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Crítica | Preacher – 3X07: Hilter

por Luiz Santiago
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HITLER PLANO CRITICO PREACHER PLANO CRITICO

  • Há SPOILERS do episódio e da série. Leia, aquias críticas dos outros episódios.

David (olha a ironia aí!) Hilter. Hilter mesmo, não Hitler, repare a troca do L. Este é o nome que o infame ditador nazista recém-saído do Inferno assume em sua estadia nos Estados Unidos, após escapar do Lugar de Tormento juntamente com Eugene, que segue ao lado do Santo dos Assassinos em busca de [alguém], num “servicinho simples” para Satã. Um pouco menos empolgante que os três episódios anteriores, Hilter serve como uma ponte de diálogo para as muitas linhas narrativas que temos em andamento na série, algo que já havia sido feito no início da temporada, mas que aqui tem a vantagem do maior número de dramas apresentados. Ou seja, embora menos empolgante que os três últimos capítulos, este ainda conserva uma grande dose de divertimento.

A continuação dada pela roteirista Carla Ching é, para todos os efeitos, didática. Vemos a retomada do comércio de almas, a negociação hilária de Herr Starr com vovó Marie e a reexplicação de alguns conceitos, algo que talvez tenha incomodado uma parcela de espectadores, talvez por verem nisso uma perda de tempo (algo que entendo, mas não concordo), todavia, é um ponto rápido e que serve bem ao propósito de ligação que o texto tem aqui. Não é como se a roteirista tivesse se dobrado às facilidades. O bom disso tudo é que chegamos a um momento onde Cassidy, Jesse e Tulipa são postos em ambientes diferentes, algo que pode gerar um arco muito interessante na série, dada as diferentes personalidades e abordagens trágicas de cada um, enfrentando, claro, problemas cada vez mais peculiares.

A presença de Hitler no episódio é, talvez, o ponto mais indefinido em termos de drama. Por um lado, gostei muito da cena com ele trabalhando no restaurante, do plano de dominação, do discurso típico de sua persona histórica (a colocação dele em um cenário contemporâneo com esse tipo de convencimento retórico me lembrou o excelente Ele Está de Volta) e da forma patética como implora para o Santo não matá-lo. Todavia, a retirada dele desse ambiente foi uma quebra estranha de ritmo e atmosfera. Com Eugene foi diferente, vocês perceberam? O roteiro fez uma introdução bem mais coerente com o personagem e a relação da situação de Eugene com a chegada do Santo foi dada a partir de um pontual simbolismo dentro do texto. Aqui, isso não acontece. O que deixa a intervenção e a pequena cena do Santo caminhando com os dois acorrentados isoladamente boas, mas contextualmente medíocres.

E é claro que saberíamos dos podres de Eccarius mais dia, menos dia. Pois aqui está. Eu gosto bastante da química entre ele e Cass, e o ator Adam Croasdell tem se esforçado bastante para acompanhar o excelente Joseph Gilgun, o que não é uma tarefa fácil. Desde o começo, uma possível relação afetiva entre eles estava sugerida, até porque a declarada inspiração aqui (da estética, destacando as belas composições fotográficas e de ambientação distanciada do tempo, quase anacrônica) foi Entrevista Com o Vampiro, o livro e o filme, então era provável que isso aconteceria. No entanto, eu imaginava algo mais fugaz para eles dois. Sexualidade em vampiros é realmente algo fluído, mas o contato afetivo mais duradouro, como uma espécie de compromisso, não. Por isso achei estranha (estranha, não ruim) a aproximação final entre Eccarius e Cass. Tudo bem que Eccarius tem outros interesses em mente. Mas mesmo assim. Para mim, seria mais dramaticamente lógico que Cass se comportasse como se tivesse tido apenas uma “boa pegação casual com um amigo vampiro” e nada mais. Vamos ver aonde isso vai dar. Para mim, a coisa ficará de fato ruim se um romance ou algo parecido for cultivado entre os dois. Na minha leitura, seria incoerente.

Separando os protagonistas e abrindo duas excelentes janelas — uma com Jesse diante do Grande Pai D’Aronique e outra com Theodore “TC” Charles falando para vovó Marie sobre um tal de “Gênesis” –, a série já dá alguns bons indícios de caminhos movimentados para a sua segunda metade. Mortes, lutas e avanço de interesses nos esperam no próximo episódio.

Preacher 3X07: Hilter (EUA, 5 de agosto de 2018)
Direção: Michael Morris
Roteiro: Carla Ching (baseado nos personagens de Garth Ennis e Steve Dillon)
Elenco: Dominic Cooper, Joseph Gilgun, Ruth Negga, Graham McTavish, Ian Colletti, Pip Torrens, Noah Taylor, Julie Ann Emery, Malcolm Barrett, Colin Cunningham, Betty Buckley, Jeremy Childs, Jonny Coyne, Adam Croasdell, Prema Cruz, Lucy Faust, Nathaniel Woolsey, Han Soto
Duração: 42 min.

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