little Secret

Crítica | Preacher – 2X10: Dirty Little Secret

por Luiz Santiago
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PLANO CRITICO PREACHER DIRTY LITTLE SECRET
estrelas 5,0
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Para os leitores que vêm acompanhando as críticas e a sessão de comentários desta temporada de Preacher, a afirmação de que a série mudou e que essa mudança precisava de algo que realmente abraçasse a nova face do programa não é mais novidade. Apesar de ter sido uma boa temporada, o estacionamento do grupo em New Orleans não funcionou bem como proposta do serial, colocando a narrativa desnecessariamente na retranca e construindo de maneira solta, quase irresponsável (para o alto padrão da série) um novo enredo, que só recentemente começou a apimentar a busca de Jesse por Deus.

Resolvido o problema com o Santo dos Assassinos — era evidente que as armas escondidas no banheiro viriam a ser reutilizadas e eu fico muito feliz que tenha sido Tulipa a pessoa a encontrar essas armas –, a série se perdeu um pouco. Mesmo não tendo nenhum episódio ruim, um capítulo filler como Holes, por exemplo, não era para ter acontecido, pois agiu mais contra a série do que a favor. Mas de alguma forma a nossa paciência está sendo recompensada neste final. Puzzle Piece já tinha sido um ótimo salto de qualidade e andamento do enredo, tendo no final uma promessa que, louvadas sejam todas a hierarquias celestiais, se cumpre em grande estilo neste Dirty Little Secret, para mim, o segundo melhor episódio de toda a temporada até agora, apenas levemente atrás de On the Road.

Aqui, temos um episódio com a cara do melhor que Preacher trouxe para a TV desde Pilot. Desfilam na tela diversos elementos religiosos, explorados em várias camadas — e TODAS as colocações aqui encontram amparo em teorias e lendas que de fato existem em nosso mundo, como fato de Jesus ter tido um filho ou briga no topo da hierarquia do Vaticano, passando por interpretações sobre a vinda do Messias (emprestando elementos do Judaísmo) e sobre a história da “guerra angelical” no Paraíso. A mistura de ingredientes religiosos aliados à uma sociedade falha e ao mesmo tempo sedenta por Deus (lembram-se que a 1ª Temporada tinha exatamente essa perspectiva, só que no âmbito de uma congregação, não apenas na pessoa de Jesse?) marcou a série e é gratificante ver isso de volta, em um dos cenários mais interessantes possíveis.

Herr Starr está tentando separar Jesse de Tulipa e Cass, ao mesmo tempo que manipula o pastor para que ele o guie até o atual filho de Jesus, chegando à conclusão de que se tem alguém que pode assumir o papel do Deus desaparecido é Jesse Custer. Este novo jogo de interesses renova a então morna linha de ação da série, mantando-nos curiosos para o que pode acontecer em cada um dos blocos. Independente do lugar que olharmos, as consequências serão grandes. Tulipa tem as armas do Santo dos Assassinos. Cass tem um filho vampiro descontrolado. Starr tem guiado Jesse para aceitar assumir o lugar de Deus. Parece que o jogo virou. Os caçadores agora passam a ser um tipo muito especial de caça, perseguidos por uma lufada de acontecimentos imprevisíveis, o que torna as dúvidas para o final da temporada ainda maiores.

A excelente cadência humorística na construção do personagem de Jesus e do seu 25º tataraneto ganham novamente uma boa interação de novos personagens com os já estabelecidos no show, além de trazerem simples mas belas e bem pensadas composições da direção de arte, fotografia (com o mesmo padrão de iluminação, inclusive, só que com toques de vermelho e ambientação mais escura no caso do quarto do descendente de Jesus) e aplaudíveis atuações de Pip Torrens, como Herr Starr e de Julie Ann Emery como Lara Featherstone. Com um novo arco de buscas e dúvidas estabelecido, Preacher volta a ter, já na parte final da temporada, o sabor de heresia com ação, intrigas e bizarrices que lhe tornou única desde a estreia. Agora parece que a ameaça espiritual se agarrará ao mundo físico, certamente com cenas no Inferno a partir do próximo episódio. Um novo Deus nascerá?

Preacher 2X10: Dirty Little Secret (EUA, 21 de Agosto de 2017)
Direção: Steph Green
Roteiro: Mary Laws (baseado nos personagens de Garth Ennis e Steve Dillon)
Elenco: Dominic Cooper, Joseph Gilgun, Ruth Negga, Pip Torrens, Julie Ann Emery, Malcolm Barrett, Ronald Guttman, Dean J. West, Tyson Ritter, Tom Thon, David St. James, Carrie Lazar, Finch Nissen, Felipe Fuentes, Peggy Walton-Walker, Breana B. Turner, Jordan Salloum, Chip Carriere, Douglas Schneider
Duração: 44 min.

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