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Crítica | Prelúdio Para a Noite das Corujas (Novos 52: Batman, Capuz Vermelho e Asa Noturna #8)

por Luiz Santiago
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estrelas 4

A história de Scott Snyder e Gregg Capullo ganhou asas e deixou as garras à mostra. A Noite das Corujas, evento que surgiu a partir da história de uma lendária organização vigilante de Gotham City chamada Corte das Corujas, ganhou tanta importância, que encabeçou o primeiro evento multissérie dentro dos Novos 52.

A trama foi oficialmente dividida pela DC Comics em dois blocos: um prelúdio e a história principal. Ao ler o arco completo, no entanto, percebi que a editora considerou apenas as revistas que destinaram inteiramente o seu roteiro para a noite das corujas, mas é possível encontrar informações valiosas em outras edições, como a de Capuz Vermelho e os Foragidos #8, revista que não se encontra na seleção oficial, mas que adicionamos à nossa checklist porque entendemos que ela tem algo a dizer dentro dos eventos desta movimentada e sangrenta noite.

O leitor ainda poderá encontrar uma referência à Corte em Mulher Gato #8, mas a citação não traz nada de importante para o desenvolvimento da história ou mesmo informações adicionais ao leitor, por isso não acrescentamos a revista à nossa versão do Prelúdio, que segue a seguinte ordem de leitura:

1 – Batman #8 – Ataque à mansão Wayne + O chamado

2 – Capuz Vermelho e os Foragidos #8 – Arrependimentos – Quem não tem?

3 – Asa Noturna #8 – Linhagem secreta

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Antes de mais nada, é preciso salientar que o evento da “Noite das Corujas” tem início nas edições de número oito de Batman e se segue em outras revistas da família dos morcegos (Novos 52). Contudo, para entender o motivo dessa noite acontecer e a composição psicológica e história dos Garras ou mesmo as estratégias da Corte das Corujas, é necessário ler a saga desde Truque com Facas, em Batman #1. Não é possível compreender todas as nuances da história e mesmo as implicações dos eventos desta “Noite” se o leitor não tiver acompanhado o que se passou no contato de Bruce Wayne com a organização, o que de fato ela é, e qual o seu papel em Gotham. Há muitos leitores descontentes com o crossover e que já saíram reclamando da história, mas ao perguntarmos sobre o seu conhecimento da trama pregressa a ela, percebemos que não existe. Assim fica complicado julgar. É como querer criar juízo de valor sobre alguma coisa que só se teve contato a partir do meio, ou, nesse caso, a partir do final.

Ataque à Mansão Wayne é o definitivo início de tudo. Acompanhamos uma longa caminhada do Homem-Morcego e dos Garras da Corte rumo a uma luta que não comporta empate ou dois vencedores, tendo como agravante o fato de que os dois lados estão muitíssimo bem equipados para a batalha. A Corte, no entanto, tem a vantagem de ser uma lenda urbana (portanto, impalpável ou improvável) e ter algo de anormal na constituição corporal de seus soldados, cujo poder de regeneração é impressionante. Desde edições como A Décima Primeira Hora (Batman #3) e Encarando a Corte (Batman #4), percebemos que Scott Snyder jogou com o leitor uma oposição entre o que era verdade ou mentira, deixando uma dúvida clara sobre o vilão da vez.

Mas depois da ordem dada na última página de Batman #7, percebemos que a animosidade entre Corujas e Morcegos era mais que uma briga de gerações e que alcançaria naquela noite um desfecho de tirar o fôlego. A questão também não é unicamente o impasse entre quem irá controlar Gotham após a luta, mas sim, em saber se os Garras ou se a Corte continuarão em atividade após a Noite do ataque. Por hora, temos a inteligente estratégia da organização: matar todos os principais representantes ou “moldadores” da cidade, dos mocinhos aos bandidos. O Prelúdio em questão tem por objetivo exatamente isso: mostrar a missão principal da Corte e por onde (ou por quais frentes) ela iniciará o seu ataque. A Mansão Wayne e as casas ou estabelecimentos de diversas personalidades de Gotham foram os lugares inicialmente escolhidos, e através das revistas listadas nesta abertura do Noite, percebemos que os Garras avançam vitoriosos.

No caso dos eventos ocorridos na Mansão Wayne (Batman #8), temos a mesma excelente exposição de Snyder, Capullo e Glapion. A criação do suspense e a dúvida sobre o destino que a batalha tomaria são elementos narrativos que deixam o leitor tenso e impaciente para descobrir o que vem em seguida. O roteiro é objetivo em todas as frentes que se dispõe a abordar, e “termina” o ataque principal com uma página inteira que tem a capacidade de fazer qualquer fã do Batman ter orgulho de seu herói: “Saiam da minha casa agora“.

