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Crítica | Quarteto Fantástico – Marvel Mangaverso

por Ritter Fan
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estrelas 1

De forma intermitente entre os anos 2000 e 2006, a Marvel lançou uma série de publicações que, juntas, passaram a formar o que se convencionou chamar de Marvel Mangaverso (ou Terra-2301 para ser exato), ou seja, histórias de seus heróis mais conhecidos recriadas com traço e espírito de mangá. As publicações tomaram forma de duas sagas amplas e algumas publicações focadas em determinado personagem ou grupo de personagens, sendo talvez a mais bem sucedida delas a com o Homem-Aranha (A Lenda do Clã do Aranha).

No Brasil, essas histórias foram compiladas pela Panini em um mix periódico com treze números simplesmente intitulado Marvel Mangaverso, cujo segundo número trazia a história one-shot solo do Quarteto Fantástico. Essa história – e apenas essa – é objeto da presente crítica.

quarteto fantastico mangaverso capaNela, somos rapidamente apresentados ao Quarteto ainda sem seus poderes logo antes de uma missão potencialmente perigosa não só para os voluntários, como para toda a Terra, pelo perigo de se “rasgar o tecido do universo”. Essa ameaça só mencionada e jamais completamente explicada vem à fruição logo em seguida, depois de um brusco corte temporal que já coloca Reed Richards à frente de uma equipe para evitar ameaças ao nosso planeta (a apropriadamente intitulada Força de Metatalentos para Reação Megaescala). A partir de um estiloso Edifício Baxter, Richards organiza a defesa da Terra, com a ajuda de Alicia Masters e Agatha Harkness, tendo como operativos de campo Jonatha, Sioux e Benjamin, as duas primeiras meias-irmas. Apesar da mudança de sexo, os personagens são fundamentalmente os mesmos: Jonatha é uma mulher cabeça quente que, claro, tem o poder de entrar em ignição e lançar rajadas de plasma. Sioux (a pronúncia é igual a de “Sue”) conjura uma espécie de avatar invisível gigante e Benjamin (com pronúncia Ben-Ya-Min, como ele mesmo deixa muito claro) controla quaisquer elementos ao seu redor de maneira que eles formem uma gigantesca e poderosa carapaça. A referência aos animês japoneses é direta e absolutamente nada discreta, com os heróis exercendo seus poderes por intermédio de um exoesqueleto sem que fique completamente claro se são habilidades apenas aumentadas pela tecnologia ou completamente dependentes dela.

O inimigo não poderia ser mais objetivo: um ser metálico gigantesco (a versão mangá do Aniquilador) vindo da fenda interdimensional aberta no flashback do início da publicação (temos que deduzir que é isso, pois não há qualquer explicação) que voa como um cometa em direção a Nova York. Não há qualquer tentativa de se dar personalidade ou razão de ser ao vilão. É apenas mais um monstro atacando uma cidade, bem no estilo tokusatsu que nós acostumamos a ver vindo do Japão. Aqui, porém, a sensação de vazio é imensa, sem alma alguma. O vilão não é engajante e os heróis – especialmente a trinca de campo – é rasa como um pires. Somente Reed Richards tem algum semblante de profundidade, mas mesmo assim apenas para deixar claro que ele é a antítese do Reed Richard da Terra-616 (Universo Marvel normal). No lugar de alguém reservado, temos um chefe arrogante e que não para de falar bem de si mesmo; no lugar de marido dedicado (ainda que ausente), temos um homem mulherengo que dorme com todo mundo; no lugar de um cientista, temos um líder militar que só sabe dar ordens. Ele tem até rabo-de-cavalo para mostrar sua rebeldia! É tão óbvio que é impossível não revirar os olhos para o roteiro bobo de Adam Warren.

A arte não tem melhor sorte, apesar de ser bonita. O grande problema é que, assim como filmes com muitos efeitos especiais, todas as sequências de ação são escurecidas, sombrias e isso nem necessidade dramática nenhuma. É como assistir a um filme de Zack Snyder em quadrinhos (e não, isso não é um elogio)… Também muito semelhante à Homem de Aço de Snyder, a pancadaria come solta do começo ao fim, com destruição em massa da cidade sem qualquer tipo de remorso ou abordagem do massacre acontecendo ao redor. Sim, em determinado ponto do roteiro alguém diz que os setores afetados da cidade foram evacuados, mas isso somente demonstra como o roteiro é simplista ao extremo ao fazer a população quase inteira de Nova York ser teletransportada (minhas palavras, não as de Warren, que nem tenta oferecer explicações) para outro local incerto e não sabido.

Se há um ponto positivo na arte, esse fica na recriação do Coisa. Enquanto a Mulher-Invisível e a Tocha Humana não apresentam nada de realmente novo em termos de design, o monstrengo laranja é, sem dúvida, interessante, por poder utilizar a própria destruição causada em seu favor já que ele simplesmente passa a ser “feito” de qualquer material a seu redor, sejam pedras, placas de concreto, vigas de aço e assim por diante. Há uma ideia boa ali, mas que acaba sendo muito executada e que fica perdida em meio à tanta bobagem.

Apesar do Marvel Mangaverso ser em grande parte interessante e o Quarteto Fantástico inserido nas histórias maiores funcionar, sua revista solo falha fragorosamente. No final das contas, se existe um aspecto realmente bom desse one-shot é que ele é curtinho, de apenas 25 páginas…

Quarteto Fantástico – Marvel Mangaverso (Marvel Mangaverse: Fantastic Four, EUA – 2002)
Roteiro: Adam Warren
Arte: Keron Grant
Arte-final: Rob Stull
Cores: Chris Walker
Letras: Richard Starkings
Editora (nos EUA): Marvel Comics
Data original de publicação: março de 2002
Editora (no Brasil): Panini Comics
Data de publicação no Brasil: setembro de 2002 (em Marvel Mangaverso #2)
Páginas: 25

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