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Crítica | Predador: 1718

por Ritter Fan
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  • spoilers do filme Predador 2: A Caçada Continua e da HQ.

Uma das coisas mais bacanas que Predador 2: A Caçada Continua fez pela franquia Predador foi ampliar seus horizontes cinematográficos, deixando claro, de um lado, que os caçadores alienígenas já haviam se engalfinhado com os famosos xenomorfos da franquia Alien, graças ao crânio de um dos bicharocos lá na nave que o tenente Mike Harrigan, personagem de Danny Glover, encontra e tem sua luta final. Por outro, em respeito à sua vitória, o líder dos Predadores o presenteia com uma pederneira com a inscrição “Rafael Andolini 1715”, evidenciando não só ó código de honra deles, como também o fato que eles vem visitando a Terra regularmente há bastante tempo. A Dark Horse Comics, claro, não poderia deixar esse mistério em paz e, seis anos depois do lançamento do filme, publicou uma pequena história em sua antologia comemorativa A Decade of Dark Horse contando como foi que o tal objeto acabou na mão do Predador.

E a resposta simples a essa pergunta (se é que era uma pergunta…) é a melhor resposta, ainda que o curtíssimo texto de Henry Gilroy floreie ao máximo a narrativa, emprestando outra conotação à arma e ao gesto do alienígena no filme, que é acompanhado da frase “take it” ou “pegue-o”. Para fazer isso, ele volta para o começo do século XVIII, em uma ilha na costa de Guiné, logo apresentando-nos ao Capitão Rafael Andolini – sem que seu nome seja dito – como um pirata honrado que não aceita que sua tripulação se beneficie de um tesouro roubado de um padre morto por eles. Como Andolini quer devolvê-lo, o motim é inevitável e o embate entre eles começa, com um Yautja (esse é o nome da raça dos Predadores na mitologia expandida da Dark Horse) observando e logo envolvendo-se na história.

A honradez de Andolini reflete a de Greyback (o nome desse específico Predador, com base em informações de bastidores da produção cinematográfica) quando os dois se unem contra os amotinados. É algo natural e instintivo para os dois, que veem a tripulação como um inimigo em comum, mas por razões diferentes. Enquanto no caso do capitão a coisa é mais objetiva, pois eles são traidores na hierarquia marítima, no caso de Greyback o interesse em lidar com os piratas é o instinto de caçador: seu alvo final é Andolini. Claro, porém, que Greyback vê a covardia do ataque dos amotinados e também por essa razão luta ao lado do capitão.

Infelizmente, porém, um dos piratas sobreviventes mata Andolini no momento em que ele e Greyback estão para começar a pancadaria, roubando do Predador sua presa. Antes de morrer, o capitão entrega sua pederneira para o Predador e diz “take it“, mostrando toda sua valentia e ganhando o respeito de Greyback exatamente como Harrigan o faria séculos depois, em Los Angeles, ao mostrar seu valor. Em troca, Greyback enterra Andolini com honras, entregando-lhe sua própria espada.

É uma simples, mas bela história que Gilroy conta com maestria, quase sem diálogos, já que as poucas páginas são tomadas de ação ininterrupta. Visualmente, a arte de Igor Kordey é rebuscada e detalhista, emprestando uma qualidade de pintura para cada quadro. Seu Predador é imponente e ágil, assim como Andolini. Chega a ser uma pena ele ter tão pouco espaço para desenvolver seu trabalho, que também conta com cores fortes, quase que emulando um conto de fadas com final trágico.

Predador: 1718 é uma daquelas provas de que, para se contar uma boa história, não é necessário muitos malabarismos ou infindáveis páginas. Menos é mais e o conto de valentia e honradez de Rafael Andolini e Greyback é contagiante ao ponto de ficarmos curiosos pelas outras aventuras desse grande caçador.

Predador: 1718 (Predator: 1718, EUA – 1996)
Originalmente contida em: A Decade of Dark Horse #1
Roteiro: Henry Gilroy
Arte: Igor Kordey
Letras: Steve Dutro
Editora original: Dark Horse Comics
Data original de publicação: julho de 1996
Páginas: 10

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