A edição conta ainda com um bônus de 10 páginas intitulado O Chamado. O roteiro é de Snyder e James Tynion IV, com arte de Rafael Albuquerque. O título desse pequeno adendo é bastante propício. Ele aborda alguns quadros de cara-a-cara do Batman em sua armadura contra os Garras; a tentativa de Alfred em contactar a batfamília e a ação isolada dos soldados da Corte em torno de personalidades ícones de Gotham. Tensão é o que não falta aqui, e a arte de traços grossos e finalização aquarelada de Albuquerque torna a sequência de acontecimentos ainda mais dramáticas.

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Quem vem acompanhando as minhas críticas das edições passadas do mix A Sombra do Batman, deve lembrar-se que eu fui desgostando da história de Capuz Vermelho e os Foragidos e só continuo lendo porque vem no mesmo mix de revistas que eu gosto… Esse sentimento permanece na edição nº 8, mas algo que preciso destacar e elogiar é a arte da edição e também as cores, dispostas em contraste entre os quadros da nave, em Hong Kong ou no exterior do hospital em Gotham. O flashback que mostra o encontro e o café da manhã de Capuz Vermelho e Robin Vermelho foi interessante de ler, embora eu me pergunte como isso se encaixa na história dos Foragidos, posto que eles estavam longe de Gotham, lidando com um monstro verde e outros seres meio sobrenaturais nas edições anteriores (se alguém souber a resposta de como esse encontro pode ter acontecido “a uns dois meses” como o Capuz afirma, fique à vontade para me explicar). O bacana mesmo é ver a reação do Capuz ao receber o pedido de socorro de Alfred, e claro, a vítima da Corte que ele e seus amigos escolhem salvar.

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Por fim, Asa Noturna #8 fecha o ciclo do prelúdio para a Noite das Corujas. Talvez seja uma blasfêmia para muitos, mas, para mim, tanto o roteiro de Kyle Higgins, os desenhos de Eddy Barrows e a arte-final de Eber Ferreira superam, e muito, as outras duas edições desse prelúdio. A visita que o roteiro faz ao passado de Gotham e essa exploração da árvore genealógica de Dick Grayson – que a cada mês vem me parecendo o herói com o passado mais sombrio e azarado da batfamília nessa nova fase – tem o poder de retomar as motivações da Corte (já sabemos de edições passadas que o próprio Grayson era escolhido para se tornar um Garra) e faz uma perfeita incursão do Asa Noturna na Noite das Corujas. A história não se fixa apenas nos eventos imediatos, mas se projeta para o futuro. Essas informações que hoje são necessárias para dar andamento aocrossover podem ser utilizadas futuramente para compor a história pessoal do próprio Grayson, que vem procurando resolver um mistério intricado e muito particular.

Um outro destaque dessa revista é a arte. Além da perfeita diagramação das páginas, a escolha acertada para a disposição dos quadros e as cores em sépia para o flashback, temos um dinamismo de imagem maravilhoso para as cenas do presente, em especial na ação do Asa Noturna na prefeitura da cidade. Pelo jeito, não é só o Batman que está encurralado e com um grande problema nas mãos já no início da noite.

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Sequência de eventos deste prelúdio

19h01 – Bruce Wayne conversa com Alfred. O primeiro ataque se inicia alguns minutos depois (Batman #8).

19h32 – Alfred faz o upload do material da Corte e minutos depois emite o chamado para a batfamília (Batman #8b – O Chamado).

19h40 – Capuz e seus amigos recebem o chamado de Alfred e decidem ajudar uma das vítimas da lista da Corte. (Capuz Vermelho e os Foragidos #8).

19h40* – Asa Noturna recebe o chamado de Alfred e parte para a prefeitura a afim de salvar o prefeito de Gotham. (Asa Notura #8).

* A minha edição diz que Dick Grayson (que estava no DPGC) recebeu o chamado de Alfred às 17h40, mas isso é completamente impossível, porque o chamado foi emitido pouco depois das 19h32. Creio que os leitores podem pensar em uma quantidade considerável de coisas que possam explicar o erro, então, não vou perder tempo listando-as aqui.

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As edições desse Prelúdio para a Noite das Corujas foram lançadas no Brasil pela editora Panini no mês de janeiro de 2013. Batman #8 está no mix Batman; e Asa Notura #8 e Capuz Vermelho e os Foragidos#8 estão no mix A Sombra do Batman.

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