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Crítica | Repulsa ao Sexo

por Filipe Monteiro
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Muito antes de ser considerado um expoente da sétima arte como hoje o é, Roman Polanski já construía uma sólida carreira assinando uma gama de curtas poloneses bem respeitados. O diretor só daria um passo um pouco maior em 1962, ano em que lançou seu primeiro longa-metragem: A Faca na Água indicado ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira no ano seguinte. Pouco tempo depois, em 1965, estreava a primeira produção em língua inglesa de Roman Polanski. Repulsa ao Sexo seria o ponto de partida de uma das mais famosas trilogias do cinema moderno: a trilogia dos apartamentos.

O filme traz as marcas estilísticas típicas das produções de Polanski. Assim, acompanhamos uma Catherine Deneuve em sua mais profunda e plácida agonia interpretando a protagonista Carol Ledoux. A trama posiciona em torno dos dilemas psicológicos de uma jovem que reserva forte repugnância ao sexo e a tudo que engloba o tema. Por isso, assistimos às dificuldades de Carol em lidar com homens e o consequente enclausuramento no apartamento onde mora com a irmã e o cunhado. Os problemas começam, e também o eixo central do longa, quando os colegas de apartamento de Carol partem em uma viagem de férias e a jovem se depara com uma paranóica solidão.

Assim como grande parte das obras de Polanski, a presença da sexualidade, não como elemento sensual, mas sobretudo como algo a ser desconstruído e transportado a conotações mais introspectivas é o fio condutor de Repulsa ao Sexo. A neurose de Carol é construída gradualmente ao longo do filme e, de súbito, acessamos o imaginário da jovem e de sua realidade abordada em uma visceral narrativa. Catherine Deneuve, para além de ser uma das belíssimas atrizes em pauta na época, revela-se uma feliz escolha para viver a personagem central. A fragilidade da moça é essencial para que a mensagem de Polanski nos toque.

O filme se apresenta um pouco inconsistente em alguns momentos. Falta liga ao roteiro, mas nada que possa prejudicar fortemente o resultado final da obra. A grande contribuição de Repulsa ao Sexo reside no pensamento vanguardista de Polanski, na bela fotografia que, somada à construção artística, eleva a estética do longa a patamares invejáveis. Ademais, Repulsa ao Sexo alicerça uma bela carreira que viria a atingir o auge com os inesquecíveis O Bebê de Rosemary (1968) e Chinatown (1974).

Repulsa ao Sexo (Repulsion – EUA, 1965)
Direção: 
Roman Polanski.
Roteiro: Roman Polanski.
Elenco: Catharine Deneuve, Ian Hendry, John Fraser, Yvonne Furneaux, Patrick Wymark, Renee Houston.
Duração: 105 min.

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